A quatro rodadas do final da fase classificatória da Série A do Campeonato Paulista o São Caetano conseguiu o que parecia impossível: entrou mesmo que provisoriamente na lista de ameaçados de rebaixamento. Um castigo depois de perder em casa para um Grêmio Catanduvense que até então havia superado apenas um adversário em 14 jogos. Na Série B a esperada classificação do São Bernardo entre os oito finalistas foi confirmada numa vitória que, horas depois, com a combinação de resultados, se tornou desnecessária, ante o União. Já o Saged, ex-Ramalhão, perdeu no interior para um União São João já rebaixado à Série C Paulista, mas provavelmente turbinado pela mala branca de equipes que lutam para não cair.
Com apenas 35,6% de aproveitamento no campeonato (16 pontos em 45 disputados, com apenas três vitórias) e há oito jogos sem vencer, o São Caetano está ameaçado pelo rebaixamento também por conta da tabela de jogos: dos quatro compromissos que restam, terá apenas o mando ante um indigesto Santos. Os outros três jogos vão ser carne de pescoço, porque dois envolvem equipes que procuram fugir da queda e uma que busca uma das vagas no G-8: Botafogo
Como a Série A do Campeonato Paulista é massacrantemente dominada pelos quatro grandes clubes, que só conheceram uma derrota para os demais (mesmo assim dos reservas do Santos ante o Mogi Mirim) é até possível que mesmo sem ganhar nenhum dos 12 pontos em jogo o São Caetano mantenha-se fora do rebaixamento. Mas é melhor não facilitar. Ganhar pelo menos três pontos, os três pontos mais fáceis da temporada que o Catanduvense lhe ofereceu, significará a redução do tamanho do susto.
A projeção atual de pontos para seguir na Série A Paulista no ano que vem indica que 17 (ou 29,82% de aproveitamento) seriam suficientes. O Grêmio Catanduvense tem 13 pontos e índice de 28,9%, situação que o coloca como primeira equipe fora do agrupamento de degola. Mas como esse índice é variável e em todo o histórico da Série A jamais a linha de corte se fixou abaixo de 18 pontos ganhos, ao São Caetano resta mesmo sair da turbulência que envolve equipes fora da zona de rebaixamento mas sujeitas à contaminação.
O derrota de sábado no Estádio Anacleto Campanella confirmou o quadro de sistemática instabilidade tática e técnica do time dirigido por um apático Márcio Araújo. Faltou quase tudo ao São Caetano. Não há como contestar o resultado final, exceto por um pênalti não marcado no último minuto, quando um zagueiro do Catanduvense desviou com o pulso uma bola que tinha direção do gol.
Um resumo da atuação do São Caetano reuniria porções generosas de apatia, baixa agressividade na marcação e desleixo ofensivo. O gol do Catanduvense prova isso: uma bola roubada no meio de campo foi lançada ao veterano Luiz Mário, desgarrado às costas dos zagueiros adiantados, e o da direita cruzamento na pequena área encontrou um atacante, Samuel, livre de marcação.
O que mais causa surpresa no São Caetano é a postura do técnico Márcio Araújo: ele acompanha praticamente mudo o desenrolar dos jogos à beira do gramado, demora para fazer alterações e quando o faz geralmente se atrapalha. Nas últimas entrevistas, então, tem se esmerado em justificar os resultados com a alegação de que está preparando a equipe para a Série B do Campeonato Brasileiro. Outros treinadores de equipes médias tiveram o mesmo período para preparação do grupo de jogadores e os resultados coletivos são bem melhores. No jogo de sábado, apenas Geovane e Augusto Recife atuaram no nível desejado. Coletivamente o São Caetano foi um desastre.
Saged complicado
Já a derrota do Saged para o União São João, em Araras, colocou a equipe a um passo do rebaixamento à Terceira Divisão. Matematicamente apenas o União São João está rebaixado. Na rodada final de sábado as outras três vagas atemorizam América de Rio Preto (16 pontos, quatro vitórias e jogo fora de casa com o Monte Azul), Rio Preto (18 pontos, cinco vitórias e jogo em casa contra o Velo Clube), Santacruzense (19 pontos, quatro vitórias e jogo fora de casa com o líder Audax), Santo André (19 pontos, quatro vitórias e jogo em casa com o já classificado União Barbarense), São José (20 pontos, cinco vitórias e jogo em casa com o já classificado Penapolense), Palmeiras B (20 pontos, cinco vitórias e jogo no Estádio Primeiro de Maio com o São Bernardo já classificado), São Carlos (21 pontos, cinco vitórias e jogo fora de casa com o já classificado Atlético Sorocaba) e Rio Claro (22 pontos, cinco vitórias e jogo com o desclassificado Grêmio Barueri fora de casa).
É tudo isso mesmo: são oito equipes com possibilidades de ocupar as três últimas colocações e o rebaixamento à Série C. A situação do Saged é menos complexa do que parece: basta vencer o União Barbarense no Estádio Bruno Daniel por um placar pelo menos igual ao de improvável vitória do Santacruzense fora de casa ante o Audax, porque no critério de saldo de gols tem cinco negativos contra seis da equipe do Interior. Qualquer outro resultado do Saged poderá ser desastroso. Um empate poderá levar a equipe ao descenso, mesmo que todos os demais resultados sejam interessantes, menos uma provável vitória do Rio Preto ante o Velo,
Que aproveitamento!
O São Bernardo está classificado à fase final juntamente com Audax, Red Bull, Atlético Sorocaba, Ferroviária, Penapolense, Noroeste e União Barbarense. A equipe do técnico Luciano Dias está em quarto lugar na classificação, posicionamento que assegura suposta vantagem na ordem de jogos da próxima etapa, quando os oito finalistas serão divididos em dois grupos que jogarão em turno e returno e os dois primeiros garantem o acesso.
A diferença de quatro pontos entre o líder Audax e o oitavo colocado, União Barbarense, explicita o equilíbrio de forças entre os finalistas. A vantagem do São Bernardo é que faz campanha extraordinária depois de cinco derrotas seguidas nas primeiras cinco rodadas: ganhou 32 pontos em 42 disputados, ou 76% de aproveitamento. Muito acima dos 61% do líder Audax ao longo da fase classificatória.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André