Esportes

Duas rodadas e vários jogos na
rota do acesso do São Caetano

DANIEL LIMA - 12/11/2012

A duas rodadas do encerramento da Série B do Campeonato Brasileiro, o São Caetano joga mais que duas partidas (sábado agora em casa com o único classificado, Goiás, e no sábado seguinte em Campinas ante o Guarani, ameaçado de rebaixamento). A contabilidade do Acesso é outra. Na rodada de sábado agora o São Caetano também joga em Joinville, onde o time da casa enfrenta o Vitória da Bahia, e em Criciúma, onde o Criciúma joga com o Atlético Paranaense. Na rodada final, além de enfrentar o Guarani, o São Caetano pode estar em campo também nos confrontos em Florianópolis entre Avaí e Criciúma, em Salvador no jogo entre Vitória e Ceará e em Curitiba, onde o Atlético faz clássico com o Paraná. É uma overdose de emoções que definirá os novos integrantes da Série A. Criciúma (71 pontos), Atlético Paranaense (69), Vitória (69) e São Caetano (67) disputam três vagas.

 

Se ao São Caetano não faltou regularidade durante toda a competição, sem altos e baixos num ciclo de cinco rodadas seguidas, ao Goiás, já classificado, e ao Vitória, à beira da desclassificação, não faltaram complicações. O Goiás saiu de posição secundária ao final do primeiro turno para empreender reação fantástica no segundo turno, ultrapassando um a um todos os times que estavam em situação bem melhor. Já o Vitória, dono de um primeiro turno excelente e praticamente classificado no meio do segundo turno, demitiu a comissão técnica comandada por Paulo César Carpeggiani e se afundou em derrotas. O Criciúma fez de uma sucessão de vitórias em casa e do destacadíssimo artilheiro do campeonato, Zé Carlos, as principais armas para chegar tão próximo do sucesso. O Atlético começou mal e reagiu no segundo turno, mas sem grande impetuosidade como o Goiás.

 

A situação do São Caetano melhorou levemente depois da rodada do final de semana. A vitória de 4 a 2 ante o Boa Esporte, após estar perdendo de 2 a 0, aliviou o ambiente no Estádio Anacleto Campanella, mas outros jogos poderiam ter colaborado mais. O Atlético Paranaense foi a Arapiraca e venceu o ASA por 3 a 2 e o Criciúma venceu o América em Natal por 4 a 1. Menos mal que o Vitória foi ao Interior de São Paulo e perdeu para o Guaratinguetá por 1 a 0. O resultado jogou definitivamente o time baiano no balaio de probabilidades de eliminação.

 

Combinação de resultados

 

O que será da rodada de sábado para o São Caetano entrar na rodada final, no sábado seguinte, sem depender de terceiros para comemorar o acesso? Primeiro precisa vencer o Goiás e torcer por um resultado que não seja de empate no confronto direto entre Criciúma e Atlético Paranaense. O empate é calamitoso porque o São Caetano ficaria dois pontos atrás do Criciúma e empataria com o Atlético em pontuação, mas perderia no primeiro critério de desempate: atuais 19 vitórias ante 21 do concorrente. Se o Criciúma vencer é melhor para o São Caetano, porque ultrapassaria o time paranaense na classificação (70 a 69 pontos).

 

Se uma eventual derrota do Atlético ante o Criciúma coincidir com uma derrota do Vitória em Joinville, o São Caetano entraria na rodada final com vantagem de pontuação ante o time baiano e o time paranaense. Mas teria de superar o Guarani em Campinas, porque em qualquer situação de igualdade na classificação com um dos demais três concorrentes a uma das três vagas restantes, perderia nos critérios de desempate-número de vitórias e saldo de gols.

 

Uma outra partida que interessaria ao São Caetano, sempre na condicionalidade de vencer o Goiás, envolve o Guarani, em Alagoas ante um CRB também ameaçado de queda. O time campineiro está ameaçado de rebaixamento (Barueri e Ipatinga já estão matematicamente eliminados da Série B do ano que vem) e poderia entrar na última rodada, contra o São Caetano, necessitando de pelo menos um empate. Independente da perspectiva de que a mala branca cruzaria os céus da Série B, ou seja, de que haverá incentivos de terceiros às equipes que vão enfrentar candidatas às vagas à Série A, sempre é mais complicado enfrentar uma equipe que joga diretamente voltada para salvar-se.

