Sozinho, em seis jogos, o Botafogo de Ribeirão Preto marcou mais gols na Série A do Campeonato Paulista do que o São Bernardo (na mesma Série A), o Santo André e o São Caetano (na Série B). Por que as equipes da região não conseguem fazer mais gols. O Botafogo marcou 11 gols em seis jogos. Somando-se os jogos do trio da região, foram assinalados nove gols em 14 jogos. A média do Botafogo é de 1,83 gol por jogo. A média da região é de 0,64 por jogo – um terço. Menos da metade. Como nossas três equipes jogam nesta rodada em casa, quem sabe o desempenho melhore.
O Santo André enfrenta a Ferroviária no Estádio Bruno Daniel, o São Caetano joga com o Velo Clube no Anacleto Campanella e o São Bernardo entre em campo terça-feira diante do Atlético Sorocaba, no Estádio Primeiro de Maio.
Menos mal que as defesas das equipes da região estão segurando as pontas. Somados os gols, São Bernardo e São Caetano foram vazados oito vezes. O Santo André ainda não sabe o que é buscar a bola no fundo das próprias redes. Oito gols sofridos em 14 jogos é uma boa média, menos de meio gol por jogo. O Corinthians jogou seis vezes e sofreu 11 gols. O São Paulo sofreu em seis jogos tantos gols quanto as três equipes da região em mais de o dobro de jogos. Os sistemas defensivos do trio regional estão salvando os resultados, mas é pouco.
Explicações sucintas
O São Bernardo não tem colaborado lá essas coisas com o desempenho ofensivo da região porque joga despudoramente no contra-ataque. Na derrota de ontem à noite diante do Penapolense, no Interior, a decisão de ficar todo atrás só se justificou após perder um jogador ainda no primeiro tempo (Daniel Pereira foi expulso) e outro no segundo (Lombardi também foi expulso). Mas ficou evidenciado desde o início que a opção pelo contragolpe era a razão de estar no Interior, como nos jogos anteriores. O São Bernardo perdeu com um gol aos 42 minutos do segundo tempo, depois de resistir bravamente durante 22 minutos com apenas nove jogadores. O sonho de chegar à Série D está comprometido não necessariamente por conta dos últimos resultados (apenas um ponto ganho em nove disputados), mas porque não há evolução ofensiva palpável. As contusões e as ausências de Edson e Marino reduziram o poder de marcação do meio de campo e de força no contragolpe. O São Bernardo precisa se reinventar na competição senão vai perder o segundo lugar no grupo para a Ponte Preta e, com isso, seguirá sem calendário nacional.
A explicação para a deficiência ofensiva do São Caetano é a dificuldade de escalar dois atacantes em ritmo de jogo. Aos poucos o time de Nedo Xavier desembaralha as dificuldades de apoio dos laterais e do meio de campo, mas é preciso acertar quem completa as jogadas. Já foram testadas várias fórmulas, de jogadores velozes (Danielzinho e Jackson), de jogadores com características complementares (o pivô Jael e o veloz Anderson Pimenta) e também de jogadores potencialmente bons cabeceadores e no corpo a corpo com os zagueiros (Cássio e Marcelo Soares no segundo tempo diante do Guarani), mas o time ainda não se encontrou na frente. As bolas paradas de Wagner Carioca têm grande potencial. Como Bady, no São Bernardo.
Já o Santo André depende muito da experiência de Nunes, um centroavante especialista em preparar gols de terceiros, como o de Muller sábado passado ante o Marília. Muller é um atacante atrevido, rápido nas penetrações em diagonal, mas ele e Nunes não são a medida certa para a melhoria ofensiva. Michael é um meia-atacante que finaliza pouco, Renato Peixe é um volante-armador de finalizações à distância que ainda não acertou o alvo e os laterais não apoiam quanto deveriam.
Consertar o avião ofensivo das equipes da região em pleno voo dos jogos das Séries A e B é o desafio dos treinadores. Com os índices apresentados até agora será pouco provável que alcançariam objetivos a que se propuseram – o São Bernardo classificado à etapa de mata-matas enquanto São Caetano e Santo André de volta à Série A, ano que vem. Parafraseando Chacrinha, quem não faz gols, se trumbica.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André