O São Caetano que volta a campo nesta noite de quarta-feira pela segunda rodada do turno único da Série B do Campeonato Paulista tem dois desafios importantes a superar: acelerar o novo conceito aplicado pelo técnico Nedo Xavier no jogo de estreia contra a Itapirense, na derrota por
Acostumado a jogar os campeonatos mais importantes do País, a Série A do Campeonato Paulista e a Série B do Campeonato Brasileiro, o São Caetano enfrenta o transtorno pedagógico de encarar uma competição relegada às traças de arbitragem pela Federação Paulista de Futebol. O árbitro em Itapira, Maurício Antônio Fioretti, foi uma associação de incompetência técnica e escracho disciplinar. Caseiro, tudo foi permitido ao time mandante, inclusive o cometimento de dois pênaltis escandalosos. É esse o padrão dos apitadores da Série B, garantem experientes cronistas esportivos.
Cometerá grave erro quem julgar as perspectivas do São Caetano na Série B Paulista tão-somente pela derrota em Itapira. É verdade que numa competição de tiro curto, em que 19 jogos vão decidir os quatro classificados que disputarão a Série A do ano que vem, qualquer tropeço pode ser fatal. Entretanto, o time de Nedo Xavier deu sinais de que poderá disputar mesmo os primeiros lugares.
Um novo conceito está sendo incorporado a um grupo renovado mas ainda com ranço do passado. A organização coletiva, com ocupação de espaços de forma agressiva entremeada com marcação a partir do ataque, praticamente encaixotou o adversário no próprio campo durante a maior parte do jogo. O período de domínio absoluto acabou se tornando inócuo ofensivamente, porque sempre faltava uma arrumação de jogada à finalização letal. Somente treinos e treinos podem reduzir a carga de desperdício.
Cansaço atrapalha
Além disso, o São Caetano deu claros sinais de cansaço físico. Tanto que sofreu os dois gols em contragolpes nos últimos 15 minutos do jogo. Um resultado comemorado ruidosamente pela torcida de Itapira, cidadezinha agradável na região de Mogi Mirim. O Itapirense jogou praticamente todo o tempo no erro do São Caetano ao atuar defensivamente e explorar os contragolpes. O experiente centroavante Finazzi estreou, incomodou os zagueiros Fabinho e Eli Sabiá mas somente após substitui-lo o Itapirense encontrou o caminho do gol: o time ganhou mais velocidade nas jogadas longas, às quais recorreu todo o tempo, justamente quando os zagueiros de área já davam sinais de cansaço e estavam menos protegidos após a troca do versátil e marcador Esley pelo atacante Caleb.
As virtudes do São Caetano foram insuficientes para vencer um jogo em que os três pontos pareciam compulsórios. O time de Nedo Xavier valoriza a posse de bola, raramente faz ligação direta entre defesa e ataque, explora as laterais, movimenta-se constantemente no ataque com os jovens Danielzinho e Jackson, avança o meio de campo e dificilmente perde um passe. Tudo muito interessante, mas com um viés de baixa letalidade ofensiva. Deve-se levar em conta também, nesse jogo, a voracidade dos zagueiros em cometer faltas e a complacência do árbitro, ignorando os lances e relevando cartões amarelos.
É claro que é começo de temporada e que é preciso dar tempo à sistematização com intensidade indispensável. Para que não haja atropelo emocional, ganhar na noite desta quarta-feira do Batatais e no sábado do Guaratinguetá, no Estádio Anacleto Campanella, é fundamental. Não há conceito, por mais instigante que seja, capaz de resistir a derrotas. Se não tiver respaldo psicológico, o São Caetano poderá correr o risco de voltar ao futebol de mesmices do ano passado, quando insistiu em tentar encurtar a construção ofensiva com chutões aos atacantes combinados com vulnerabilidades na marcação.
Da água para o vinho
Mais que a atuação individual dos titulares e dos jogadores aproveitados por Nedo Xavier durante o jogo de estreia, o que ficou patente em Itapira é que o São Caetano pode mudar o estilo de jogar da água para o vinho. Um jogo de triangulações laterais e centrais, mobilização dos jogadores na marcação e no ataque, velocidade combinada com passes precisos -- tudo isso e muito mais que apresentou até os 20 minutos do primeiro tempo e também nos 20 minutos iniciais do segundo tempo sugerem que o tempo de preparação da equipe não foi um desperdício.
Falta apurar o condicionamento físico, que pareceu precário demais após o período de mobilização nos dois tempos de jogo. Sem contar que o renovado time ainda parece carregar o peso dos decepcionantes resultados do ano passado.
Sem descontaminar fatores que atingem a autoestima, o técnico Nedo Xavier terá trabalho redobrado para obter resultados. Mostrar diante de sua torcida, ante o Batatais, que o São Caetano pode voltar aos tempos de prestígio em que unia técnica, velocidade e comprometimento coletivo, é o desafio do técnico Nedo Xavier. Nada mal. Afinal, nada melhor que uma nova perspectiva em campo para transformar um novo ano em novo ano de verdade.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André