Esportes

Ramalhão comemora 46 anos na
Sexta Divisão. De quem é a culpa?

DANIEL LIMA - 18/09/2013

Esta é a pergunta mais cretina que já fiz em minha vida de jornalista. Sabem por que? Porque sei a resposta. Aliás, todos de bom senso sabem a resposta. A resposta que alguns não querem ver ou escrever porque não têm coragem ou não têm liberdade de expressão.


 


A responsabilidade maior de o Santo André ocupar a Sexta Divisão do futebol brasileiro é do Saged, o empresa que criaram para administrar o Ramalhão. Não fossem Celso Luiz de Almeida e Jairo Livolis arrematados idiotas, que aceitaram os escombros deixados pelo Saged, o Ramalhão teria desaparecido ou caído nas mãos de um aventureiro qualquer nesta temporada.


 


Quem tiver a cara de pau de argumentar qualquer coisa em contrário, que não foi o Saged a razão maior de o Santo André ocupar a Sexta Divisão e de ter se consolidado no período de 60 meses em engodo inesquecível, quem tiver essa cara de pau, precisará de tratamento com óleo de peroba. Ou passar por médico veterinário para constatar um fenômeno digno do Fantástico – a de que temos um exemplar aparentemente humano com cérebro de equino. 


 


O Ramalhão que entrou na disputa da Série D do Campeonato Brasileiro desta temporada, ou seja, na Quarta Divisão, chegou entre os 16 primeiros, entre 40 concorrentes, mas daí não passou. E teria de chegar até a reta final para seguir no circuito nacional, subindo para a Série C. Convenhamos que era uma parada indigesta. Ainda mais que, redivivos, Celso Luiz e Jairo Livolis pegaram o Ramalhão em situação emergencial, com pouquíssimo tempo à preparação do grupo de jogadores. No fundo, não houve rebaixamento do ponto de vista conceitual, porque a equipe ficou muito longe das últimas posições. O rebaixamento foi regulamentar, com efeitos desastrosos.


 


Deve-se imputar principalmente a Jairo Livolis um regime de clausura social do Santo André. O dirigente transplantou para o conjunto da agremiação a própria personalidade introvertida, de poucos e seletivos interlocutores. Está distante de suas qualificações o que se convencionou chamar de sociabilidade. Mas, paradoxalmente, em contraponto ao jeito fechado de ser, Jairo Livolis e os dirigentes mais próximos, inclusive Celso Luiz de Almeida, asseguraram perenidade à agremiação, embora não necessariamente ao futebol, ao lançarem, construírem e fazerem evoluir o clube poliesportivo no Parque Jaçatuba. Até então o Santo André era um clube de 11 camisas.


 


Perdendo o bonde


 


Conheço bem a história do Ramalhão. Conheço tanto que não me furtei a preparar um projeto de fortalecimento sob as vestes do Saged. Desenhei e fiz publicar, inclusive nesta revista digital, um projeto de redenção da agremiação, preparando-a a tempos que acabaram de chegar. Pena que o autoritarismo, o centralismo e o despreparo de Ronan Maria Pinto, que tomou conta do Saged, impediram a execução. Nada mais óbvio, porque a proposição mais que factível implicava em descentralizar o poder presidencial com a multiplicação de agentes na construção de novos referenciais. O grupo de acionistas do Saged, todos ou quase todos egressos da histórica de futebol do Ramalhão, deu com os burros nágua ante a parede autocrática de Ronan Maria Pinto.


 


Após as primeiras reuniões do Conselho de Acionistas, decidi me afastar porque não tenho estômago de avestruz para engolir manipulações. Saia de cada reunião com os nervos à flor da pele e mal conciliava o sono. Decididamente, não nasci para suportar determinados abusos.


 


Os leitores que me desculpem pela pergunta cretina desta crônica, porque fiz uso de sarcasmo programado para ferir suscetibilidades, inclusive a minha. Foi uma maneira de dizer mais ou menos o seguinte: a resposta é tão óbvia, tão cristalina, tão insofismável, tão clara, tão objetiva, tão tudo que se imaginar, que é preciso sofrer de rebaixamento intelectual para formulá-la. Também tenho direito à cretinice.


 


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