O sindicalismo do Grande ABC, especificamente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e, mais focadamente ainda dos metalúrgicos sob inspiração de Lula da Silva, dá novos sinais de maturidade. Depois de abusar nas reivindicações nos anos 1980 e de comer o pão que o diabo amassou durante o governo Fernando Henrique Cardoso, prepara-se para ressurgir como força institucional além-fronteiras corporativas.
Os agentes econômicos empresariais não poderiam deixar passar em branco essa iniciativa. Mais que isso: deveriam engrossar a massa crítica de suporte e compartilhamento de ações.
Resta saber se dirigentes empresariais da região estão prontos para juntar-se aos sindicalistas numa empreitada que só tomará a forma de excessos partidários e ideológicos se houver desequilíbrio ou egoísmo entre os participantes.
Trata-se do seguinte: os metalúrgicos liderados pela base de São Bernardo, fortemente influenciada pelo setor automotivo e pela administração Luiz Marinho, querem que o governo do Estado deixe o muro do voyeurismo e seja igualmente protagonista da ressurreição da Câmara Regional.
A Câmara Regional é uma das instâncias criadas em meados dos anos 1990 que contaram com a inspiração do então prefeito de Santo André, Celso Daniel e fiéis escudeiros, muitos dos quais, agora, espalhados por prefeituras petistas da região, sobretudo São Bernardo.
À época, Celso Daniel e o governador Mário Covas mantinham proximidade suficiente para orquestrar modelo de parceria de planejamento, de projetos e de decisões.
Lamentavelmente, mesmo antes da morte de Mário Covas e de Celso Daniel a Câmara Regional virou ficção. Divisionismo partidário e excessos de ego contrapuseram à unidade pretendia. Sem contar que se organizou uma agenda tão monstruosamente megalomaníaca quanto inviável, porque provocou refluxo no entusiasmo de quem se deixou soterrar pelas dificuldades operacionais que subiram o andar de complicações pelo elevador, enquanto o engajamento pragmático mal alcançou as escadas.
Gente sem o menor senso do ridículo e sem o mínimo conhecimento regional andou propagandeando nos últimos anos desempenho de uma inexistente agenda da Câmara Regional na tentativa de justificar ação institucional que há muito virou pó no Grande ABC. A Câmara Regional surgiu sob o signo da interatividade entre agentes públicos, privados e sociais. Não passou de blefe. Quando reproduzirmos no site de CapitalSocial (em fase de preparação) as matérias que publicamos ao longo dos anos sobre a Câmara Regional, os leitores terão a dimensão de tudo isso.
Agora os metalúrgicos ligados ao Partido dos Trabalhadores querem retomar os melhores momentos daquela trajetória interrompida. Sem o governo do Estado e seus secretários, tudo fica mais difícil. O comprometimento do principal dirigente político do Estado e do respectivo secretariado, conforme prevê o estatuto, só é menos importante que a adesão informal mas essencial do governo federal.
Se do governo Lula da Silva se pode esperar tudo, ou quase tudo, quando se trata de questões do Grande ABC e, principalmente, de Luiz Marinho, de Serra há a expectativa de que as eleições presidenciais do ano que vem o tornarão mais suscetível a percorrer um terreno dividido entre tucanos e petistas.
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28/11/2024 CLUBE DOS PREFEITOS VAI VIRAR PANELINHA