 

Por linhas tortas

 

A goleada de 4 a 2 ante do Boa Esporte mostrou o que poderia ser a solução dos problemas para o São Caetano quando joga em casa. Pelo menos como regra geral, até que situações adversas durante o jogo exijam outros mecanismos táticos que não seja a  dependência exagerada de cruzamentos aéreos e jogadas de força.

 

O time do técnico Ailton Silva só melhorou quando perdeu o centroavante brigador Leandrão, substituído pelo mais habilidoso e rápido Vandinho. Eram 27 minutos do primeiro tempo e o atacante nem tocara na bola quando o Boa Esporte marcou 2 a 0 com Siloé, centroavante que entrou livre entre os zagueiros para completar um cruzamento da esquerda. O primeiro gol dos mineiros aconteceu aos 21 minutos, quando Radamés chutou quase despretensiosamente de longe e o goleiro Luiz, 300 jogos comemorados no sábado, deixou a bola escapulir entre os dedos, no alto.

 

Com Vandinho no ataque o São Caetano percebeu que seria pura perda de tempo procurar alçar bolas na área e também esticar passes e lançamentos ante uma defesa rebatedora. Vandinho fez o primeiro gol logo em seguida, aos 31 minutos, recebendo de costas na entrada da área, girando o corpo, driblando o zagueiro e chutando cruzado. Sete minutos depois, aos 38, foi a vez de Danielzinho repetir Vandinho, de quem recebeu na entrada da área, girou o corpo e bateu cruzado. Era o empate. O São Caetano terminou em igualdade um primeiro tempo em que jogou aquém das possibilidades. Foi moroso demais, demorou a transpor o meio de campo e ofereceu toda a liberdade aos contragolpes dos mineiros, sempre rápidos e insinuantes.

 

Carmona versus Goulart

 

No segundo tempo o time da região voltou mais aceso, imprimiu ritmo mais forte, marcou mais adiantado, interditou a passagem do meio de campo para o ataque do Boa Esporte e desempatou aos 17 minutos: Pedro Carmona bateu com perfeição um pênalti sofrido por Vandinho após a tentativa de repetir lance semelhante ao do gol do primeiro tempo, agora pela esquerda. Aos 26 minutos Danielzinho fez 4 a 2 depois de receber um passe milimétrico do lateral Diogo, da linha de fundo, e chutou forte, cruzado. As entradas do zagueiro Adriano para atuar como volante no lugar do lateral Samuel Xavier contundido e do terceiro zagueiro Jaime Bustamante no lugar de um cansado Allan reforçaram a marcação defensiva. Bustamante acabou expulso num exagerado cartão vermelho do árbitro.

 

Com os centroavantes Leandrão e Somália, de estilo semelhantes, contundidos, é muito provável que o São Caetano do jogo com o Goiás, neste sábado, jogue com Vandinho, Danielzinho, Carmona e Eder, como durante longo trecho do jogo de sábado passado. A ausência de centroavante de estilo conservador, como pivô, oferece a vantagem de mais velocidade, troca de passes, penetrações em velocidade, e a desvantagem da quebra de parte da artilharia aérea. Os jogos da Série B têm provado que o São Caetano perde pontos demais ao confiar na simplificação ofensiva sugerida pela escalação de um centroavante fixo. Os adversários sempre encontram um jeito de fechar os espaços.

 

Mas nada disso é definitivo. Contra o Boa Esporte  houve facilidades para o encaminhamento técnico-tático ao rés do gramado porque não havia rígida retranca a ser ultrapassada. O Goiás, mais qualificado, fecha melhor os espaços defensivos e não usa um camisa nove enfiado entre os zagueiros. O melhor time do campeonato é solidário sem bola e integrativo com a bola nos pés, compactando os espaços defensivos e ofensivos. Tudo sob o comando de Ricardo Goulart, um meia de armação, um meia de articulação, um meia-atacante que começou nas divisões de base do Santo André.

 

Talvez o antídoto contra Ricardo Goulart seja Pedro Carmona, de novo o destaque do São Caetano no jogo com o Boa Esporte. Dar-lhe liberdade é a melhor maneira de obter  bônus de um futebol criativo e responsável, porque além de oferecer-se permanentemente como apoio aos atacantes, ajuda a recompor as funções defensivas do meio de campo.



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