Esportes

São Caetano fica 40% abaixo do índice
de rendimento para chegar à Série A

DANIEL LIMA - 14/08/2013

A derrota de ontem à noite por 2 a 1 ante o América no Estádio Independência, em Belo Horizonte, afastou ainda mais o São Caetano da perspectiva de chegar à Série A do Campeonato Brasileiro do ano que vem. Pior que isso: dependendo do jogo isolado desta noite entre Guaratinguetá e Figueirense, o time de Marcelo Veiga poderá retornar à zona de rebaixamento. Resta torcer por um empate ou derrota do mandante no jogo programado para o Vale do Paraíba para o São Caetano não enfrentar o Boa Esporte de Minas Gerais nesta sexta-feira no Estádio Anacleto Campanella sob o peso de integrar o pelotão da zona de queda.



 


O São Caetano produziu até agora resultados 40% abaixo da média de rendimento do Paraná, quarto colocado na competição e ocupante da Série A de 2014 se o campeonato tivesse se encerrado neste meio de semana. Estar atrás 40% não é pouca coisa. Ainda mais que a distância se alargou com os resultados da rodada de ontem. Como estrago pouco é otimismo, há também um agrupamento de equipes que separam o São Caetano da linha de corte de acesso. Não resta saída senão acumular vitórias sobre vitórias para chegar à prevista 28ª rodada (portanto a 10 rodadas do final) com pelo menos 50% de aproveitamento. Hoje os 35,55% têm formato de rebaixamento.



 


Passadas 15 rodadas, conquistados apenas 16 pontos, marcados 18 gols e sofridos 19, não é possível imaginar protelações. O São Caetano ainda não tem padrão de jogo definido e isso é fatal não só às pretensões de sucesso, mas também aos riscos de desastre.



 


Enxurrada de limitações



 


Contra o América em Minas não foi diferente. Uma enxurrada de limitações coletivas que comprometem individualidades, ou de individualidades que comprometem o coletivo, poderia ter sido mascarada com um empate que quase se confirmou nos últimos 15 minutos. Um gol de falta do exímio cobrador Wagner Carioca, deu coragem e soltou as amarras do São Caetano, que embalou o ritmo e até poderia ter empatado nos minutos finais de pressão imposta. Assim como ficou entregue a um terceiro gol adversário ao abrir o lado esquerdo da defesa para contragolpes de um atacante veloz e contundente como Tiago Alves, autor do segundo gol e de outras três avançadas.



 


O empate teria sido adequado pelas circunstâncias do jogo, mesmo com o América mais organizado e estável. O time de Minas dominou mesmo e para valer os primeiros 15 minutos ante um São Caetano limitado a defender. Quando fez 1 a 0 com Rodriguinho em chute na entrada da área, o América só confirmou a certeza de que o São Caetano não resistiria mesmo à subjugação tática que se impôs como time pequeno da Série B – uma agressão ao histórico do clube e também ao nível das contratações.



 


Os endêmicos problemas da equipe de Marcelo Veiga se repetiram ao longo do jogo com alguns espasmos de alento. O meio de campo formado por Moradei, Pirão, Renato Ribeiro e Wagner Carioca não tem intensidade na marcação e no suporte ao ataque. Erra passes demais, não dá assistência à subida dos laterais e, ante a ausência de Danilo Bueno, perdeu a única opção de profundidade finalizadora ou de apoio conclusivo aos atacantes Giancarlo e Geovane. 



 


Sacrificados pelo isolamento e também pelo excesso de lançamentos erráticos, os dois atacantes tiveram poucas condições de traduzir transpiração em finalização. Principalmente Giancarlo, encapsulado pelos zagueiros de área e sem inspiração para ações de pivô. Até porque raramente o meio de campo chegava com aplicabilidade. Em 80 minutos Giancarlo teve apenas uma oportunidade, em cruzamento fechado de Geovane, mas demorou à conclusão. 



 


As várias finalizações de fora da área sugerem que Pirão é um volante-meia ofensivo, mas a realidade é outra: é um meia-volante que não se completa no ataque e tem dificuldades para organizar o jogo entre outras razões porque não tem mobilidade, evita jogadas de aproximação e também posiciona-se incorretamente à frente da zaga pela esquerda. Situação que obriga o zagueiro Douglas Grolli a deixar demais o setor. Um dos gols do América, o segundo, decorreu de um erro de saída de bola do zagueiro num momento em que o São Caetano adiantou a marcação.



 


Mudanças essenciais



 


Caso Marcelo Veiga não introduza mudanças substanciais no setor de meio de campo, tudo indica que o São Caetano continuará a viver de ações pontuais, como uma cobrança de falta ou de escanteio, ou bola espirrada.  Como conjunto harmonioso falta muito. Leandro Carvalho, Anselmo, Danilo Bueno e Wagner manteriam um padrão de baixa mobilidade espacial no setor, mas acrescentariam qualidade técnica superior, com maior viabilidade coletiva de fazer a máquina geral funcionar.  



 


Por enquanto, depois de 15 rodadas, o São Caetano tem o goleiro Rafael Santos, os laterais Samuel Santos e Diego, o zagueiro Fred e o meio-campista Wagner Carioca como titulares livres de suspeitas. As demais vagas estão disponíveis e precisam ser preenchidas com certa arte e comprometimento, porque não há mais tempo a perder.



 


A volta de Jael ao comando de ataque é questão de meritocracia. Ele tem sido utilizado tardiamente e produz mais remelexo do que Giancarlo, que, embora tenha melhorado o rendimento físico, sofre para entender o conjunto da obra tática inacabada. Ter Jael e Giancarlo no mesmo time durante mais tempo também é uma opção tática, principalmente pela baixa verticalidade do meio de campo.



 


Não faltam exemplos de equipes de ponta que atuam com dois atacantes goleadores como extremos do sistema 4-4-2. Geovane iria para a reserva, o time perderia alternativa de velocidade mas de baixa efetividade. Tudo poderia ser compensado com maior liberdade e apoio sistemático dos laterais. Não foram poucos os adversários do São Caetano que usaram as extremidades do gramado como prioridade ofensiva complementar à preferência por dois atacantes de área. Não há formula exclusiva de sucesso no futebol. Há preparação e adequação de acordo com o contexto do jogo ou das análises de rendimento do grupo.  A solução em um jogo poder ser complicador no outro.  A decodificação dos sinais táticos e técnicos de cada jogo estabelece diferencial entre os treinadores.



 


Certo mesmo é que o técnico Marcelo Veiga chegou ao São Caetano para moldar a equipe à maneira que melhor lhe interessava e que por isso mesmo precisa dar respostas que demoram a chegar à tábua de classificação. A situação ainda é muito mais propícia a reflexões do que a desespero. E refletir sobre o conjunto de dados objetivos e subjacentes de 15 rodadas que instalam a equipe potencialmente na zona de rebaixamento deve fazer parte do replanejamento da proposta de levar o São Caetano à Série A -- antes que tudo se complique e o rebaixamento vire prioridade.


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