Esportes

Rodada perfeita leva São Caetano
a sonhar com milagre na Série B

DANIEL LIMA - 21/10/2013

Quem sabe o milagre em forma de permanência na Série B do Campeonato Brasileiro tenha começado a ganhar contornos na rodada do final de semana quando o São Caetano venceu o Icasa no Estádio Anacleto Campanella por 2 a 1 e ganhou outros 12 pontos, com derrotas das equipes que estavam acima na classificação e com as quais disputa a cotoveladas uma rota de fuga?



Foi uma rodada perfeita e produziu efeitos interessantes ao reduzir um pouco as probabilidades de rebaixamento da equipe. Melhor que isso foi o futebol apresentado. O São Caetano jogou com tanta tranquilidade que parecia não frequentar a zona de rebaixamento há tanto tempo. Um gol logo a um minuto, de pênalti claro cometido por um zagueiro do Icasa aos 20 segundos, pode ter contribuído para o controle emocional. Mas em tantos outros jogos o São Caetano saiu na frente, chegou a fazer 2 a 0 e nem assim suportou o peso das fragilidades táticas e do estresse emocional da comprometedora classificação geral.



Ao restarem apenas sete rodadas para o encerramento do campeonato a lógica de jogar em vários estádios é uma realidade comum a todas as equipes ameaçadas de queda à Série C. O São Caetano que entrou em campo sábado à noite sabia que todos os adversários nos quais está de olho haviam sido derrotados. O Paysandu perdeu em casa para o Avaí por 2 a 0, o América de Natal em Varginha para o Boa Esporte por 3 a 2 e o ABC em Natal para o Guaratinguetá por 4 a 2. Outros três pontos favoráveis podem ser contabilizados na vitória do ASA de Arapiraca ante o Oeste por 3 a 0. O ASA está praticamente rebaixado, enquanto o Oeste, com a derrota, está temporariamente entre os ameaçados.



Uma temporariedade que pode ser permanente ou em última instância ajudaria a sustentar acesa a disputa de pontos que interessam ao São Caetano. Caso do jogo do Oeste neste final de semana em casa ante o ABC de Natal. O Oeste tem 36 pontos e o ABC 35. Um empate manteria as duas equipes na zona de preocupação com o rebaixamento. Quem perder estará muito mais ameaçado. A situação seria diferente se o Oeste vencesse no final de semana que passou.



Probabilidades de queda



Os resultados do final de semana retiraram o São Caetano da penúltima colocação na classificação, mas o mantiveram na penúltima posição em probabilidades de queda, segundo o site Chance de Gol. Agora o time do técnico Pintado reúne 87,7% de potencial de queda, ante 87% do Paysandu e 99,7% do ASA. O Atlético Goianiense é o quarto mais ameaçado de disputar a Série C no ano que vem, com 44,6% de probabilidades. A equipe de Goiás tem dois jogos a menos: o confronto com o Paraná está marcado para esta terça-feira em Curitiba. O outro jogo é com Avaí, em Goiânia. O Paysandu tem um jogo a mais a disputar, contra o ABC, em Belém do Pará.



Considerando-se o índice de rendimento da Série B, que independe do número no momento não homogêneo de jogos disputados por cada equipe, não há mudança entre os ocupantes das quatro últimas posições: Atlético Goianiense (30 pontos, oito vitórias e saldo negativo de oito gols), São Caetano (30 pontos, oito vitórias e saldo negativo de 10 gols), Paysandu (29 pontos) e ASA (26).



Três equipes estão mais diretamente ameaçadas de ingressar na zona de rebaixamento: América de Natal e Oeste têm 36 pontos e o ABC de Natal 35. Com os resultados do final de semana, houve queda na margem de fuga do descenso: de 46 para 45 pontos. O cálculo é feito com base no aproveitamento da primeira equipe fora do Z-4: o Oeste tem 38,71%, índice que corresponde a 44 pontos ao final da disputa, enquanto o ABC de Natal, com um jogo a menos, tem 38,88%, também correspondente a 44 pontos. O América de Natal, com os mesmos 36 pontos do Oeste e um jogo a mais disputado que o ABC, tem rendimento igual ao do time de Natal.



Por isso todo mundo está de olho em todo mundo na parte de baixo da classificação, assim como na parte de cima. Campeonato de ponto corrido exige conhecimentos matemáticos e aritméticos para, entre outras questões, manter o entusiasmo e a esperança de chegar à Série A ou fugir da Série C.



Time tranquilo



Tudo bem que marcar um gol logo a um minuto, em cobrança de pênalti sofrido por Cassiano Bodini, ajudou muito na vitória de 2 a 1 sobre o bem organizado e ambicioso Icasa, que uma semana antes vencera o Palmeiras. Mas o comportamento emocional do São Caetano surpreendeu. Diferentemente de tantos outros jogos, o time não se perturbou com o gol do Icasa aos 34 minutos, reduzindo o placar aumentado aos 11 minutos num rápido contragolpe que o atacante Marcelo Soares transformou em gol. O que se deu afinal com o São Caetano?



Talvez a melhor explicação seja a escalação preparada por Pintado. Ele optou por uma equipe experiente. Fabinho foi mantido no meio de campo, Wagner Carioca voltou e Eder completou o setor ao lado de Leandro Carvalho. Os atacantes Marcelo Soares e Cassiano Bodini movimentaram-se o tempo todo. A defesa, bem protegida, não passou grandes sustos mesmo diante de um adversário que, no segundo tempo, soltou-se de vez. O São Caetano passou os apertos naturais de quem estava em vantagem no placar mas, diferentemente de outros jogos, não rifou a bola, não cometeu faltas desnecessárias. Teve inteligência até para provocar a expulsão de um zagueiro adversário: Marcelo Soares o levou a cometer uma infração desleal.



O técnico Pintado também acertou nas alterações. Bruno Veiga substituiu a um Cassiano Bodini já cansado e passou a ser opção a contragolpes pela esquerda, às costas do lateral-ala Neilton. A mudança obrigou um dos volantes, Guto, a dar cobertura ao setor. No final, Bruno Aguiar substituiu ao contundido Luiz Eduardo e Jardel ao cansado Eder. O São Caetano segurou o controle tático de um jogo em que o Icasa não se intimidou: com três zagueiros, soltou os alas, manteve apenas um volante de marcação mais forte e foi ao ataque. Não esperava enfrentar um time tão bem organizado do outro lado. A classificação desconsiderava essa possibilidade.



Agora o São Caetano prepara-se para enfrentar o Palmeiras sábado na Capital e o Sport, na semana seguinte, em Recife. Esse é o minitrajeto mais complicado rumo a eventual libertação do fantasma do rebaixamento. Se sobreviver com boas possibilidades matemáticas, poderá resistir. Milagres acontecem. Principalmente quando a rezadeira é bem organizada.


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