Esportes

São Caetano melhora com Guedes
mas precisa jogar como Palmeiras

DANIEL LIMA - 26/08/2013

O São Caetano que jogou sexta-feira à noite com o Joinville foi bem melhor que a média de apresentações anteriores, sob o comando de Marcelo Veiga, mas isso não quer dizer que o técnico Sérgio Guedes terá vida confortável.  A derrota de 1 a 0 foi circunstancial. O time merecia no mínimo empatar, mas o conjunto de resultados da equipe nas16 rodadas anteriores obriga Sérgio Guedes a comandar uma revolução numérica se quiser levar o São Caetano à Série A do Campeonato Brasileiro.


 


Com 16 pontos ganhos em 51 disputados, o que significa aproveitamento de 31,37%, o São Caetano precisa nas 21 rodadas restantes apresentar resultados semelhantes aos do líder Palmeiras em 17 rodadas: ganhar 77,27% dos pontos a disputar para alcançar ao final de 38 rodadas o índice médio de 58,82%. Esse é o atual rendimento do Paraná (30 pontos em 51 disputados), quarto colocado na classificação e, que por isso, teria uma vaga na Série A se o campeonato houvesse sido encerrado no final de semana.


 


Projetar o rendimento de pontos pensando na Série A poderia desestimular o São Caetano de Sérgio Guedes rumo à recuperação. Afinal, atingir a meta é quase improvável. Por isso, o melhor mesmo, pelo menos nas próximas rodadas, é fixar medidas para sair da zona de rebaixamento.


 


O São Caetano abre a lista de rebaixáveis com 16 pontos ganhos, um apenas acima do Paysandu e do América de Natal, adversário deste sábado à tarde no Rio Grande do Norte, e cinco acima do lanterninha ABC, também de Natal. Além de vigiar quem está abaixo, o São Caetano precisa mirar quem está acima na classificação para sair o quanto antes do paredão. Atlético Goianiense (17 pontos), Guaratinguetá (18), Oeste de Itápolis e ASA de Arapiraca (19) e Ceará (21) estão agora na relação de potenciais concorrentes à fuga do descenso.


 


É com essas equipes que o São Caetano tem de se preocupar.  Quanto mais rápido fugir desse agrupamento, mais perto estará de uma segunda fase de disputa, a de chegar entre as forças intermediárias e, quem sabe, tentar para valer o que parece complicado: ganhar praticamente o mesmo percentual de pontos do Palmeiras (78,43%) nas primeiras 17 rodadas. É importante ressaltar que a referência de 77,27% de aproveitamento está sujeita a mudanças durante a competição. Tudo vai depender dos resultados da equipe que ocupar a quarta colocação. O índice tanto pode subir como descer, mas está mais ou menos alinhado à história da competição. A exceção, com 62% de aproveitamento ao final da temporada, sacrificou o São Caetano, ano passado. A equipe chegou a 71 pontos (62,28% de aproveitamento) mas ficou fora do acesso no critério de desempate. Subiu o Vitória da Bahia, com uma vitória a mais.


 


Uma única mudança


 


Sem introduzir praticamente qualquer alteração individual (apenas substituiu o lateral-direito Samuel Santos por Samuel Xavier) o técnico Sérgio Guedes insistiu em Joinville numa formação de pouca mobilidade no meio de campo, mas tirou a equipe do marasmo da maioria dos jogos até então. O rendimento geral foi bastante razoável, o que não é pouco ante a pasmaceira anterior.


 


Houve mais troca de passes, mais volume de jogo, mais jogadas pelas laterais, menos precipitação no cometimento de infrações nas proximidades da área, mais personalidade para pressionar o adversário na saída de bola, mais presença pelas extremas, mais jogadas de profundidade sem que se recorresse a chutes lotéricos. Tudo isso foi suficiente para sustentar equilíbrio com o Joinville durante dois terços do jogo, quando, entretanto, o São Caetano teve as melhores oportunidades para marcar, e dominar completamente no terço final. Algo raro na equipe fora ou dentro de casa nessa temporada ante adversários menos qualificados. O Joinville ocupa a sexta posição e está a três pontos do quarto colocado Paraná.


 


Como vai contar com uma nova semana inteira para colocar o São Caetano de novo em campo, tudo indica que Sérgio Guedes alcançará novos objetivos. O time ainda peca pela falta de velocidade na transição ofensiva e defensiva, embora tenha melhorado também no posicionamento geral, menos espaçado entre as linhas.


 


Treinar finalizações é uma medida providencial, porque as oportunidades que aparecem não podem ser desperdiçadas. Geovane segue liderando o quesito. Ele deixou de marcar o gol mais feito do mundo quando o placar estava zero a zero e o preço foi alto porque, em seguida, após escanteio e falha de marcação de Douglas Grolli, o Joinville fez o gol da vitória. Um castigo para um time que teve ao menos quatro oportunidades letais para descontar e quem sabe virar. O Joinville, cada vez mais encolhido, só ameaçou para valer no final num rápido contragolpe, quando o São Caetano avançou todo ao ataque. Um chute no travessão poderia ter ser transformado num gol que induziria os apressados, que só enxergam futebol tendo o placar como referência, a erro crasso de diagnóstico do que se viu em campo.


 


Faltam opções ofensivas


 


Chorar o leite derramado da ausência de Danielzinho é bobagem, mas o atacante, que possivelmente não jogará mais este ano, não tem substituto como alternativa de válvula de escape em jogadas que exigem impetuosidade e velocidade. Não há um atacante sequer com essas características. Nem um meia de ligação que faça a ultrapassagem entre meio de campo e ataque tanto com velocidade quanto com precisão de passes e arremates. O Flamengo sofreu um bocado sábado porque não encontrou substituto para Elias, que não jogou ante o Grêmio. O São Caetano vive essa deficiência de forma permanente, não circunstancial.


 


Não resolve a escalação de Wagner Carioca deslocado à direita, enquanto Geovane e Danilo Bueno revezam-se na ocupação do meio e da esquerda na composição do 4-2-3-1 com variável a 4-4-2. Wagner Carioca é mais efetivo com mais liberdade de auxiliar o meio de campo por dentro. Quem imagina que seja volante está equivocado. É um meia-volante não um volante-meia. No Mogi Mirim, era fundamental num esquema que contava com um volante de contenção, Magal, um volante que saia ao ataque com alguma liberdade, Val, e um meia-armador rápido e penetrante, Roni. Todos jogadores que estão atuando na Série A do Campeonato Brasileiro. Val no Flamengo, Magal na Ponte Preta e Roni no São Paulo.


 


Embora o futebol seja regido por códigos compartilhados entre jogadores e treinadores e nem sempre decifráveis no mundo externo, as declarações do zagueiro Fred no encerramento do jogo em Santa Catarina foram emblemáticas de um quadro de complicações internas do São Caetano que podem explicar tanto as razões que levaram a equipe a rendimento pífio com Marcelo Veiga como a reagir rapidamente com Sérgio Guedes. Em não mais que um minuto de entrevista, o zagueiro não só resumiu o jogo com perfeição como disse que a equipe agora é outra com o novo treinador. Mais não foi preciso afirmar.


 


O São Caetano parece ter encontrado não só a paz como também meios de preparação que podem fazer a diferença em poucas rodadas. Sérgio Guedes é um empenhado executor de arrumações táticas que costumam produzir resultados em pouco tempo -- até que a equipe que dirige atinja o máximo possível de rendimento. Espera-se que a corda a ser esticada seja bastante longa, porque o São Caetano precisa superar os próprios limites para não invejar o Palmeiras.


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