Esportes

Rodada para afirmação do São
Caetano e reação do Santo André

DANIEL LIMA - 10/02/2014

A rodada desta quarta-feira da Série B do Campeonato Paulista significa muito para as duas equipes que representam o futebol da região.  O São Caetano volta a jogar (20h30) no Estádio Anacleto Campanella, agora com o Mirassol, depois de golear o então vice-líder Velo de Rio Claro por 4 a 0, sábado à tarde. O mesmo sábado à tarde em que o Santo André jogou no Estádio Bruno Daniel e foi goleado pela Ferroviária de Araraquara por 5 a 1. O Santo André joga às 19h desta quarta contra o Grêmio Barueri, na casa do adversário. Como se observa, é uma rodada para afirmação do São Caetano e reação do Santo André. As duas equipes estão fora do G-4, que garante vagas na Série A do ano que vem.


 


Passadas cinco rodadas, apenas o São Bento de Sorocaba obteve índice de aproveitamento elevadíssimo para as características da Série B Paulista: ganhou 12 pontos em 15, o que significa 80% de aproveitamento. Mas nada indica que o time de Sorocaba esteja muito acima dos demais que concorrem às vagas, porque só enfrentou adversários que estão mal posicionados na classificação.


 


Capivariano (10 pontos), Ferroviária e Monte Azul (nove) ocupam as demais primeiras posições do G-4. O índice de aproveitamento do quarto colocado caiu para 60%, após registrar 66,7% na quarta rodada. Isso significa que, numa projeção linear, caiu para 35 pontos o limite necessário à Série A. Essa marca é oscilante mas deve servir de referencia para às equipes que não desejarem fazer ginásticas matemáticas para aspirar classificação à Série A.


 


A inesperada goleada não só retirou o Santo André do G-4 como o lançou ao 10º lugar na classificação geral com oito pontos e índice de aproveitamento de 53,3%. O São Caetano saiu da zona de rebaixamento (era 17º colocado) e chegou à 13ª posição com seis pontos ganhos e 40% de aproveitamento. Uma vitória nesta quarta feira ante o Mirassol o colocaria possivelmente entre os 10 primeiros colocados.


 


Depois de 50 jogos disputados e 113 gols marcados, média de 2,26 por jogo, a Série B está longe de apresentar segurança quanto às equipes que subirão e que descerão na temporada. É verdade que parecem nítidos os dois blocos que já se formaram entre os 20 competidores, o de pretendentes ao acesso mais numeroso do que o formado por eventuais rebaixáveis, mas o melhor mesmo é esperar. Até porque a Federação Paulista de Futebol começou a dar mais atenção às arbitragens excessivamente caseiras das primeiras rodadas.


 


Mesmo assim a tendência de os mandantes vencerem permanece: dos 10 jogos da quinta rodada, cinco foram vencidos pelos donos da casa e apenas dois pelos visitantes. Um dos quais, o Marília, jogou em Indaiatuba contra o Guarani de Campinas.


 


São Caetano encaixado?


 


A goleada do São Caetano de 4 a 0 ante o Velo Clube foi ditada principalmente pela capacidade do time da região absorver as dificuldades de superar a forte marcação do adversário. Um primeiro tempo encruado demais jamais poderia sugerir tantos gols e tantas facilidades no segundo tempo.


 


O São Caetano marcou o primeiro gol somente aos 45 minutos do primeiro tempo, numa das raras penetrações do meio de campo (Kleber fez toda a jogada e serviu a Marcelo Soares para finalizar). Foi a senha para, no segundo tempo, sacramentar a goleada. Tudo porque o Velo teve de sair para buscar o resultado e foi pulverizado logo a um minuto da etapa final com uma nova infiltração do meio de campo (agora Esley, que completou na pequena área um cruzamento da esquerda do atacante Cássio).


 


Daí em diante foi uma festa. O São Caetano chegou facilmente à goleada e reduziu o adversário a pó. Tanto que nos últimos três minutos o Velo confessou a inferioridade no placar e o temor de sofrer goleada ainda maior: passou a trocar passes na defesa à espera do apito final. O árbitro, generoso, não deu um segundo sequer de acréscimo, enquanto a torcida zombava com um “olé” reverso. 


 


A goleada do São Caetano não foi obra do acaso mas também não deve servir de base aos próximos jogos. A Série B não permite tanta elasticidade. O técnico Nedo Xavier consertou alguns pontos essenciais da equipe. Parou com a improvisação do volante Fabinho como zagueiro de área e escalou Eli Sabiá no setor. O ainda fora de forma Rafinha, ex-Boa, estreou na lateral-esquerda. Leandro Carvalho voltou à função de volante com capacidade de se tornar terceiro zagueiro e formou dupla de marcação forte com o sempre regular Rodrigo Thyssen. Com isso, Esley jogou mais adiantado com Kleber. O sistema 4-2-2-2 se completou com dois atacantes fortes e pouco velozes, Marcelo Soares e Cássio, que se revezaram como referências centrais e nos deslocamentos à lateral.


 


Com todas essas mexidas era natural que o São Caetano encontrasse dificuldades coletivas. O Velo marcava bem e forte e os dois meias do São Caetano não chegavam para ocupar os espaços ofensivos criados pelos dois atacantes. Rafinha jogou apenas 20 minutos e depois desapareceu ofensivamente por conta de cansaço. Samuel Santos era esquecido como opção à direita.


 


Tudo mudou com um gol no final do primeiro tempo e outro no início do segundo tempo. Samuel Santos passou a avançar com total liberdade ao ocupar espaços laterais e em diagonal. O Velo adiantou a marcação e deixou brechas aos contragolpes. Poderia até ter feito um gol numa das raras oportunidades que criou, mas os 4 a 0 foram até discretos.


 


O melhor do São Caetano mesmo após cinco rodadas é que parece que o técnico Nedo Xavier chegou à conclusão que jogadores leves demais no ataque provavelmente não têm futuro numa competição em que de maneira geral os árbitros são condescendentes com zagueiros violentos. Danielzinho, Anderson Pimenta e Jackson provavelmente se tornarão reservas potencialmente titulares em condições especiais. Marcelo Soares e Cássio são fortes e enfrentam a cara feia dos zagueiros sem cerimônia.


 


Enfrentar o Mirassol é um grande teste para o São Caetano provar que desde a derrota ante o Itapirense, na estreia, está em plena evolução. Mesmo quando foi derrotado em casa pelo Batatais e em Bragança Paulista pelo Guarani. Aos poucos Nedo Xavier tapa os buracos defensivos e cria situações para fortalecer o ataque. As laterais passam a ser decisivas a bons resultados em casa e fora de casa, porque é o desafogo para um time que parece ter optado por um meio de campo mais marcador, mais combativo, no qual a exceção é Kleber, sempre um dos melhores do time.


 


Faltou concentração?


 


Se a preocupação de Nedo Xavier para o jogo desta quarta-feira é aperfeiçoar um sistema de jogo que praticamente bloqueia as pretensões ofensivas do adversário e exige paciência da torcida porque pode encontrar dificuldades para encontrar espaços ofensivos, como no primeiro tempo diante do Velo, no Santo André o técnico Roberto Fonseca tem de descobrir qual foi a grande falha na preparação da equipe para enfrentar a Ferroviária. Tem-se como certo que faltou concentração.


 


O Santo André teria entrado em campo como quem pisa em ovos, influenciado pela então boa campanha de nenhum gol sofrido. O derramamento nos 90 minutos ante a Ferroviária foi um choque anafilático num organismo que precisa reagir rápido para não ser catalogado de cavalo paraguaio -- que sai em disparada e depois capenga. 


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