Valeria a pena o novo presidente do Clube dos Prefeitos do Grande ABC, José Auricchio Júnior, de São Caetano, solicitar dos demais chefes de governos municipais a convocação dos respectivos secretários de Desenvolvimento Econômico para discutir a situação da região nestes tempos em que a vaca da indústria automotiva pode não estar indo para o brejo, mas já não pasta nos verdes campos do consumismo desenfreado?
É claro que valerá a pena. É claro que sim.
Para começo de conversa, José Auricchio sinaliza com uma pauta regional explícita e providencial quando, até então, parecia enveredar por caminhos tortuosos de Educação, Transporte e Saúde, temários que podem e são importantes, mas não estão na ordem do dia.
Posso estar enganado, talvez até esteja, mas seria esta a primeira vez na história que secretários de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC se sentariam à mesma mesa para debater problemas em comum, porque a crise coloca todo mundo no mesmo saco.
Espera-se que nem um nem outro se ausente (há gramáticos que sugerem “nem um nem outro se ausentem”, no plural), porque aí seria o cúmulo do descaso.
Agora, esperar que esse encontro seja um divisor de águas para a economia do Grande ABC e que, portanto, nadaremos de braçadas contra a recessão que arrombou as portas do País, é acreditar em Papai Noel.
(Vejam, a propósito, um trecho do texto que escrevi para este blog sob o título “Malemolência Regional”, em 14 de setembro de 2007: “O Clube dos Prefeitos com que sonho não pode se deixar levar pelas circunstâncias de demandas. Haveria de ter o Clube dos Prefeitos planejamento estratégico com suporte da comunidade mais pensante da região (…) em conjunto com prefeitos e secretários municipais, e também com o respaldo de consultoria especializada em competitividade)
Não temos massa crítica para mudar os rumos da macroeconomia globalizada. Teremos baixíssima influência nas mudanças indispensáveis no quadro regional, nacional e internacional.
Mas mesmo assim o encontro vale a pena porque, quem sabe, algumas escolhas saltem aos olhos de todos e, mesmo que a disputa dos 100 metros rasos de emergências que estão aí não seja minimamente competitiva, poderemos nos organizar para maratonas.
Aliás, se tivéssemos pensado coletivamente há muito mais tempo, há mais tempo também estaríamos disputando uma maratona que nos daria mais fôlego e alternativas para a prova de 100 metros rasos de agora.
O problema da institucionalidade do Grande ABC, que passa obrigatoriamente pelo Clube dos Prefeitos, instância criada em 1990, é que jamais ninguém levou a sério um convite ou uma convocatória como a que José Auricchio Júnior formulou ao tomar posse.
O momento de pânico que atinge em cheio a administração pública municipal, dependente em larga escala de repasses do governo estadual e, complementarmente, do governo federal, ajuda a aproximar os diferentes.
Estamos todos no mesmo barco automotivo que aderna após longa temporada de sucesso de público e bilheteria.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional