Os leitores deste CapitalSocial vão conhecer nesta sexta-feira a lista dos cinco fatos mais positivos e mais negativos que envolveram o Grande ABC na primeira década deste século. Os conselheiros editoriais da revista LivreMercado decidiram nos últimos dias quais entre os 17 fatos positivos e os 17 fatos negativos listados são os mais importantes e que, por isso, estão no segundo turno de definições.
Conheceremos até a próxima semana a ordem de importância ditada pelo conjunto dos conselheiros. Não necessariamente é a ordem de grandeza deste jornalista, porque uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Ou seja: nem tudo o que o Conselho Editorial qualifica coletivamente é o que entendo como mais apropriado. Da mesma forma que o resultado do Conselho Editorial diverge individualmente dos próprios conselheiros que o compõem. O que vale no final para efeitos de posicionamento público é a força do conjunto sobre as individualidades.
A diferença entre o que um e outro conselheiro pensa e o que pensa o conjunto dos conselheiros em relação ao que pensa este jornalista é que quando se adotam pautas jornalísticas o posicionamento da publicação poderá divergir do posicionamento dos conselheiros.
A própria denominação diz tudo. Trata-se de Conselho Editorial, não Conselho Deliberativo.
Na maioria dos casos há sinergia intensa entre conselheiros e diretor de redação da publicação. Em outros, prevalecem divergências, saudáveis divergências. Como os fatos não são estáticos, sujeitos que estão a chuvas e tempestades, nem sempre o coletivo é capaz de detectar mudanças.
Querem um exemplo de que entrechoques fazem parte do jogo?
Se colocar em votação enunciados do caso Celso Daniel, construindo três cenários diferentes, um sobre a imbricação do crime e supostas propinas na então Prefeitura petista de Santo André, outro sobre a absoluta autonomia dos fatos, e um terceiro sobre teoria conspiratória, imputando a terceiros a autoria do assassinato, certamente a maioria dos conselheiros editoriais vai optar pelo crime vinculado à corrupção, porque é assim que o mundo inteiro enxerga o acontecimento após o bombardeio sincronizado da quase totalidade da mídia.
Tenho consciência disso mas nem por isso abdiquei da sustentação da tese de crime ocasional. Longe de mim desprezo ao coletivo massacrante. Perto de mim a consciência tranquila de que, sem compromisso com quem quer que seja, fui à fundo nas entrevistas e reuni informações pretéritas ao assassinato que me asseguram convicção de que se politizou a questão.
Nem dou bola a leitores antipetistas que escrevem me condenando, atribuindo partidarismo. Pura besteira, porque, entre outros fatos que me marcam contrários às políticas petistas, e que me levam a ser execrado pelos vermelhinhos, está a fantasia regional chamada Universidade Federal do Grande ABC. Sobre a qual cansei de escrever. E que voltarei a escrever enquanto a diagramação adotada prevalecer.
O que mostra o distanciamento de avaliação de um caso tão rumoroso? Significa que os conselheiros fazem parte da comunidade, recebem e consomem informações que vão muito além das páginas de LivreMercado e de CapitalSocial e que, portanto, gozam de livre-arbítrio para expressarem ideias.
Vou dar outro exemplo de que a separação entre a posição do diretor de redação e do Conselho Editorial de LivreMercado não é objeto de negação da representatividade dos formadores de opinião nem de arbitrariedade do jornalista, mas apenas eventual muro a separar a legitimidade de um e a legitimidade de outro.
Trata-se do ranking que resultará da votação dos cinco fatos mais positivos e dos cinco fatos mais negativos da primeira década deste século no Grande ABC. Quem garante que os eixos sobre os quais procuro movimentar as peças do tabuleiro de pautas de LivreMercado e de CapitalSocial serão sincronizadamente os eixos que nortearão a maioria dos conselheiros editoriais? Mas isso, repito, não carrega nenhum gene de esquizofrenia. O resultado do exame é outro: democracia da informação.
O que posso antecipar sobre a lista dos fatos mais positivos e mais negativos do Grande ABC neste século é que os leitores terão a oportunidade de entender um pouco mais da realidade regional, porque cardápio é farto.
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