Começaremos na próxima terça-feira e vamos prolongar durante tempo indeterminado uma investigação importante: o que agentes sociais da Província do Grande ABC pensam sobre nossa regionalidade? Começaremos a série com a Entrevista Especial com o arquiteto Fábio Vital, ex-coordenador do Fórum da Cidadania, instituição criada há 18 anos e que viveu os primeiros anos de glória para, em seguida, ganhar sepultamento pouco nobre. Outros nomes estão sendo selecionados. Esperamos que os filhos naturais e adotivos desta Província não fujam à luta de manifestarem-se sem grandes amarras.
Começar com Fábio Vital não é algo aleatório, tirado de uma cartola mágica de improvisação. Ele é um dos mais sistemáticos participantes críticos desta revista digital. Suas manifestações são sempre bem acabadas, inteligentes, mordazes. Dar-lhe a visibilidade de uma Entrevista Especial não é premiá-lo com uma recompensa, mas fazer-lhe jus às inquietações que demonstra e, mais que isso, disponibilizar aos leitores uma cortante composição analítica.
Para efeito de compreensão sobre as demais Entrevistas Especiais que virão (e esse o formato dessa proposta jornalística), é inevitável que pelo menos um terço dos questionamentos tenha como pano de fundo os rescaldos do Fórum da Cidadania. Aquela experiência foi extraordinária a todos que lhe dedicaram algum tempo de atuação, como este jornalista. Vivemos um período de entusiasmo, preocupação e desilusão. Plantou-se uma semente de cidadania, de responsabilidade coletiva, substituída pelo estado praticamente catatônico destes anos 2000. Sim, a Província do Grande ABC que, durante o período áureo do Fórum da Cidadania, mais que merecia a denominação Grande ABC, amesquinhou-se num refluir de mobilização do qual, até prova em contrário, muito provavelmente custará a emergir.
Em algum ponto, dependendo do entrevistado, invadiremos o terreno do detalhamento temático, mas antecipo que nosso propósito de comunicação vai muito além de pontualidades. Queremos atingir o âmago conceitual de regionalidade, como o fizemos experimentalmente com sucesso na entrevista com Fábio Vital. O propósito é cristalino: tanto as indagações quanto as respostas têm compromisso com a longevidade histórica do passado, do presente e do futuro. Algo que desperte para valer a curiosidade de quem, em silêncio e conformadamente, acompanha o estado polar de nossa institucionalidade, de nosso capital social.
Verbete escasso
Precisamos aquecer o ambiente regional com ideias, propostas, sugestões, críticas, loucuras até, porque do jeito que está não podemos continuar. Um rastreamento dos textos publicados pelos veículos de comunicação da região que identificasse o termo “regionalidade” e correlatos provocaria um choque, porque aos desavisados parecerá que existe um trato dos editores no sentido de bloquear qualquer matéria que faça alusão à temática. Infelizmente, não se trata de caso de censura, mas de despreparo, de falta de apetite, de baixo comprometimento com a imperiosidade de dar tratamento multimunicipal a uma área geoeconômica observada interna e externamente como imaginária e supervalorizada soma de sete partes.
Embora essa proposta jornalística que se efetivará a partir de terça-feira coincida com o calendário eleitoral, não há qualquer conotação partidária a estimulá-la ou a sustentá-la. De fato, estamos atrasados na recomposição do fluxo de integração regional. Temos uma história longa de envolvimento regional que nos dá guarida contra eventuais maledicências. Nossa especialidade, aliás, é regionalidade. Mais que qualquer outro veículo de comunicação que conhecemos.
Tanto é verdade que contamos atualmente com nada menos que 306 matérias nos arquivos desta revista digital escoradas por “regionalidade”. E olhem que ainda não transferimos para o campo eletrônico nem 20% do volume de matérias que produzimos na revista LivreMercado, publicação que comandei durante quase duas décadas e da qual sou proprietário do acervo editorial. Outras 104 matérias, não necessariamente as mesmas que se referem a “regionalidade”, também constam deste arquivo com a expressão “integração regional”. E já que estamos descendo a detalhes, não custa revelar quantas matérias abordam direta ou lateralmente o Fórum da Cidadania: são 161.
Contamos, portanto, com vasta carga de experiência dos anseios e frustrações que nos subtraíram a autoestima que a expressão Grande ABC parecia nos alimentar para mergulhar na Província do Grande ABC explicitadora de nossa realidade. Por essas e por outras entendemos a pertinência de retomar um assunto de extremo interesse coletivo. E, nesse ponto, o período eleitoral passa a ter inflexão mais que saudável porque, afinal, não custará nada aos candidatos aos Executivos e aos Legislativos lançarem-se textos adentro. Quem sabe, dessa forma, despertem interesse por uma reconfiguração do puído tecido de mesmices populistas que permeia boa parte dos debates.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional