Esportes

São Caetano desperdiça rodada que
poderia abrir caminho da redenção

DANIEL LIMA - 04/11/2013

A derrota do São Caetano diante do Sport no Recife por 3 a 0 na tarde de sábado não significou apenas a perda de três pontos. Todos os adversários com os quais concorre para fugir do rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro se deram mal na rodada. O ABC de Natal jogou em casa o clássico com o América e só empatou, o Atlético Goianiense perdeu em casa para o Ceará por 3 a 1, o Paysandu foi derrotado em Joinville por 4 a 2 e o ASA perdeu em Belo Horizonte de 1 a 0 para o América. Resumo da ópera: ao faltarem apenas cinco rodadas para o encerramento do campeonato o ASA está praticamente rebaixado, a situação do São Caetano se agravou, enquanto Atlético Goianiense, ABC de Natal e Paysandu jogam para tentar escapar. Com a queda iminente do ASA, só restariam três vagas ao rebaixamento. O São Caetano precisa ultrapassar Atlético Goianiense, ABC e Paysandu.


 


A situação é tão dramática que o site Chance de Gol, que mede o tamanho do risco de rebaixamento com base em ponderações estatísticas, elevou o índice do São Caetano a 93,1%, contra 68,6% do Paysandu, 55,1% do Atlético Goianiense e 43,4% do ABC de Natal. Bragantino, América de Natal, Guaratinguetá e até o Oeste de Itápolis aparecem na lista, mas de forma residual. O ASA está 99,96% na Série C.


 


Veja a situação das cinco equipes que lutam mais diretamente para não cair à Série C:


 


1. ASA – Tem 26 pontos ganhos, oito vitórias, 36 gols a favor e 68 contra. Joga nas próximas rodadas com o Avaí e o Guaratinguetá em Arapiraca, visita o ABC e o Figueirense e encerra a competição com o São Caetano, em Arapiraca.


 


2. São Caetano – Tem 31 pontos ganhos, oito vitórias, 39 gols a favor e 52 contra. Joga nas cinco rodadas finais contra o América de Minas (nesta terça no Anacleto Campanella), Boa (em Varginha), Joinville (Anacleto Campanella), América de Natal (Anacleto Campanella) e ASA (Arapiraca).


 


3. Paysandu -- Tem 35 pontos ganhos, nove vitórias, 35 gols a favor e 50 contra. Disputará os últimos cinco jogos com Oeste e Palmeiras (em Belém do Pará), Icasa (fora), Bragantino (em casa) e Sport (no Recife).


 


4. Atlético Goianiense – Tem 35 pontos ganhos, nove vitórias, 34 gols a favor e 43 contra. Jogas nas cinco últimas rodadas com Bragantino fora, Sport em Goiânia, América de Minas e Oeste fora e enfrenta em Goiânia o Guaratinguetá na última rodada.


 


5. ABC – Tem 36 pontos, 10 vitórias, 39 gols a favor e 55 contra. Joga as últimas cinco partidas com Icasa (Natal), Figueirense (Florianópolis), ASA e Avaí (Natal) e América (Belo Horizonte).


 


Rodada desmembrada


 


A rodada 34 da Série B será desmembrada ao longo da semana, fórmula inadequada ao equilíbrio da competição. Como as competições nacionais estão vinculadas a contratos com emissoras de TV, não é possível exigir critérios esportivos acima de critérios econômicos. Com isso, o São Caetano que joga nesta terça-feira em casa ante o América de Minas terá o placar como referencia aos demais ameaçados. O outro jogo da noite desta terça-feira envolve Chapecoense e América de Natal, em Santa Catarina. Nesta sexta-feira jogam Bragantino e Atlético Goianiense, ASA e Avaí e Boa Esporte ante o Paraná. A rodada se completa sábado com Palmeias e Joinville, Paysandu e Oeste, Ceará e Sport e ABC de Natal diante do Icasa. Paysandu e ABC vão jogar após conhecerem com muita antecedência os resultados dos demais ameaçados.


 


Ganhar do América nesta terça-feira é a única alternativa para o São Caetano continuar na expectativa de salvar-se. A projeção do índice de aproveitamento aponta que com 43 pontos é possível escapar do rebaixamento. A medição é simples: o ABC de Natal, primeira equipe fora da zona de queda, tem 36,36% pontos de aproveitamento na competição, o que extrapolado à rodada final indicaria 42 pontos ganhos. O índice de aproveitamento é móvel. A primeira equipe fora da zona de corte é que define o quociente, resultado da divisão de pontos conquistados pelos pontos disputados. O ABC ganhou 36 dos 99 pontos. 


 


A permanecer o índice referenciado pelo ABC de Natal, o São Caetano teria de somar 12 dos 15 pontos que restam, nada menos que 80% de aproveitamento. Não à toa situa-se acima de 90% nas probabilidades de queda. Mas ainda não pode jogar a toalha porque tem três confrontos em casa e os dois fora são contra equipes sem ambições: o Boa nem subirá nem descerá e o ASA, até que a última rodada chegue, já estará na Série C. Aliás, pode ser rebaixado já nesta rodada: basta perder e o ABC vencer.


