O deputado estadual Orlando Morando é um dos grandes fanfarrões da Província do Grande ABC. E aos fanfarrões devemos lançar desafios, porque assim eles podem confirmar ou não a fama, principalmente quando a fama é escorada artificialmente pela contrapartida de publicitário informal que detém, como agente do governo do Estado na distribuição de verbas públicas à mídia em geral.
O desafio que lanço ao deputado bom de mercado imobiliário, agente capaz de multiplicar dividendos na compra de áreas aparentemente desprezadas, é o seguinte: que se junte aos amigos mercadores imobiliários de sempre, principalmente a Milton Bigucci, velho companheiro de jornadas, e lance um empreendimento típico de classe média alta no entorno da Chácara Baronesa, localizada na divisa de Santo André e São Bernardo. A grife do empreendimento está à mão: Condomínio de Luxo Chácara Baronesa. Que tal?
Não existe maneira mais prática de desclassificar as bobagens de Orlando Morando senão levá-lo à reflexão sobre o uso e o abuso de declarações que têm o sentido de lustrar o próprio ego. Sempre em busca de um mote eleitoral que possa catapultar reeleição a uma Assembleia Legislativa gastadora e improdutiva como todas as demais, Orlando Morando esmera-se no marketing. O trecho sul do Rodoanel lhe garantiu dividendos muito além de vetores eleitorais. Foram frondosos, como presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa que detinha conhecimentos privilegiados sobre o traçado da obra.
Maquiagem, só maquiagem
Agora que o filão eleitoral do Rodoanel não lhe interessa mais, porque esgotado, embora dividendos outros não tenham limites para quem sabe administrar finanças, eis que Orlando Morando saiu a campo com a mentira e a lorota boa de que a Chácara Baronesa será um novo Parque Ibirapuera. Os investimentos do governo do Estado que ali serão feitos não passam de maquiagem. Aqueles quase 400 mil metros quadrados de área invadida e em permanente conflito com a segurança pública foram incensados como ponto de grande evolução da qualidade de vida regional.
Pois então que Orlando Morando se junte ao amigo Milton Bigucci, entendido no assunto, e lance um projeto, apenas um projeto, de um condomínio misto, tipo Marco Zero de péssimas recomendações, e o coloque à comercialização. Quem sabe Orlando Morando e Milton Bigucci não revolucionem o conceito de requalificação de áreas deterioradas e alcem a Chácara Baronesa e seu entorno à condição de ponta de lança de novos rumos do espaço regional?
É claro que o desafio é uma forma de provocar o deputado estadual queridinho da mídia e dos especuladores imobiliários mas também é um desabafo contra esse agente público que imagina ser a imprensa composta apenas de imbecis que aceitam bobagens passivamente.
Aliás, Orlando Morando é o jovem mais ultrapassado da política regional porque reúne todos os vícios da classe política antiga e se utiliza da aparente juventude para vender supostos ideais de modernidade.
Província de Bananas
Em qualquer democracia do mundo um deputado do Estado mais importante do País que dissesse o que disse e repetiu Orlando Morando sobre a Chácara Baronesa seria massacrado pela mídia, porque é um acinte a simples enunciação de que aquela área favelizada teria no futuro algum parentesco urbanístico com o Parque do Ibirapuera. Entretanto, como é o queridinho da turma, desfila as baboseiras com cara de doutor em urbanismo e todos senão aplaudem, calam-se crédulos ou coniventes com interesses obscuros. Somos uma Província de Bananas.
Duvido que Milton Bigucci, velho amigo de mercado imobiliário, ousaria botar um tostão sequer num eventual e fantasmagórico projeto de Parque Chácara Baronesa com viés de Parque do Ibirapuera. Bigucci não costuma entrar em barco furado como mercador imobiliário competente que é. Competente, como se sabe, é qualificação elástica em subjetividades, permeada de senões éticos e judiciais. Mas, a julgar pelo juízo comum, competente neste País é única e exclusivamente todo aquele que se dá bem, não interessa como.
Pois Milton Bigucci bom de negócios jamais botaria fé na Chácara Baronesa, exceto, quem sabe, com algum projeto social que, como a maioria dos projetos sociais, serve de biombo a projetos nada sociais.
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