Regionalidade

Guru de Celso Daniel responde a
19 questões em Entrevista Especial

DANIEL LIMA - 19/03/2010

Na próxima segunda-feira este site vai publicar uma Entrevista Especial com Jeroen Klink. Quem é Jeroen Klink, perguntaria o leitor? É um dos maiores especialistas em regionalidade e em metropolização.


Jeroen Klink é alguém tão importante que Celso Daniel o convocou para assessorá-lo na Prefeitura de Santo André. Assessorá-lo, no caso, deve ser entendido em toda a extensão da função. Jeroen Klink foi secretário de Desenvolvimento Econômico com atuação abrangente. Holandês de nascimento, brasileiro de coração, esse atual vice-reitor da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) só não é reconhecido nas ruas, só não dá autógrafos, só não está na telinha das melhores emissoras de TV do Brasil, porque, todos sabem, somos um país de periferia quando se trata de regionalidade e metropolização.


Jeroen Klink e Celso Daniel estavam anos-luz à frente de curiosos que desapareceram do mapa de potenciais defensores de um mundo metropolitano mais equilibrado socialmente. E serviram de referências para quem se encantou com seus discursos e práticas e se jogaram de mala e cuia num aprendizado permanente.


Não sou da turma de neófitos que naufragaram nem de aprendizes que se tornaram especialistas em regionalidade e em metropolização. Diria que estava, em meados daqueles anos 1990, entre um grupo e outro de discípulos de Celso Daniel e de Jeroen Klink. Como não sou de abandonar a luta, acredito que atingi nível suficiente para dar conta do recado de disseminar conceitos de regionalidade e de metropolização.


As perguntas que se seguem foram preparadas por este jornalista e respondidas por Jeroen Klink. As respostas poderão ser avidamente consumidas a partir de segunda-feira.


Estava esquecendo — e esse recado é para quem insiste em errar a pronúncia do nome do especialista que ouvimos. Quando se referirem a Jeroen Klink, basta dizer Jerun Klink. Simples, não? Difícil e desafiadora são sua especialidade. Tudo seria diferente se a mídia verde-amarela não fosse tão relapsa com o destino dos grandes municípios e regiões. Mas isso é outra história.


Às perguntas, então.


Pergunta – Defendemos que, nas regiões metropolitanas oficiais ou de fato, o bom gerenciador público não pode mirar apenas os limites do próprio território. Entendemos que até mesmo a expressão “prefeito municipal” está desatualizada, frente à realidade, e que o mais adequado é considerá-lo gestor metropolitano. Há exagero?


Pergunta – A agenda do governo federal e a agenda do governo do Estado de São Paulo não comportam o disciplinamento e o planejamento de regiões metropolitanas. Não há políticas específicas que ofereçam respaldo a medidas que influenciem sinergicamente os municípios. Qual é a saída para sensibilizar as autoridades mais graduadas?


Pergunta – Muito se fala sobre o Consórcio de Prefeitos do Grande ABC, mas o tempo tem provado que as resoluções estão aquém das demandas econômicas e sociais. Há algum exemplo nacional de instituição metropolitana que de fato tem um conjunto de obras em que as demais possam dirigir os olhos?


Pergunta – O modelo funcional do Consórcio de Prefeitos do Grande ABC, no qual prevalece a rotatividade presidencial, favorece o afrouxamento dos demais chefes de Executivo que exercem apenas cargo de expectativa? A experiência do Grande ABC mostra o presidente de plantão atuando com vigor, mas os demais prefeitos longe do mesmo ritmo. Não seria mais prático que os prefeitos compusessem espécie de Conselho de Administração e os cargos executivos fossem entregues a especialistas em regionalidade e em metropolização?


Pergunta – Especialistas em metropolização defendem a definição de alguns pontos prioritários para aplicação de ações estratégicas de modo que as respostas não sejam demoradas e, a partir daí, abririam espaço à inclusão de novas medidas. Como é possível conscientizar o gestor público sobre a lógica de que prioridades demais significam não haver prioridade alguma?


Pergunta – Entre os pontos prioritários de metropolização, há temáticas pré-definidas que precisariam ser atacadas sob pena de os resultados não atingirem a representatividade necessária ou cada Município ou região deve ser analisado para definição da pauta de medidas?


Pergunta – É exagero afirmar que qualquer plano de atuação para colocar ordem numa região metropolitana tem de contar com o marco zero de um banco de dados múltiplos igualmente metropolitano?


Pergunta – Faltam especialistas em metropolização no Brasil? As escolas de Administração Pública têm pedagogia metropolitana?


Pergunta – Projetos preparados para uma determinada região metropolitana, ou para um Município incrustado numa determinada região metropolitana, podem ser replicados em outros endereços.


Pergunta – Entre os prefeitos brasileiros, quem mais está preparado para assimilar e aplicar a metropolização de ações?


Pergunta – Você também considera Celso Daniel a maior expressão histórica deste País como exemplo de inquietação metropolitana?


Pergunta – Estamos estáticos ou recuamos depois da morte de Celso Daniel? O Brasil perdeu a embocadura à metropolização?


Pergunta – Se fosse possível estabelecer grau de diferença entre o que se aplica de fato sob o conceito de metropolização no Brasil e o que outras praças internacionais oferecem, em que estágio estaríamos?


Pergunta – Há um modelo de academia internacional que deveria servir de farol para quem leva a sério questões metropolitanas?


Pergunta – Há vários modelos aplicáveis à integração de medidas metropolitanas, como a possibilidade de aproximar apenas os municípios diretamente relacionados às intervenções que precisam ser realizadas ou expandir o número de acordo com a abrangência dos problemas? Observar a metropolização sob o ângulo da fragmentação seletiva quebra o espírito associativista geral?


Pergunta – Fosse consultado sobre as vantagens e os riscos de um Município ou região depender de uma determinada atividade econômica como carro-chefe do desenvolvimento econômico e social, qual seria a sua resposta?


Pergunta – Estaremos mais bem preparados e amadurecidos para entender o significado de gestão metropolitana quando a mídia registrar com certa abundância essa expressão em vez de centrar fogo em ações municipalistas?


Pergunta – Você também faz parte do exército de críticos da mídia que lamentam que o noticiário seja muito mais caudaloso tendo Brasília como base de operações em vez das áreas metropolitanas?


Pergunta – Agrada-lhe a ideia, proposta por um especialista em finanças públicas, de criar-se algo como o Estado da Grande São Paulo como forma de administrar um dos maiores conglomerados humanos do planeta?


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