O Conselho Editorial que será reativado a partir do retorno deste jornalista ao comando da revista LivreMercado vai ser retratado em vários pontos na edição de janeiro, quando a publicação voltará a circular com compromissos dos 19 anos em que estive à frente desse que foi o projeto mais vitorioso do jornalismo regional — quando se entende jornalismo como legado cultural e de comprometimento com a sociedade. Preparei e despachei a todos os conselheiros uma pesquisa que vai esculpir o perfil do conjunto de profissionais de diferentes atividades e setores que representam a sociedade do Grande ABC, principalmente o que chamaria de classe média, a quem se destina a leitura de LivreMercado.
Não sei o que poderá resultar da pesquisa. Pelo menos quatro dezenas de respostas já chegaram. Acredito que pelo menos outro tanto desembarcará.
É muito provável que o quadro de conselheiros seja drasticamente reduzido por conta das derrapagens de Walter Sebastião dos Santos, o aventureiro que adquiriu a marca LivreMercado.
Como também andei pecando lá atrás ao permitir o acesso de conselheiros sem mecanismos de controle, a oportunidade que se apresenta é valiosa. LivreMercado voltará a circular com um quadro de colaboradores reoxigenado, obrigando-se também, como publicação, a aperfeiçoar-se permanentemente. Quanto mais exigente e prospectivo o Conselho Editorial se tornar, mais a publicação se dedicará a fugir da mesmice.
Não quero ir longe demais nas perspectivas que o novo Conselho Editorial enseja nestes momentos que antecedem a retomada de LivreMercado. Entretanto, pelas manifestações recebidas e pelo conjunto de avaliações da situação econômica e social no Grande ABC, tenho certa impressão de que não está fora de órbita cidadã a possibilidade de algo derivar desse agrupamento de pessoas que parecem ávidas por colaborar além-revista.
O que quero dizer com isso? Tudo. Ou nada. Sei lá se não é possível reformatar uma organização social que seja portentosamente voltada à reflexão da regionalidade interrompida, se assim pode ser rotulada uma ação de integração regional lançada nos anos 1990 mas que não passou de ensaios. Uma iniciativa que em nada, mesmo que tangencialmente, lembre o Fórum da Cidadania, de momentos de glória e fracasso que cansamos de acompanhar. Uma entidade inédita que, por ora, prefiro reservar apenas um espaço especulativo, que não passará destes últimos parágrafos.
Não antecipo absolutamente nada do que já coleciono de respostas dos conselheiros editoriais porque não pretendo viciar o processo de escolha das alternativas. Foram colocadas à análise 19 questões, sobre as quais homens e mulheres que ocupam espaços preciosos de relacionamento social na região se debruçam com grande interesse. As questões vão desde a preferência por veículos de comunicação impressa da região e da Capital até o comportamento individual diante dos avanços tecnológicos na área de informação jornalística.
É tão importante rastrear insumos que estão dispersos em meio a dezenas de profissionais que atuam no Grande ABC, compactando-os e tornando-os massa crítica para análises, que estamos abrindo as porteiras a novas investigações.
Isso quer dizer o seguinte: vamos intensificar junto aos conselheiros a abordagem de questões que, respondidas, fornecerão o acabamento de uma cultura sempre em construção. Mais que isso: teremos também a possibilidade de, utilizando-se dessa arma poderosíssima que é a tecnologia da informação, detectar quase que em tempo real eventuais tendências que determinadas temáticas ensejam.
Lembro que o que estamos a deflagrar é um processo de aperfeiçoamento da relação com os conselheiros editoriais. Trata-se de algo inédito que encetamos já há bastante tempo no jornalismo brasileiro. Na maioria dos casos, os veículos de comunicação estão completamente fora do receituário constitucional de liberdade de expressão e de liberdade de opinião ao esterilizarem declarações de quem possa contrariar múltiplos interesses. São, na maioria dos casos, usurpadores da constitucionalidade.
Quando das eleições municipais de 2008 — é bom voltar ao passado para provar que o intercâmbio com o Conselho Editorial tem raízes profundas — lançamos uma pesquisa com os conselheiros para captar a sensibilidade individual e coletiva dos resultados às prefeituras locais.
O material foi publicado numa edição especial daquela disputa eleitoral. Salvo engano, um terço dos conselheiros não se furtou a emitir opinião sobre os prováveis resultados. O que não se caracterizou como decisão simples porque acabaram por se expor voluntariamente ao conjunto da sociedade. Já no caso da pesquisa em execução, a identidade de cada conselheiro será preservada em meu computador de uso profissional, vedado a terceiros.
Como se observa, a edição de relançamento de LivreMercado terá pelo menos uma grande atração aos leitores. São tantas as vantagens de contar com um Conselho Editorial que só consigo entender a relutância de jornais e revistas locais e nacionais em resistirem à proposta por conta de tudo que não tenha relacionamento de fato com jornalismo.
Não é a toa que deixei de herança para o Diário do Grande ABC um Conselho Editorial de 101 nomes prestigiosos e, quando me chutaram da direção de redação por conta de um plano maquiavélico que passou por uma sentença judicial, os conselheiros foram igualmente chutados para fora das páginas daquela publicação.
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