O presidente Luiz Fernando Teixeira desponta como dirigente esportivo mais impetuoso destes tempos na região. Impetuosidade é um atributo tão positivo quanto negativo. Depende da situação, das circunstâncias. Do jeito que vai indo, Luiz Fernando Teixeira dará com os burros nágua. Ou tem mais cacife do que se imagina para peitar gente poderosa do esporte. Ao mesmo tempo em que dá peitadas, se mete em seara alheia com certo grau de inconveniência, quando não de abelhudice.
O dirigente que pretende colocar o futebol de São Bernardo no circuito nacional sabe que dificilmente o conseguirá no ano que vem, quando acumulará agenda turbinadíssima ao concorrer a deputado estadual, porta de entrada na tentativa de substituir a Luiz Marinho no comando da Prefeitura mais rica da região.
O sonho de chegar à Série D do Campeonato Brasileiro no ano que vem, e fazer da conquista estardalhaço e tanto com carro do Corpo de Bombeiros nas ruas, é um sonho que virou pesadelo. Tudo porque não combinou com os russos da Federação Paulista de Futebol. O regulamento da competição estragou a festa da distribuição favorável das equipes nos agrupamentos da Série A do Campeonato Paulista, também conhecido por Série A-1.
Luiz Fernando Teixeira está tiririca da vida com a cúpula da Federação Paulista de Futebol da qual tanto se aproximou no ano passado ao contar com a cobertura do ex-presidente Lula da Silva, presidente de honra do São Bernardo. Tudo porque as facilidades aparentes de constar de um grupo de equipes que facilitaria a chegada à Série D do Campeonato Brasileiro foram dinamitadas pelas especificações regulamentares. O São Bernardo só alcançará a última instância nacional se ficar entre os dois primeiros colocados do grupo na fase classificatória da Série A Paulista. Como os adversários são nada menos que Santos, Portuguesa, Ponte Preta e Paulista de Jundiaí, as probabilidades são ínfimas.
Ora, se ficar fora de um dos dois primeiros lugares do grupo, que daria direito a participar das quartas-de-final, o São Bernardo estará automaticamente alijado da Série D do Brasileiro. As duas vagas a preencher serão ocupadas compulsoriamente por equipes igualmente pequenas que integrarão outros grupos e que não terão como ser excluídas das quartas-de-final da competição, mesmo que somem muito menos pontos ao final da fase classificatória que o São Bernardo.
Regulamento confuso
Quando a ficha de Luiz Fernando Teixeira caiu, ou seja, quando constatou que a pontuação geral não tem necessariamente valor como instrumento classificatório à Série D do Brasileiro, porque o conceito de primeiros colocados é determinado pela qualificação às quartas-de-final do Paulista, a revolta se instalou. Com razão, diga-se de passagem. O São Bernardo poderá somar muito mais pontos que Botafogo de Ribeirão Preto, Penapolense, Atlético Sorocaba e outras equipes e, por conta de não classificar-se entre os dois primeiros do grupo em que foi relacionado, cairia no vazio da eliminação do Brasileiro.
Sei que ao leitor comum é difícil entender e mesmo destrinchar o regulamento da Série A do Campeonato Paulista e a razão da grave indisposição do presidente do São Bernardo com a cúpula da FPF. Em termos metafóricos, na tentativa de facilitar a compreensão do disparate, imagine que num concurso de beleza a candidata do São Bernardo classifique-se nas primeiras posições mas não participa da fase seguinte porque as 20 concorrentes foram divididas e a ordem classificatória é grupal, não geral.
O São Bernardo de Luiz Fernando Teixeira só terá possibilidade de chegar à Série D do Brasileiro no ano que vem se superar na fase classificatória três dos quatro integrantes do agrupamento em que se meteu. Santos, Portuguesa e Ponte Preta integram neste ano o circuito classe A do Campeonato Brasileiro. Na classificação nacional história, trata-se de um grande (Santos), um grande-médio (Portuguesa) e um médio-médio (Ponte Preta). O Paulista de Jundiaí, que completa o grupo, é um pequeno-grande.
Ataque ao São Caetano
Se está forrado de razão ao reclamar da FPF, embora haja muita informação contraditória sobre o ritual que definiu tanto a distribuição das equipes nos grupos como o regulamento da competição, Luiz Fernando Teixeira errou feio ao se meter como comentarista que não é, muito pelo contrário, no rebaixamento do São Caetano à Série C do Campeonato. Leiam o que o Diário do Grande ABC publicou na edição de ontem:
(...) Nos últimos dias o nome do atacante Geovane, do São Caetano, teria despertado o interesse do São Bernardo. Mas o próprio presidente fez questão de desmentir essa informação, ressaltando que nenhum jogador do time vizinho interessa ao Tigre. “Geovane é um nome que não queremos. Ninguém que disputou a Série B pelo São Caetano faz parte de nossos planos. Os jogadores não conseguiram honrar a camisa do clube durante a competição, mostrando-se bastante descomprometidos com a situação do time. Não queremos”, enfatizou Teixeira.
Convenhamos que as declarações de Luiz Fernando Teixeira são um monumento à esculhambação do relacionamento diplomático entre as duas agremiações. Há uma dualidade avaliativa explícita. Há entrelinhas a sugerir uma defesa discreta da diretoria do São Caetano, mas igualmente uma conotação de que a mesma diretoria não teve pulso para enquadrar os jogadores, generalizadamente rifados pelo presidente do São Bernardo.
As razões que levaram o São Caetano ao rebaixamento não são prioritariamente de ordem comportamental dos jogadores. Escreverei sobre o assunto na próxima semana. Independentemente do juízo de valor de Luiz Fernando Teixeira sobre o São Caetano, certo é que o dirigente do São Bernardo faltou com a ética que rege as relações entre clubes, principalmente entre clubes tão próximos. A critica é oportunista e desrespeitosa não necessariamente pelo conteúdo, porque a liberdade de expressão vale para todos, mas pelo desprezo ao bom senso.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André