Esportes

São Caetano está por um fio na luta
contra rebaixamento na Série B

DANIEL LIMA - 13/11/2013

O São Caetano que perdeu de 1 a 0 para o Boa Esporte ontem à noite em Varginha, Minas Gerais, gol marcado aos 44 minutos do segundo tempo, está irremediavelmente na Série C do Campeonato Brasileiro do ano que vem. Só por conta de preciosidade matemática e equipe da região não está oficialmente rebaixada. As possibilidades de o São Caetano salvar-se são semelhantes às do Cruzeiro deixar de ganhar o título da Série A. A questão é exclusivamente cronológica.


 





A combinação de resultados da rodada disputada ontem à noite poderia ser dispensada pela singularização do placar do São Caetano. A derrota em Minas Gerais reduziu a potencialidade prática de somar mais que 41 pontos, tendo em vista faltarem apenas três rodadas. Basta o ABC de Natal ou o Paysandu ganhar um dos três jogos que restam para o São Caetano cair.


 






A luta das equipes contra o rebaixamento é semelhante à luta de quem quer chegar à Série A. Enquanto no topo da classificação o Palmeiras e o Chapecoense já estão garantidos como membros efetivos do G-4, na zona de rebaixamento o São Caetano e o ASA, com 32 pontos, já estão irremediavelmente batidos. As duas vagas do chamado Z-4, de fuga de descenso, envolvem seis equipes: Bragantino e América de Natal têm 42 pontos, Guaratinguetá 41, ABC e Paysandu 39 e Atlético Goianiense 38.


 


Já a disputa pelas duas vagas que restam ao acesso reúne oito concorrentes: Sport, Icasa e Ceará com 56 pontos, Figueirense com 55, Joinville, Avaí e América de Minas com 53 e Paraná com 51. Fora mesmo de qualquer possibilidade na competição estão o Boa Esporte (50) e o Oeste de Itápolis (44).


 






Rebaixamento no sábado?


 






É muito provável que o São Caetano assine a inscrição à Série C do ano que vem já neste sábado, na antepenúltima rodada. Independente do resultado em casa ante o Joinville, o São Caetano será rebaixado se o ABC ganhar em casa do ASA ou se o Paysandu superar o Icasa em Juazeiro do Norte. Qualquer uma das duas equipes chegaria a 42 pontos e se tornaria inalcançável ao São Caetano. Se empatar ou perder no Estádio Anacleto Campanella, o São Caetano estará na Série C do ano que vem mesmo que ABC e Paysandu sejam derrotados.


 






Não é por outra razão que o site Chance de Gol elevou a 99,8% as probabilidades de descenso do São Caetano, contra 99,93% do ASA de Arapiraca, 62% do Atlético Goianiense, 60,2% do Paysandu, 34,4% do ABC de Natal, 20,4% do Guaratinguetá, 12% do América de Natal e 9,8% do Bragantino. Na primeira página de classificação, o Figueirense desponta com possível integrante da Série A com 44,8%, contra 61,6% do Sport Recife, 36,9% do Icasa,  31,4% do Ceará, 6,4% do Joinville, 12,1% do Avaí, 5,0% do América de Minas e 1,8% do Paraná.


 






A derrota no final


 






Não se pode afirmar que o São Caetano derrotado em Varginha tenha pecado pelo conformismo. O time preparado por Pintado utilizou três atacantes (Gian Carlo, Cassiano Bodini e Anderson Pimenta), um meia de armação (Daniel Bueno), um volante fixo (Fabinho) e um segundo volante solto (Anselmo), além dos laterais Samuel Xavier e Diego que não costumam ficar apenas na marcação. O Boa Esporte, igualmente necessitado dos três pontos, também foi ao ataque. O paradoxo é que apesar dos vieses ofensivos, o primeiro tempo foi controlado pelas defesas. No segundo tempo o jogou evoluiu mais, houve mais oportunidades de gol, até que o Boa, em contragolpe, venceu quanto tudo indicava que o empate prevaleceria.


 






O São Caetano repetiu com uma formação tática diferente o que apresentou ao longo da competição: excesso de lançamentos, baixa capacidade de triangulações laterais e centrais, infiltrações raras, baixa intensidade, oscilação de rendimento. Tudo como consequência da frágil interatividade entre os setores de defesa, meio de campo e ataque. Terceiro pior sistema defensivo entre os 20 concorrentes (54 gols sofridos em 35 jogos disputados) e 12º (40 gols) no ranking ofensivo, o São Caetano perpetuou durante a Série B um desequilíbrio que destrincha as razões do insucesso. Marcar menos gols que boa parte dos participantes e sofrer mais gols que a quase totalidade não são combinação de respeito.


 






Em Varginha não foi diferente, mesmo que não tenham faltado momentos em que a equipe parecia pronta para desencantar ofensivamente. Mas é exigir demais quando apenas dois jogadores (Fabinho e Anselmo) atuaram no nível de um time que pretendia somar três pontos para ainda respirar com possibilidades de sucesso na Série B.


 






Nem mesmo o atacante Anderson Pimenta, inexplicavelmente retirado do time nas últimas rodadas, jogou tudo o que sabe. A potencialidade de individualizar as jogadas prescinde também de companheiros próximos como opção de passe e de construção coletiva. Mesmo assim teve duas oportunidades letais para marcar. Outras duas de impacto semelhante tiveram Gian Carlo como autor?


 






O São Caetano viveu uma tragédia classificatória na Série B porque raramente entendeu que a distribuição de peças em campo não significa congelamento. Sem mobilidade sincronizada, individualidades tendem a sofrer limitações. Nenhum dos três treinadores que passaram pela equipe conseguiu dar dinamismo à equipe. Na linguagem do futebol, o São Caetano não encaixou um esquema vencedor.


 





Trata-se de um fenômeno tão comum no futebol quanto o inverso. Caso do Cruzeiro, virtual campeão da Série A com uma coleção de contratações que encontrou a harmonia na complementaridade das individualidades. Quando o conjunto prevalece, o valor individual cresce extraordinariamente. Quando se dá o contrário, a tendência é de se reduzir o valor individual que muitas vezes se manifesta em seguida, vestindo outra camisa.


 






O São Caetano para a próxima temporada na Série B do Campeonato Paulista e na Série C do Campeonato Brasileiro é um pisar em ovos, porque terá de distinguir o quanto a ausência de uma força coletiva durante toda a temporada de 2013 atrapalhou o potencial de cada jogador de que dispõe.  Distinguir individualidades na barafunda do coletivismo não é tarefa fácil.


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