Esportes

Santo André renova gestão ou
vai desaparecer no futebol

DANIEL LIMA - 25/10/2013

Este texto é uma proposta preliminar ao presidente do Esporte Clube Santo André, Celso Luiz de Almeida, e aos demais dirigentes e conselheiros da agremiação. Entenda-se como proposta preliminar um ajuntamento de parágrafos com uma ideia fixa na cabeça: dar o pontapé inicial para possibilitar que o chamado Ramalhão, em fase terminal de competitividade, comece a traçar novo caminho no futebol profissional. Não vejo futuro algum no Ramalhão sem a retaguarda do clube associativo que nasceu do ventre do futebol e que poderá, caso providências não sejam tomadas, ser a única herança dos estádios.


 


 Sem maiores delongas vou direto à sugestão, cujos detalhamentos poderão ser produzidos em conjunto por um grupo de apoiadores da ideia-matriz.


 


A proposta reta e direta é a seguinte: está na hora de o Esporte Clube Santo André criar nova instância de poder estatutária para renovar o quadro de conselheiros e também de dirigentes de futebol. Trata-se de um processo que não pode ser protelado, porque o tempo passa na catinga da fumaça e a relação de óbitos de conselheiros e dirigentes não espera. O Santo André perde com assiduidade compulsória da longevidade média de seus conselheiros cada vez mais colaboradores que acompanham a equipe de futebol ao longo dos tempos.


 


Por isso precisa pensar em peças de reposição e de potencialização. Introduzir jovens nas instâncias de poder é a melhor saída, senão a única. Antes que a agremiação seja tomada por oportunistas de plantão.


 


Resumidamente, a alternativa é constituir um grupo de 50 novos colaboradores, com idade limite de no máximo 40 anos, e torná-los candidatos a conselheiros do clube. Mas não seriam conselheiros quaisquer. Para ganharem titularidade terão um período de cinco anos de dedicação à agremiação. Ou seja: a lista de 50 jovens comporia uma espécie de vestibular à direção executiva e também deliberativa do Esporte Clube Santo André.


 


Filtro de condicionalidades


 


A efetividade dos nomes elencados à condição de conselheiros titulares do Esporte Clube Santo André e também de eventuais reforços diretivos se daria conforme uma série de condicionalidades que tenham a produtividade como meta. Quem for Santo André do coração e não apenas da boca para fora vai ter vez no processo de rejuvenescimento do clube associativo e do time de futebol.


Ainda não me detive na fórmula participativa dos pré-conselheiros porque entendo que é uma tarefa que deve ser organizada por um grupo de representantes do clube, preferencialmente que conheçam bem a história.


 


Tenho sim o conceito que deveria reger o adensamento da estrutura organizacional da agremiação. O Santo André precisa fazer parte da sociedade como um todo, para que a sociedade como um todo se sinta igualmente responsável pelo futuro da agremiação. Muito do que apresentaria em forma de sugestão está contemplado no planejamento que preparei antes da privatização do Ramalhão pelo Saged, no maior desastre diretivo da história da agremiação. Mas o tempo passou e é sempre possível e indispensável aperfeiçoar as linhas gerais.


 


Essa espécie de revolução no Esporte Clube Santo André, preso demais ao conservadorismo de um estatuto-padrão que amarra a criatividade e os desafios nestes novos tempos. não é tarefa para poucos. O presidente Celso Luiz de Almeida, em fim de mandato, deve seguir no comando da agremiação juntamente com Jairo Livolis, como presidente do Conselho Deliberativo. Por isso, não pode perder a oportunidade de apressar os passos dessa iniciativa.


 


Tempos mais difíceis


 


Duvido que não selecione um grupo de pelo menos 50 jovens decididos a engrossar as fileiras do Santo André. Esse batalhão poderá desenvolver, juntamente com os dirigentes atuais, uma reviravolta na história decadente da agremiação. A Sexta Divisão do futebol brasileiro resume o estado falimentar do futebol do Ramalhão. No passado, recuperar o tempo perdido já seria uma dureza. Hoje, com a centralidade da mídia e dos repasses de marketing nos clubes de massa, as dificuldades se multiplicaram. Levar jovens torcedores ou potenciais torcedores do Santo André às instâncias oficiais do clube, mediante contrapartidas, é a salvação da lavoura. Seria uma cartada e tanto. Seria um tiro de prata. Não poderia falhar depois da hecatombe da privatização malsucedida.


 


A situação do Esporte Clube Santo André é tão grave que não se aceitam meios termos à tomada de inciativas regeneradoras que os jovens comprometidos com a cidade poderiam concretizar. Representantes das torcidas organizadas seriam bem-vindos na equação de reequilíbrio e renascimento do Ramalhão. Ter vários deles é fundamental.  Não poderá faltar ao grupo suplementar aquele sentimento mais aflorado de enxergar a equipe de futebol como um divisor de águas entre o bom humor e o olhar atravessado que separam vitórias de derrotas em campo.  Racionalidade gélida no futebol é tão excludente ao encaixe de soluções quanto emocionalismo abrasivo.


 


Após o fracasso da privatização do Ramalhão pelo Saged só resta a possibilidade de institucionalizar o clube numa dimensão que ultrapasse as fronteiras do Poliesportivo no Parque Jaçatuba e do Estádio Bruno Daniel. Não se fará isso com o grupo de dirigentes atuais, tampouco com um quadro de conselheiros envelhecidos.  O Santo André precisa de sangue novo para uma transfusão de iniciativas que somente os velhos são capazes de formular com a experiência de não repetir erros do passado e os jovens são capazes de executar com a vitalidade orgânica e a criatividade de encurtar a distância entre presente e futuro, tendo, como no caso do Ramalhão, o passado recente como desafio à reação.


 


Estou prontíssimo para alinhavar as propostas práticas, mas creio que há mais gente com possibilidade de fertilizar planos exequíveis para o Ramalhão. O presidente Celso Luiz de Almeida terminaria um segundo e último mandato estatutário com chave de ouro caso resolvesse se ocupar para valer de planejamento para os próximos 30 anos do Esporte Clube Santo André, com minietapas a serem estabelecidas e cumpridas. Por isso tanto ele quanto os demais dirigentes e conselheiros, a grande maioria acima da faixa de 60 anos de idade, não podem esquecer a contribuição de jovens. Cinquenta deles haveremos de reunir. Cinquenta deles haverão de botar fogo numa história esportiva que está se apagando sem que se deem conta da gravidade da situação. 


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