Esportes

Viés de baixa pode acabar e exigir
muito mais pontos do São Caetano

DANIEL LIMA - 28/10/2013

Ao restarem apenas seis rodadas para o encerramento da Série B do Campeonato Brasileiro o São Caetano precisaria de 12 dos 18 pontos em disputa para evitar o rebaixamento. Mas essa projeção dificilmente será mantida. O viés de baixa do índice de aproveitamento das últimas rodadas, quando se deslocou de 46 para 43 pontos, estaria esgotado.


Por isso, o empate de 0 a 0 com o Palmeiras sábado no Pacaembu foi um resultado muito melhor no aspecto motivacional do que classificatório, apesar da derrota do ABC de Natal em Itápolis. O ABC é a primeira equipe fora do grupo de quatro rebaixáveis e aparece no horizonte como a salvação da lavoura não só do São Caetano, mas também do Atlético Goianiense e do Paysandu. O ASA, último colocado e 13 pontos abaixo do ABC, está praticamente na Série C da próxima temporada.


A possibilidade de o São Caetano precisar de mais de 12 dos 18 pontos em disputa para escapar do rebaixamento está ligada ao desempenho do ABC de Natal. Parece cada vez mais consolidada a perspectiva de que, além de superar o Atlético Goianiense e o Paysandu, parceiros de zona de rebaixamento, o São Caetano terá uma disputa particular com o ABC. O time de Natal tem 35 pontos e 10 vitórias, ante 31 pontos e oito vitórias do São Caetano. A diferença de quatro pontos e duas vitórias deve ser eliminada nos seis jogos que restam. Com 36,46% de aproveitamento (35 pontos em 96 disputados), o ABC chegaria a redondos 42 pontos ao final do campeonato.


Entretanto, a perspectiva é de que some mais pontos: disputará quatro dos seis jogos em casa, um dos quais contra o praticamente rebaixado ASA. Já o São Caetano jogará três vezes em casa e três fora. O ABC jogará, na sequência do campeonato, com América (clássico em Natal), Icasa (Natal), Figueirense (Florianópolis), ASA (Natal), Avaí (Natal) e América (Belo Horizonte). O São Caetano jogará com o Sport (Recife), América Mineiro (Anacleto Campanella), Boa (Varginha), Joinville (Anacleto Campanella), América de Natal (Anacleto Campanella) e ASA (Alagoas).


Em termos de pontuação conjunta dos adversários, não há diferença a beneficiar ABC ou São Caetano. Os adversários do time de Natal ganharam até agora 262 pontos, enquanto os do São Caetano chegam a 259. São os quatro jogos em casa e apenas dois fora que podem fazer a diferença – além do distanciamento de quatro pontos na classificação.


Muito dificilmente outra equipe, além das quatro que ocupam a zona de rebaixamento e o ABC de Natal, será incomodada para valer nas rodadas finais pelo fantasma do rebaixamento. Oeste, América de Natal e Bragantino somam 39 pontos e o Guaratinguetá 40. Todas próximas da salvação matemática.


Confirmada estabilidade


O empate de 0 a 0 com o Palmeiras confirmou que o São Caetano de Pintado parece ter encontrado o eixo tático, embora ainda não tenha rendimento que garanta escalada fenomenal nas últimas rodadas. Como no jogo anterior (vitória diante do surpreendente Icasa), o São Caetano mostrou disciplina tática defensiva que inspira confiança. Mas ainda requer reparos ofensivos. O time de Pintado defende-se melhor do que ataca, quando a dramaticidade classificatória exige equilíbrio tanto para defender quanto para fazer gols.


O Pacaembu lotado que esperou pela festa de retorno do Palmeiras à Série A transformou-se em grande decepção principalmente porque o São Caetano resolveu não aceitar o convite para dançar. Jogou com seriedade, marcou o tempo todo e contragolpeou com dificuldades, mas o suficiente para criar quatro ótimas oportunidades.


Não fosse a liberdade para Valdívia criar as principais jogadas do Palmeiras no primeiro tempo, o São Caetano teria dado uma lição de como se defender ante um adversário mais qualificado. Mas o técnico Pintado corrigiu a deficiência no segundo tempo, quando trouxe do intervalo o segundo volante Anselmo em substituição ao pouco útil Jardel. Anselmo passou a vigiar um Valdívia que se cansou na medida em que era exigido a deslocamentos. O Palmeiras chegou a intensificar o ritmo de jogo no começo do segundo tempo, mas bastou encaixar a marcação pelas laterais para o São Caetano evitar transtornos.


Se Pintado acertou na entrada de Anselmo e também ao fazer do experiente Fabinho um terceiro zagueiro móvel que atuava de volante quando a equipe tinha posse de bola, errou ao substituir o cansado Cassiano Bodini por um preguiçoso Geovane. Deixar o veloz e ágil Anderson Pimenta mais uma vez no banco é desprezar uma alternativa de contragolpe rápido e tornar as tentativas de ataques previsíveis. Ainda mais que o centroavante Marcelo Soares sentiu o peso da falta de ritmo de jogo e aos poucos trocou a velocidade e os deslocamentos às costas dos laterais palmeirenses por uma centralidade de posicionamento facilitadora aos zagueiros.


Convite rejeitado


O São Caetano pode ter desagradado aos palmeirenses e também aos críticos que imaginavam que o jogo da festa alviverde teria muitos gols, mas deve servir de inspiração ao confronto contra o Sport, neste final de semana. Com o empenho tático de cada jogador, em contribuição que faz a diferença coletiva, o time de Pintado só precisa ajustar os contra-ataques.


Ainda há vácuos de produção, com perda da estabilidade tanto na posse de bola quanto no excesso de lançamentos. O tempo é escasso, mas o São Caetano dá sinais de que pode, finalmente, encontrar o meio termo que faltou durante todo o campeonato, ou seja, o ponto de equilíbrio entre sistema defensivo e sistema ofensivo.


Para tanto, o técnico Pintado não pode insistir com um meio-campista que nem marca nem dá suporte ofensivo, como Jardel, com um atacante dispersivo como Geovane e tampouco deixar no banco de reservas uma opção de individualidade incômoda aos adversários, como Anderson Pimenta. Sem contar o rápido e inteligente Bruno Veiga, outro reforço de última hora e que só não atuou ou ficou no banco contra o Palmeiras porque está contundido. O retorno de Fabinho é um achado que dá personalidade defensiva ao time. Experiente, desempenha função tática que nem todo mundo consegue observar, mas que influencia o posicionamento de zagueiros e meio-campistas.


Com 86,5% de probabilidade de queda, segundo o site Chance de Gol, o São Caetano melhorou residualmente em relação à rodada passada, quando contabilizava 88,1%. O ABC de Natal reúne 36,4% de risco, mas como joga um clássico com o América no final de semana, quem sabe o viés previsivelmente de alta não siga em queda? Frequentar a zona de rebaixamento é uma odisseia. O nível da água de possível salvação pode subir e descer ao sabor dos resultados. O ABC é o pêndulo da vez, mas não está descartada a possibilidade de um dos três mais ameaçados que constam da zona de rebaixamento assumir a posição em escassas rodadas futuras.


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