Esportes

Icasa pode completar semana de
festa nordestina do São Caetano

DANIEL LIMA - 31/07/2013

Depois de vencer no sufoco o ABC de Natal por 2 a 1 ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella o São Caetano pode completar a semana de festa nordestina sábado em Juazeiro do Norte ante o Icasa, derrotado na rodada pelo Palmeiras por 4 a 0 no Pacaembu. Ganhar do Icasa não é apenas importante para um time que sonha chegar à Série A do Campeonato Brasileiro do ano que vem, mas que está a seis pontos do Figueirense, o quarto mais bem colocado na competição. Ganhar significa eliminar qualquer risco de ingressar na zona de rebaixamento, da qual o São Caetano se distancia apenas um ponto e que tem o América de Natal como primeiro da linha de corte.


 


Espremido entre um céu ainda muito distante e um inferno iminente, o time de Marcelo Veiga deu ontem à noite todas as provas de que não controla os nervos, principalmente ante seus torcedores. Com formação ofensiva, já que começou com apenas um volante de marcação forte, no caso Leandro Carvalho, substituído pelo meia-atacante Eder aos 12 minutos por causa de contusão, o São Caetano passou o segundo tempo inteiro na defesa. Um contrassenso ditado principalmente pelos nervos à flor da pele de um time que parece sentir-se constrangido em atuar no Estádio Anacleto Campanella, onde a obrigação de vencer é compulsória.


 


Salvou-se na vitória de ontem um primeiro tempo competitivo, de forte marcação, de agressividade ofensiva e, acima de tudo, de praticidade. Tanto que construiu a vantagem de 2 a 0 com gols de Danilo Bueno de pênalti aos 25 minutos, após um lançamento longo de Wagner Carioca para o centroavante Giancarlo, e de Geovane, em penetração diagonal completada com uma finalização por cobertura depois de contar com o suporte de Giancarlo como pivô. A jogada também começou com lançamento longo de Wagner Carioca.


 


Mapa do inferno


 


O mapa da mina da vitória do São Caetano até por placar mais elevado parecia desenhado. Foi depois da saída de Leandro Carvalho que o time tornou-se mais agressivo ainda. Pirão e Wagner Carioca jogavam mais recuados, mas como não são volantes de contenção, participavam mesmo é de arrumação no meio de campo que tinha em Danilo Bueno o melhor do time e em Geovane um atacante sempre pronto a ocupar espaços. O ABC não encontrava espaços para contragolpes. Nem mesmo por conta de algumas indecisões do zagueiro Douglas Grolli.


 


O erro do São Caetano foi imaginar que o adversário, último colocado no campeonato, permaneceria entregue à derrota sem tentar reação. O técnico Valdemar Lemos fez substituições que lançaram o time alvinegro adiante. O São Caetano adiou uma rearrumação tática, com a escalação de um volante de contenção ou um terceiro volante, e o domínio tático e técnico do ABC não poderia ter outro destino senão a diminuição no placar aos 19 minutos com um chute forte e bem colocado do meia Erick Flores.


 


A substituição de um Pirão já cansado e pouco móvel por Dudu melhorou o sistema de marcação à frente dos zagueiros, mas não impediu que o time de Natal dominasse completamente e ameaçasse o gol de Rafael até o final. Foi um sufoco ditado pela precipitação, pela falta de confiança e pelo nervosismo excessivo de um grupo de jogadores que parecia ver na bola um fantasma a ser despachado a qualquer custo.


 


A situação do São Caetano ainda está muito longe de ser definida porque o campeonato teve até agora 11 rodadas ou 29% do total, mas deixar para depois o que pode e precisa ser feito pelo menos no primeiro turno é sempre um grande risco. Na história de equipes que alcançaram sucesso na competição não há registro que aponte uma grande reviravolta de quem saiu de baixo, embora não faltem exemplos de quem saiu em disparada e depois se desintegrou.


 


Meta inicial dos 50%


 


O São Caetano começa a ficar distante demais de uma banda relativamente estreita de potencialidade de subir, que consiste em estar próximo a 50% de aproveitamento até a virada de turno para, em seguida, arremeter. Com 40% de aproveitamento até agora, precisaria vencer o Icasa fora de casa e o Palmeiras no Anacleto Campanella para atingir 19 pontos em 38 disputados. Uma façanha e tanto, depois do show de horrores que se viu no segundo tempo ante o ABC.


 


Resta torcer para o São Caetano retomar o patamar de lucidez, equilíbrio e letalidade dos três jogos que antecederam a parada técnica da Copa das Confederações. Quando se esperava que o time deslanchasse com três semanas de folga para treinamentos, o que se tem visto sequencialmente é um comportamento técnico e tático que, remetido a um gráfico, lembraria um coração prestes ao enfarte. Não por outra razão só venceu um dos cinco jogos pós-Copa das Confederações. Nos quatro demais, perdeu dois e empatou dois. 


 


De qualquer forma, mesmo se vencer os dois próximos jogos, o que é pouco provável mas não impossível, o São Caetano ainda estará longe da zona de acesso. O Figueirense é o quarto colocado após 11 rodadas e somou 19 pontos, desempenho que lhe confere 57,57% de aproveitamento. Abaixo dos 62% alcançados pelo São Caetano no ano passado mas que, pela primeira vez na Série B, não garantiram o acesso. A equipe perdeu a vaga por causa de critérios de desempate.


 


Talvez o que esteja a faltar mesmo ao São Caetano, além de sinalizar encaixe técnico-individual a ações coletivas, é cumprir um plano estratégico que não atribua peso excessivo a cada rodada. O jogo com o ABC mostrou um São Caetano semelhante a quem disputa a última batalha. O segundo tempo foi emblemático: depois do gol do adversário, o que se via de insegurança se transformou em desespero. Não restou qualquer resquício de organização tática. Como não é a primeira vez que a equipe se dissolve durante um jogo, provavelmente há mais trabalho a fazer nos vestiários do que nos gramados. E urgente.


Leia mais matérias desta seção: Esportes

Total de 985 matérias | Página 1

05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André
26/07/2024 Futuro do Santo André entre o céu e o inferno
28/06/2024 Vinte anos depois, o que resta do Sansão regional?
11/03/2024 Santo André menos ruim que Santo André. Entenda
05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?
01/03/2024 Só um milagre salva o Santo André da queda
29/02/2024 Santo André pode cair no submundo do futebol
23/02/2024 Santo André vai mesmo para a Segunda Divisão?
22/02/2024 Qual é o valor da torcida invisível de nossos times?
13/02/2024 O que o Santo André precisa para fugir do rebaixamento?
19/12/2023 Ano que vem do Santo André começou em 2004
15/12/2023 Santo André reage com “Esta é minha camisa”
01/12/2023 São Caetano perde o eixo após saída de Saul Klein
24/11/2023 Como é pedagógico ouvir os treinadores de futebol!
20/11/2023 Futebol da região na elite paulista é falso brilhante
16/10/2023 Crônica ataca Leila Pereira e tropeça na própria armadilha
13/10/2023 Por que Leila Pereira incomoda tanto os marmanjos do futebol?
10/10/2023 São Bernardo supera Santo André também no futebol
10/08/2023 Santo André prestes a liquidar R$ 10 mi de herança do Saged