Esportes

Essa estabilidade não interessa ao
São Caetano na Série B nacional

DANIEL LIMA - 02/07/2012

O São Caetano que enfrenta o Guaratinguetá na noite desta terça-feira no Vale do Paraíba pela nona rodada da Série B do Campeonato Brasileiro precisa quebrar o ciclo de estabilidade pouco produtiva dos últimos jogos. O empate de sábado no Anacleto Campanella ante o Paraná (1 a 1) foi decepcionante. Esperavam-se avanços da equipe de Sérgio Guedes, mas o que se viu foi uma associação de dispersão ofensiva e descuidos defensivos identificados nos dois jogos anteriores. E isso é muito ruim, porque o São Caetano teve 10 dias para se preparar.
 
Aceitar estabilidade num nível de rendimento de quem não passaria de posições intermediárias na classificação geral seria conformismo demais a uma equipe que flertou com o rebaixamento tanto na Série B do ano passado como na Série A do Campeonato Paulista deste ano. Os investimentos na formação do elenco deste Brasileiro exigem atuações mais consistentes. O time de Sérgio Guedes é bem mais competente que o deixado por Márcio Araújo, derrotado nos dois primeiros jogos do campeonato, mas, depois de três jogos em franca evolução, baixou o índice de rendimento.
 
O empate com o Paraná foi o resultado mais justo, mas o São Caetano apresentou menos qualificações que o adversário, também com 12 pontos dos 24 disputados na competição. O time do técnico Ricardinho, ex-armador do Corinthians e de tantas outras equipes, surpreendeu o São Caetano durante todo o primeiro tempo, quando adotou linha avançada de zagueiros e encurtou o espaço para contragolpes do adversário. O São Caetano não encontrou a bola durante todo o tempo. Por isso, quando empatou ao final, aos 43 minutos, numa saída em falso da defesa que o lateral Diego aproveitou para roubar a bola, avançar e cruzar nos pés de Leandrão, na pequena área, o sentimento de alívio prevaleceu.
 
E a tecnologia?
 
O que se questiona é como o São Caetano se deixou surpreender pelo esquema do adversário nestes tempos em que a tecnologia praticamente desvenda os segredos táticos no futebol. Pego de surpresa, o Azulão não organizou ataques com eficiência. Principalmente porque trocou a paciência pela pressa ao sofrer o gol logo aos seis minutos, quando Arthur acertou o ângulo do goleiro Fábio num chute da entrada da área após rebote da defesa em bola parada da esquerda. A fluidez esperada foi simplesmente estrangulada pelo sistema do Paraná.
 
No segundo tempo o jogo ficou mais equilibrado, porque o São Caetano começou a entender o posicionamento do Paraná e adotou uma das medidas comuns para quem vê o adversário subir a linha de zagueiros: houve maior aproximação entre o meio de campo e os atacantes, além de avanços surpreendentes dos laterais, inversões e ultrapassagens rápidas. A iniciativa coincidiu com o afrouxamento da marcação do meio de campo do adversário e também com as substituições de Leandrão por Somália e de Eder por Pedro Carmona.
 
Um chute no travessão de Danielzinho, livre na pequena área, e uma cabeçada do zagueiro Alex Dias também no travessão, completando uma jogada ensaiada, poderiam ter alterado o placar, mas o empate prevaleceria.
 
É muito provável que, com o retorno de Augusto Recife à frente da zaga e de Geovane como segundo atacante, o São Caetano seja uma equipe mais encorpada em Guaratinguetá. Não que Anselmo tenha jogado pouco e que Danielzinho tenha comprometido ante o Paraná. O problema é que eles têm características diferentes. Augusto Recife está em ótima fase e dá mais dinamismo ao meio de campo, enquanto Geovane tem menor mobilidade que Danielzinho mas, em contrapartida, posiciona-se melhor e é letal nas finalizações. Algo que o atacante emprestado pelo São Bernardo não consegue atingir. O gol que perdeu ante o Paraná foi semelhante ao que Borges chutou às alturas diante da Portuguesa. A diferença é que Danielzinho acertou o travessão. Uma das piores alternativas para quem estava sozinho à frente do goleiro.
 
Mas não foi por conta de uma individualidade aqui outra ali que o São Caetano estabilizou rendimento em nível que desacelera a confiança de chegar entre os quatro primeiros. O coletivo está deixando a desejar principalmente na transposição ofensiva, que perdeu velocidade. Marcelo Costa e Eder baixaram de rendimento, o centroavante Leandrão está cada vez mais isolado e Danielzinho mexe-se por todos os cantos ofensivos, mas tem dificuldades em chegar ao gol. Os laterais Samuel e Diego ainda não dialogam com frequência e complementaridade com meias e atacantes. As arrancadas individuais prevalecem.
 
Ganhar do Guaratinguetá, que frequenta a zona de rebaixamento, significa muito para o São Caetano nesta terça-feira. O principal é que a equipe chegaria a 55% de produtividade, uma marca da qual não pode se desgarrar porque significaria uma vaga na Série A do Brasileiro do ano que vem. Por enquanto, o quarto colocado, Vitória, tem 16 pontos em 24 disputados (66,66% de aproveitamento), mas a tendência é de redução gradual do índice, porque o bloco dos últimos colocados, que tem pontuado pouco, deverá melhorar de desempenho. Que não seja em Guaratinguetá nesta rodada, é claro.


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