Chamo a atenção do leitor para uma declaração que coloco em seguida. Quem terá sido o autor? É muito provável que a maioria acabe por não apontar a alternativa certa, porque lhe parecerá mais apropriada.
"Eu adoro terreno, mulher e futebol. São três coisas boas. Mas não pode publicar em que ordem ou minha mulher me mata!".
Diga, diga leitor, quem é o autor da declaração?
Jece Valadão nos bons tempos em que cultuava a fama de cafajeste que o cinema brasileiro lhe entregou de bandeja e da qual jamais se desvencilhou, até porque sempre lhe rendeu muito marketing.
Odorico Paraguaçu, personagem de O Bom Amado, um dos sucessos mais retumbantes da Rede Globo de Televisão.
Silvio Berlusconi, até outro dia primeiro-ministro da Itália, cujas peripécias sexuais levaram os mais sarcásticos colunistas de humor refinado a produzir corruptelas com seu sobrenome.
John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, conhecido pela voracidade sexual que o colocou inclusive na cena especulativa da morte da deslumbrante Marilyn Monroe.
Giacomo Casanova, cultivador de uma vida apaixonante. Debochado, libertino, colecionador de mulheres, escroque e conquistador empedernido que percorria os bordéis de Londres todas as noites para ter relações com mais de 60 meretrizes.
Oscar Maroni Filho, dono do Bahamas Night Club, considerada a mais famosa casa de lazer sexual de São Paulo, interditado pela administração Gilberto Kassab.
Milton Bigucci, presidente da Associação dos Construtores do Grande ABC e comandante do conglomerado imobiliário MBigucci.
Identificando o autor
Sem esticamentos inúteis, o titular absoluto da frase é Milton Bigucci. Para alguém que na ação judicial movida contra este jornalista se disse "detentor de família constituída, é pai de quatro filhos, avô amoroso de oito netos, nada havendo que possa desabonar a sua figura, razão pela qual causa surpresa as condutas do réu e forte abalo à sua honra o que causa intenso sofrimento", convenhamos que aquela declaração é autocondenatória.
Quem descobriu essa pérola de permissividade comportamental foi o advogado
A declaração abrasivamente sexualizada de Milton Bigucci foi publicada na revista Minha Casa, Meu Imóvel de julho do ano passado. São palavras textuais do entrevistado. Não foi este jornalista ou qualquer outro que tentou lhe imputar tamanha libertinagem vocabular. Até porque, este jornalista não se envolve jamais com a vida privada de quem quer que seja. Diferentemente do que Milton Bigucci procura introduzir na Justiça para impor o autoritatismo de quem não suporta o contraditório.
Por que dar vez ao contraditório -- deve raciocinar assim Milton Bigucci -- se há uma leva de publicações a lhe embalar o ego, a lhe estender o tapete sem o menor senso crítico? Gente que pensa que faz jornalismo mas que, lá na frente, terá contas a prestar à sociedade.
Repetindo: só estamos repassando aos leitores os rescaldos de uma ação completamente despropositada porque o advogado
Tanto é verdade que duvido que os leitores que desconhecem as diferenças que separam este jornalista e o empresário de São Bernardo admitiriam escolher autoria que não fosse qualquer uma, menos Milton Bigucci. Pelo menos porque, se realmente é tão efetivo nas três áreas mencionadas, está longe de arranhar a fama de conquistadores dos demais competidores.
Mesmo com a exposição das eventuais vísceras psíquicas do empresário e suposto líder setorial, este jornalista não admite meter-se na vida pessoal dele, porque da vida pessoal de quem quer que seja deve se envolver apenas o respectivo dono. Jamais perdi tempo a vasculhar eventuais contorcionismos pessoais de gente que ocupa cargo de algum interesse social, como Milton Bigucci.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!