Esportes

São Caetano chega ao limite e
rebaixamento é quase certo

DANIEL LIMA - 06/11/2013

O empate de ontem à noite (1 a 1) com o América de Minas no Estádio Anacleto Campanella levou o São Caetano ao limite das possibilidades de fugir de rebaixamento na Série B do Campeonato Brasileiro. Agora com 32 pontos ganhos, poderá atingir no máximo 44 pontos, caso vença as quatro partidas que lhe restam. Muito dificilmente um dos três concorrentes com os quais disputa o respiradouro da fuga deixará de superar essa marca. Todos jogam sexta e sábado com a vantagem dos dois pontos que ganharam individualmente com o empate do São Caetano.


Só existe uma maneira de o São Caetano reduzir a carga de prejuízo do empate: caso ABC de Natal, Paysandu e Atlético Goianiense sejam derrotados na sequência da 34ª rodada. É provável que o Atlético Goianiense perca em Bragança Paulista para um Bragantino que não quer entrar no raio de ação dos rebaixáveis, mas não se deve ter a mesma perspectiva do confronto que o ABC fará em casa com o Icasa e também do Paysandu em Belém do Pará com o Oeste.


O Icasa até pode ajudar, porque joga por uma vaga na Série A, mas o Oeste, que visita o Paysandu, está na zona de conforto de quem nem subirá nem descerá.


Se não houver uma combinação mais que otimista de resultados que transformem o empate com o América de Minas em ponto positivo, o índice de probabilidade de o São Caetano disputar a Série C no ano que vem será ainda maior do que o atualizado pelo site Chance de Gol. Antes do empate com os mineiros o São Caetano, penúltimo colocado, contabilizava 93,1% de possibilidades de queda. Agora são 96,5%. Uma vitória do ABC ante o Icasa provavelmente elevaria a 99% o risco de rebaixamento. O São Caetano soma 32 pontos, Paysandu e Atlético Goianiense 35 e o ABC 36. Sem superá-los na classificação ao final da 38ª rodadas, a Série C viraria realidade. O ASA de Arapiraca tem apenas 26 pontos e está virtualmente rebaixado.


Empate, um presente


Embora desastroso, o empate com o América foi praticamente um presente para o São Caetano. Sobretudo por causa de três oportunidades seguidas, no final do jogo, que o time mineiro desperdiçou. Ante a pressão pelos três pontos que o colocaria no G-4, grupo dos bem-aventurados à Série A do ano que vem, o América parecia satisfeito com o empate num jogo bastante equilibrado. É verdade que o América foi melhor, tomou a iniciativa de ataque e incomodou mais o São Caetano no primeiro tempo, mas construiu poucas oportunidades. O gol logo a um minuto e 20 segundos, num chute de fora da área do volante Andrei, aumentou a tensão no São Caetano. Mas o empate aos 12 minutos, numa jogada individual de Cassiano Bodini, minimizou os estragos emocionais de um time mandante incapaz de acertar um segundo ou terceiro passe seguido.


Levando-se em conta que o América é especialista em ganhar jogos fora de casa e que saiu na frente no placar, o São Caetano não tem razões para lastimar. Até porque não fez em campo o que um time mandante tem obrigação de fazer: pressionar o adversário e criar oportunidades. A tensão parece consumir a equipe. Falta mobilidade na ocupação dos espaços, o ataque se resume a poucos jogadores e os compartimentos seguem distantes: defesa é defesa, meio de campo é meio de campo e ataque é ataque. Raramente há fusões e complementações intersetoriais. Um time óbvio na marcação e no ataque.


Mais uma vez o técnico Pintado utilizou-se do 3-5-2 híbrido, sistema no qual o volante Fabinho vira zagueiro quando o adversário ataca. A sincronia defensiva voltou a funcionar, mas ofensivamente o São Caetano pecou demais. Os laterais pouco apoiaram, os volantes Leandro Carvalho e Wagner Carioca pouco infiltraram, o armador Éder se limitou a lançar e a acompanhar de longe o complemento da jogada sem comprometer-se em aproximar-se dos atacantes e os atacantes Marcelo Soares e Cassiano Bodini ficaram isolados novamente. E apenas Cassiano Bodini se movimentou em busca de saídas.


As mudanças no segundo tempo deram um pouco mais de dinamismo à equipe. Bruno Veiga foi mais incisivo que Marcelo Soares e Anselmo mais ofensivo que Leandro Carvalho. Mas o centroavante Gian Carlo, que substituiu o lateral Diego, em péssima noite, fez um tratado estranho com a bola: resolveu fugir do espaço ocupado pelo objeto de desejo de cada jogador. Gian Carlo e a bola tomaram caminhos sempre distintos.


Talvez tenha faltado ao América considerar mais prioritariamente os três pontos. Sorte do time de Pintado, porque toda vez que os visitantes ousavam soltar as amarras táticas, mais complicações causaram. Uma das armas dos mineiros e que explica o sucesso em jogos fora de casa é que os dois volantes se metem ataque adentro em determinadas situações do jogo, principalmente quando há maior retenção de bola nas laterais exatamente para lhes proporcionar aproximações, infiltrações e finalizações. O gol de Andrei saiu de uma jogada assim. E outras oportunidades acabaram se repetindo.


O América Mineiro é tão eficiente fora de casa que 29 (56,86%) dos 52 pontos conquistados no campeonato foram na condição de visitante. Ou seja, os demais 45,09% de aproveitamento têm as marcas do Estádio Independência, em Belo Horizonte. Repetisse em casa o que faz em campos inimigos o América teria 58 pontos e estaria praticamente classificado. Dos 17 jogos que disputou fora, ganhou oito, empatou cinco e perdeu apenas quatro. Uma campanha semelhante a do São Caetano no ano passado. A diferença é que o São Caetano foi mais efetivo ainda ao somar 71 pontos ao final da competição. Uma marca que o Chapecoense, com 62 pontos e praticamente classificado à Série A, dificilmente alcançará.


Resultados improváveis


Imaginar que o São Caetano possa vencer os quatro jogos que restam é exercitar otimismo incontido. As limitações coletivas não desaparecem. Há apenas situações de inspiração durante determinado período dos jogos. No conjunto dos 90 minutos prevalecem oscilações, incorreções de posicionamento defensivo e ofensivo, lentidão e baixa capacidade de infiltração do meio de campo. De permanente mesmo sobrepõe-se o semblante de terror de um grupo de jogadores que sabe o peso que carregam ao levar para uma Série C uma agremiação que durante a década passada se converteu na maior novidade do futebol brasileiro ao acumular finais e título paulista, dois vices do Brasileiro e um vice da Libertadores da América. O São Caetano rebaixável pesa mais para os jogadores do que para maioria das equipes da Série B do Brasileiro.


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