Da inação disfarçada de reconstrução em período eleitoral improdutivo, caso do ano passado, a institucionalidade do Grande ABC corre o risco de ingressar na areia movediça da afobação em período de abertura da temporada de nova gestão pública em janeiro.
Nada pior como resposta aos tempos bravios de agora, menos bravios do que imaginavam e até comemoravam os oposicionistas do governo Lula da Silva, de olho nas eleições do ano que vem. Em contraposição, estes tempos também estão longe da marolinha projetada pelo ex-torneiro mecânico ouvido nos primórdios dos estragos do sub-prime no front norte-americano.
Por mais que seja perdoável que após a escassez se tenha surto de abundância, o bom senso indica que a calibragem é o melhor remédio, até porque, como se sabe, quando se erra na dose o que é salvador pode se tornar mortal.
Querem ver como o açodamento prevalece?
O Clube dos Prefeitos está convocando os secretários de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC para ação conjunta à aplicação de políticas no combate à crise internacional que afeta os indicadores econômicos e sociais da região. Os sindicatos de metalúrgicos anunciam que vão procurar o governador José Serra para trazê-lo de volta ao cooperativismo de planejamento à mais que moribunda, à já falecida Câmara Regional. Secretários municipais anunciam isoladamente medidas de contenção dos impactos da crise nos respectivos territórios, reduzindo a força e a repercussão de iniciativas conjuntas.
Notaram que há sobreposição que poderia também ser entendida como afobação institucional do Grande ABC?
A proposta de José Auricchio agora à frente do Clube dos Prefeitos é racionalmente a mais compatível com o espírito de regionalidade, com a proximidade com o governador do Estado e também com a hierarquia institucional.
O convite para José Serra e secretariado voltarem a compor a Câmara Regional, importante instância da árvore genealógica da integração dos anos 1990, poderia ter partido do prefeito de São Caetano. Mas foram os metalúrgicos que o fizeram. Os representantes dos trabalhadores poderiam ter assegurado a autoria da iniciativa sem atropelar o Clube dos Prefeitos. A solicitação chegaria ainda mais consistente ao governador.
Talvez a melhor sugestão neste momento seja o Clube dos Prefeitos reunir-se virtualmente sob uma coordenação desembaraçada e prospectiva para deliberações que não podem esperar, passando-se em seguida para encontros presenciais, quem sabe com representantes de outros espectros sociais e econômicos.
Desta feita, como se observa, o Grande ABC parece reunir um grupo disposto até em excesso para jogar o jogo de propostas e resoluções. O preço de eventuais caneladas diplomáticas pode colocar tudo a perder. O quadro nacional e internacional não abre espaço para barbeiragens, mas mesmo assim ainda é preferível essa nova realidade, sempre possível de superações, do que a pasmaceira demarcatória do período pós-morte de Celso Daniel.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional