O São Caetano que joga nesta terça-feira em Santa Catarina ante um Avaí com possibilidades de chegar à Série A do Campeonato Brasileiro carregará até os últimos instantes uma dúvida cruel: vai jogar ofensivamente como o fez sexta-feira à noite no Estádio Anacleto Campanella no empate de 2 a 2 ante o Oeste de Itápolis ou vai recorrer à cautela com formação tática mais conservadora? Caberá ao técnico Sérgio Guedes definir o caminho a seguir. É mais provável que a equipe não será tão ofensiva quanto no último jogo mas também não se limitaria a buscar apenas contragolpes.
Certo mesmo é que o São Caetano precisa urgentemente encaixar uma vitória improvável para ganhar mais fôlego na Série B do Campeonato Brasileiro. E o confronto com o Avaí tem contornos de uma vitória inesperada. Antepenúltimo colocado ao final de 25 rodadas e com mais 13 jogos a disputar, o São Caetano vê estreitar-se a margem de manobra para fugir da Série C. Cada rodada disputada está se tornando um tormento porque não consegue sair da zona de queda.
Contando que Atlético Goianiense, ASA de Arapiraca e ABC de Natal ocupariam três das últimas posições ao final da competição de 38 rodadas, ao São Caetano restaria mirar os dois mais próximos concorrentes à última vaga da zona de rebaixamento, o América de Natal e o Paysandu, que somam individualmente 27 pontos, três acima da equipe da região.
São essas seis equipes que estariam concorrendo mais diretamente à fuga do rebaixamento. Apenas quatro pontos separam o lanterninha ABC de Natal (23) e o Paysandu (27 pontos e sete vitórias). Entre as duas equipes estão o América de Natal (27 e seis vitórias), Atlético Goianiense (26), ASA (23 e sete vitórias) e ABC (23 e seis vitórias). O São Caetano conta com 24 pontos.
Cálculos matemáticos
Embora cálculos matemáticos possam se dissolver em poucas rodadas, o site Chance de Gol atribui ao São Caetano 70,8% de possibilidades de rebaixamento. O ASA lidera a corrida rumo ao descenso com 91,5%, contra 79,8% do ABC. América de Natal (66,9%), Paysandu (35,2%) e Atlético Goianiense (23,3%) integram o batalhão dos mais ameaçados pelos estudos que nem sempre se materializam porque o passado de resultados e o futuro dos confrontos não têm por norma seguirem à risca os desígnios estatísticos.
É contra probabilidades matemáticas nem sempre explicadas e vulneráveis a mudanças que só o futebol pode proporcionar que o São Caetano também tem de lutar na Série B. A influência dos números no ambiente de preparação do grupo é inevitável. Critérios de desempate são esmiuçados. E nesse ponto, considerando a lista dos rebaixáveis, a situação do São Caetano não é alarmante. Não há desgarramento em pontos ganhos nem no número de vitórias (primeiro critério de eventuais desempates). E no saldo de gols leva vantagem sobre todos os concorrentes.
A margem de rendimento que impediria o rebaixamento à Série C não se alterou com os resultados da 25ª rodada. Com 40 pontos ao final de 38 rodadas se atingiria 35% de produtividade, o suficiente para superar a marca atual de queda, de 34,66% do Atlético Goianiense, que abre a zona da degola. A seguir nesse ritmo, ao São Caetano bastariam 16 pontos nos 39 a disputar (41% de aproveitamento). Nada que não possa ser alcançado.
Enfrentar o Avaí em Santa Catarina é um roteiro indigesto preparado pela tabela porque o time mandante está com os olhos e o coração voltados ao acesso. Com 38 pontos ganhos, está a apenas quatro pontos do Joinville, que ocupa a quarta posição no G-4, o grupo que terá direito à Série A. O bom senso recomenda que o São Caetano seja um time mais cauteloso em relação ao que enfrentou o Oeste, mas não pode ser defensivo demais senão corre o risco de sofrer o tempo todo e sair com mau resultado. Se até a rodada passada não havia alternativa senão jogar para não perder fora de casa, agora é possível sonhar com vitórias. Afinal, surgiram duas boas opções ofensivas, os pequeninos e rápidos Anderson Pimenta e Bruno Veiga.
Mais equilibrado?
Dificilmente o técnico Sérgio Guedes escalará um time tão aberto, com dois pontas (os então estreantes Anderson Pimenta e Bruno Veiga), um centroavante de referência (Jael) um meia de articulação, Fernandinho, um meia-volante, Wagner Carioca, e um volante-volante, Leandro Carvalho. É possível que um segundo volante, Dudu, venha a reforçar a marcação. Sairia um dos dois atacantes abertos, provavelmente Anderson Pimenta. O jogador que veio do Sampaio Correia agradou, mas acabou substituído incorretamente no segundo tempo. Sem ele o São Caetano perdeu a capacidade de individualizar progressivamente as jogadas. Como participa coletivamente menos do grupo do que Bruno Veiga, que acompanhou o lateral do Oeste o tempo todo até a intermediária, é provável que fique no banco de reservas.
A surpreendente definição por um sistema tático inédito no campeonato (um 4-3-3 com a posse de bola e um 4-2-2-2 quando o adversário saia ao ataque) só foi possível porque Sérgio Guedes recebeu aqueles dois reforços ofensivos que podem ajudar a tirar a equipe do rebaixamento. Anderson Pimenta e Bruno Veiga são rápidos, têm qualidades técnicas e procuram o gol adversário o tempo todo. Tanto que quando o São Caetano fez 2 a 0 ante o Oeste em apenas 18 minutos, imaginava-se tudo, menos o empate ao final.
O resultado deve ser debitado não só às indecisões do sistema defensivo em dois lances como também à arbitragem. A anulação do gol de Fernandinho aos 30 minutos do segundo tempo foi um equívoco. O paulista Rodrigo Guarizo do Amaral assinalou uma falta do zagueiro Wagner num jogador adversário, mas não houve nada que caracterizasse a irregularidade. O árbitro acompanhou a trajetória da falta batida por Wagner Carioca e se precipitou ao ver o defensor do Oeste atirar-se inutilmente em direção à bola que Fernandinho chutou de primeira.
O técnico Sérgio Guedes sabe que ainda tem ajustes a fazer na equipe. O retorno de Wagner ao miolo da defesa é um prêmio a um jogador que foi titular durante toda a Série B do ano passado ao lado de Gabriel e que se recuperou de contusão que o tirou dos campos atuando pela equipe que disputa a Copa Paulista. Gabriel seguiria trajetória semelhante caso não se contundisse. Diego continua esbanjando eficiência na lateral-esquerda, mas a lateral-direita ainda não teve encaixe coletivo nem com Samuel Xavier nem com Samuel Santos.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André