O São Caetano que segue na zona de rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro após a derrota de 2 a 1 sábado à tarde em Natal ante o América prepara a consolidação de uma novidade tática no segundo turno da competição: o supercampeão Rivaldo vai ter mais liberdade, à maneira de Seedorf no Botafogo do Rio de Janeiro. Aos 41 anos de idade, ante 38 do holandês que faz sucesso no futebol brasileiro, Rivaldo está sensível ao técnico Sérgio Guedes e vai jogar mesmo como segundo atacante, como nos minutos finais dos dois últimos jogos do São Caetano. Será o único jogador da equipe com plena liberdade, sem obrigação de marcar ostensivamente qualquer adversário. Com a técnica do meia-atacante mais próxima do gol adversário, o São Caetano ganhará reforço ofensivo providencial. A equipe marcou apenas 19 gols nos 18 jogos da Série B e só supera no quesito quatro concorrentes entre os 20 participantes.
Rivaldo ainda não correspondeu à expectativa do São Caetano que o contratou para disputar a Série A do Campeonato Paulista. Atuou poucas vezes e em todas como espécie de terceiro volante, muito distante dos atacantes. A capacidade de finalizar como poucos, a visão de jogo, a agudeza na ocupação de espaços, o vislumbre da melhor opção de cada jogada, tudo isso foi minimizado com Rivaldo atuando numa área de campo sem grau de letalidade.
Mas nos dois últimos jogos, mesmo jogando apenas poucos minutos após voltar de longa contusão, o posicionamento do campeão do mundo confirmou a tendência de aquiescer ao desejo do técnico Sérgio Guedes: ele vai se aproximar mais do centroavante Jael e da zona de finalização. A ausência de um finalizador que venha de trás poderá finalmente ser superada no São Caetano. Wagner Carioca é um meia-volante que finaliza muito forte, mas tem baixa mobilidade e atua também com preocupação de marcação. Jael joga invariavelmente de costas para o gol. Rivaldo vem de frente. A tendência é que atue pelo menos um tempo em cada jogo, de forma a que possa manter um nível elevado.
Mais tempo em campo
É provável que já nesta terça-feira, quando será disputada a última rodada do primeiro turno, Rivaldo jogue mais que alguns minutos ante o ASA de Arapiraca no Estádio Anacleto Campanella. Dificilmente começará o jogo em substituição a Danilo Bueno, expulso em Goianinha, Rio Grande do Norte, onde o São Caetano perdeu por 2 a 1. Danilo Bueno foi o fator de desequilíbrio de um confronto em que a equipe da região tinha o controle tático. Ele foi expulso quando o jogo estava 1 a 1 porque completou com a mão um cruzamento em que o cabeceio não alcançaria a bola que foi ao fundo da rede. Como já havia recebido cartão amarelo num lance no meio de campo, acabou expulso.
O aproveitamento gradual e cada vez durante mais tempo de Rivaldo no São Caetano é um processo ao qual o técnico Sérgio Guedes se mostraria determinado, mas há quem entenda que estaria na hora de Rivaldo atuar pelo menos 30 minutos até chegar a 45 mínimos. O peso da idade reduziu a força física, o arranque, a verticalidade de Rivaldo, mas a experiência levada o mais perto possível da área adversária é vista como elemento-chave a um time que se precipita demais nas finalizações e que tem baixa criatividade da intermediária em diante.
Com Rivaldo em campo é possível também antecipar a possibilidade de o centroavante Jael ganhar novas funções. O atacante desloca-se pouco lateralmente e com isso facilita a marcação adversária. Na medida em que mover-se mais para os lados, abriria espaços às infiltrações de Rivaldo. E também ganharão muito nas aproximações mútuas. Jael faria a função de pivô para as finalizações de Rivaldo, e mesmo o inverso.
Quatro jogos seguidos somando derrotas colocaram o São Caetano na18a colocação com 16 pontos ganhos, dois abaixo da primeira equipe fora da zona de rebaixamento (Guaratinguetá, com 18 pontos). América de Natal (18), Paysandu (16) e ABC de Natal (11) estão entre os rebaixáveis no encerramento de 18 rodadas. A derrota para o América de Natal provavelmente mudou os planos de Sérgio Guedes. Antes do jogo ele declarou que o resultado determinaria o futuro da equipe, se lutaria pelo acesso ou se teria de cuidar de fugir do rebaixamento. Até eventual surpresa com série sequencial de vitórias, o São Caetano jogará mesmo para evitar uma segunda queda na temporada, depois de cair para a Série B do Paulista.
Melhora insuficiente
E é exatamente por conta disso que o treinador vem analisando detidamente o desempenho individual e coletivo do grupo. O São Caetano mostrou o mesmo nível de rendimento do jogo anterior, quando perdeu de 1 a 0 para o Joinville em Santa Catarina. Ou seja: bem acima da média de atuações sob o comando de Marcelo Veiga. Mas ainda distante do necessário. A expulsão de Danilo Bueno aos 38 minutos do primeiro tempo foi desastrosa. O time teve de abdicar do ataque para preservar o empate. Resistiu até 35 minutos do segundo tempo. A entrada de Rivaldo nos minutos finais foi uma amostra do que pode render se jogar mais tempo.
Vencer o ASA nesta terça-feira não só poderá significar a fuga do grupo de rebaixáveis no encerramento do primeiro turno como também a manutenção do adversário na relação dos ameaçados que parece cada vez mais definida, embora sempre passível a mudanças. Com 22 pontos, o ASA está à frente do Ceará no critério de desempate e acima de Atlético Goianiense (20 pontos), Oeste (19) e Guaratinguetá (18), além das equipes que integram o paredão, como o São Caetano. O time de Alagoas não adota sistema de marcação dos mais rígidos, pois sofreu até agora 29 gols na competição, dois a menos que o lanterninha ABC de Natal, Guaratinguetá, Figueirense e Sport, e três abaixo do Icasa, o pior da competição. Ou seja: a perspectiva é de que o São Caetano terá algumas permissividades do adversário para chegar ao gol nesta terça-feira. Mais um motivo para Rivaldo jogar mais tempo e em nova função tática.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André