 


Ataque de menos


 


Certo mesmo é que o time que o técnico Pintado vai escalar ante o América Mineiro terá de ser mais ofensivo que o do jogo de sábado no Recife. O resultado de 3 a 0 foi excessivamente largo. Pesou mesmo que o Sport foi cirúrgico. Foram poucas oportunidades criadas, mas letais. O centroavante Neto Baiano anotou dois gols típicos de artilheiro e não teve nenhuma outra situação para marcar. E o meia-atacante Marcos Aurélio acertou um chute lotérico já no período de descontos.


 


Mesmo sem mobilidade para ocupar espaços ofensivos, o São Caetano poderia ter tido sorte melhor ante o Sport. O time de Recife é o terceiro colocado na classificação geral, mas está longe de ser imbatível. O erro do São Caetano foi não saber dosar marcação e ofensividade ante um adversário que tem uma das piores defesas entre as 10 equipes que lutam para subir – 48 gols em 33 jogos, apenas quatro gols a menos que o São Caetano.


 


O Sport pedia para tomar gol, mas o São Caetano foi muito acanhado. Tanto que, ao se soltar no começo do segundo tempo, construiu duas ótimas oportunidades. Entretanto, como sofreu o segundo gol logo em seguida, o que se viu dai em diante foi um jogo morno: o São Caetano sem fibra para reagir e o Sport mais preocupado em gastar o tempo.


 


A evolução que o time de Pintado exibiu nas duas rodadas anteriores não se confirmou ante o Sport. A experiência de Fabinho como misto de volante e terceiro zagueiro é interessante, mas é incompleta: os demais jogadores do meio de campo (Leandro Carvalho, Wagner Carioca e Eder) não se oferecem como alternativas à subida dos laterais e tampouco em penetrações internas. Sem o apoio do meio-campo e também com os laterais cautelosos demais, Marcelo Soares e Cassiano Bodini só não ficaram completamente isolados porque também recuavam e se deslocavam em busca de espaços para raras jogadas de aproximação.


 


Em contraponto à fragilidade defensiva, o Sport esbanja ofensivismo. Só manteve um volante mais fixo e soltou os demais jogadores ao ataque. Dos laterais, apenas Marcelo Cordeiro se preocupou mais com a marcação. A troca constante de posicionamento, as aproximações, os cruzamentos em diagonal e um centroavante sempre pronto a dar o bote fazem do Sport um time do meio para frente respeitável.


 


O São Caetano sabia disso, jogou preocupado em fechar os espaços, mas se descuidou nos dois primeiros gols típicos de jogadas treinadas: cruzamentos para Neto Baiano. O gol de Marcos Aurélio não pode ser contabilizado como consequência de virtude de quem fez associada a deficiência de quem sofreu. Tratou-se de algo quase extraterrestre que encaixou um resultado muito além da vantagem geral menos escandalosa do time da casa.


 


Adversário indigesto


 


É de se acreditar que o técnico Pintado colocará em campo nesta terça-feira um time mais ofensivo, mas não pode se descuidar do América de Minas, que luta pelo G-4, o grupo dos bem-aventurados à Série A da próxima temporada. O time mineiro tem como principal característica tropeçar em casa e surpreender como visitante.


 


Terceira melhor defesa da Série B, com 37 gols em 33 jogos, ao lado do Boa Esporte, o América Mineiro precisa ser decifrado em tempo por Pintado. Os gols de Neto Baiano no Recife são exemplares de treinamentos e aplicação. O São Caetano não detectou ou não se preparou conveniente à jogada. Tanto que não se pode dar a Fernandinho, lateral de baixa estatura, a prerrogativa de marcar o atacante em bolas lançadas em diagonal, como no primeiro gol, nem permitir que Wagner, no segundo gol, se descuidasse da bola cruzada no chamado ponto futuro pelo lateral Patrick. Um ponto futuro previamente escolhido para Neto Baiano deslocar-se, saltar e fazer o gol de cabeça. 


Leia mais matérias desta seção: Esportes

Total de 985 matérias | Página 1

05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André
26/07/2024 Futuro do Santo André entre o céu e o inferno
28/06/2024 Vinte anos depois, o que resta do Sansão regional?
11/03/2024 Santo André menos ruim que Santo André. Entenda
05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?
01/03/2024 Só um milagre salva o Santo André da queda
29/02/2024 Santo André pode cair no submundo do futebol
23/02/2024 Santo André vai mesmo para a Segunda Divisão?
22/02/2024 Qual é o valor da torcida invisível de nossos times?
13/02/2024 O que o Santo André precisa para fugir do rebaixamento?
19/12/2023 Ano que vem do Santo André começou em 2004
15/12/2023 Santo André reage com “Esta é minha camisa”
01/12/2023 São Caetano perde o eixo após saída de Saul Klein
24/11/2023 Como é pedagógico ouvir os treinadores de futebol!
20/11/2023 Futebol da região na elite paulista é falso brilhante
16/10/2023 Crônica ataca Leila Pereira e tropeça na própria armadilha
13/10/2023 Por que Leila Pereira incomoda tanto os marmanjos do futebol?
10/10/2023 São Bernardo supera Santo André também no futebol
10/08/2023 Santo André prestes a liquidar R$ 10 mi de herança do Saged