Esportes

São Caetano e Santo André não
podem desgrudar dos ponteiros

DANIEL LIMA - 17/02/2014

A rodada deste meio de semana pode reconduzir o Santo André e o São Caetano ao que se convencionou chamar de primeira página da classificação da Série B do Campeonato Paulista, expressão que consiste em estar entre os 10 primeiros. A derrota do São Caetano por 2 a 1 em Campinas diante do Red Bull e o empate de 2 a 2 ante o Capivariano, também no Interior, deslocaram os dois times da primeira página. Nesta quarta-feira o São Caetano enfrenta o Monte Azul no Interior e o Santo André recebe o Mirassol no Estádio Bruno Daniel. Dá para olharem mais de perto os primeiros colocados.


 


O índice de produtividade para chegar à Série A do Campeonato Paulista do ano que vem sofreu nova redução após a sétima rodada. Agora passou a 57,1% conquistado pelo Batatais, quarto colocado com 12 pontos ganhos em 21 disputados. Com isso, 33 pontos seriam suficientes para o acesso do quarto colocado na classificação geral. O São Bento e o Red Bull lideram com 15 pontos e 71,4% de produtividade, mas o time de Sorocaba está em primeiro pelo critério de desempate: ganhou cinco vezes ante quatro do time de Campinas. O Capivariano caiu para o terceiro lugar com 14 pontos. A diferença entre o 12º colocado São Caetano e o quarto, Batatais, é de apenas três pontos. Mas há o outro lado da moeda: o Guaratinguetá, com sete pontos ganhos e em 17º lugar na classificação, abre a zona de rebaixamento mas está a apenas quatro pontos da Ferroviária, a nona colocada.


 


Situar-se ao redor de 50% de aproveitamento até que as seis últimas rodadas se transformem em compromissos finais é uma proposta que o São Caetano e o Santo André devem considerar. É claro que elevar a produtividade além dessa marca seria muito melhor, mas a perspectiva de que as duas equipes renderiam mais a cada rodada não pode desgrudar do pragmatismo da pontuação. Com 47,6% de produtividade o Santo André está bem próximo disso. Uma vitória ante o Mirassol elevaria a média além de 50%. Já não é o caso do São Caetano que, para se aproximar dos 50%, precisa empatar com o Monte Azul nesta quarta-feira e vencer no final de semana no Estádio Anacleto Campanella.


 


O empate do Santo André em Capivari poderia ter sido assimilado como vitória se ao término do primeiro tempo a equipe da região não tivesse construído vantagem de dois gols. Mas o resultado satisfez ao manter a equipe sem derrota como visitante após quatro viagens ao Interior. Já o São Caetano perdeu pela terceira vez seguida fora de casa (antes caiu diante do Itapirense e do Guarani).


 


Mudanças na evolução


 


Apesar da derrota o São Caetano mais uma vez deu mostras de que está em evolução tática. Mas também provou que precisa de remanejamento que possibilite melhor capacidade ofensiva. A escalação de dois centroavantes fortes, Cássio e Marcelo Soares, um meia de armação, Kleber, dois laterais ofensivos e uma defesa protegida por três meio-campistas com função típica de volante de contenção, mostrou-se satisfatória ao equilíbrio defensivo, mas não oferece consistência ofensiva.


 


O jogo com o Red Bull sempre esteve sob controle, com equilíbrio no meio de campo e raras oportunidades no ataque. Até que um cruzamento da linha de fundo, próximo à bandeirinha de escanteio, virou gol na pequena área, com um leve toque de um atacante inexplicavelmente livre. Aí o São Caetano fez mudanças, tornou-se mais ofensivo, mas foi surpreendido numa cobrança de escanteio. O gol aos 47 do segundo tempo, após cobrança de escanteio, saiu tarde demais.


 


A derrota diante do Red Bull deixou evidenciados alguns pontos. Primeiro, o adversário é forte candidato ao acesso. Segundo, o São Caetano precisa de uma arrumação ofensiva que tenha um atacante de velocidade como opção aos contragolpes. Terceiro, o lateral Rafinha sofre por ser destro e ter de correr pela esquerda, porque raramente vai à linha de fundo. O contratado Janílson jogou apenas 15 minutos e fez um cruzamento que poderia ter sido letal se Cássio não completasse por cima. Quarto, Kleber precisa contar com apoio mais constante de um dos volantes quando o São Caetano retoma a posse de bola, porque está cada vez mais marcado pelos adversários que o descobriram como o pensador do grupo. Quinto, é preciso imprimir um ritmo mais intenso durante mais tempo de cada jogo, porque a troca de passes sem profundidade permanente facilita a marcação. Sexto: o lateral Samuel Santos é o melhor atacante do time, jogando solto tanto pela extremidade como pelo meio, em diagonal. Mas é preciso que lhe ofereçam companhia para jogadas combinadas.


 


Por fim, um oitavo ponto: o São Caetano talvez não chegue ao nível desejado na Série B do Paulista, mas o técnico Nedo Xavier dá à equipe contornos e essências de um grupo forte, que sabe o que quer com e sem a bola, embora ainda peque na execução, principalmente ofensiva. Algo extraordinário para uma equipe que no ano passado jamais transmitiu a sensação de coletivismo organizado. 


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