A rodada de ontem da Série B do Campeonato Paulista não poderia ter sido mais desastrosa ao São Caetano e ao Santo André que lutam para voltar à elite do futebol do Estado: além de perder fora de casa (São Caetano 1, Monte Azul 2) e empatar em casa (Santo André 0, Mirassol O) os principais adversários, que integram o G-4, ganharam os pontos que disputaram. Conclusão: a distância que separa os dois times da zona de acesso aumentou consideravelmente. Faltam 11 rodadas para o encerramento da fase e já não é permitido errar mais. Mas parece difícil encontrar o caminho do sucesso. O São Caetano ainda não aprendeu a jogar fora de casa (perdeu os quatro jogos que disputou) numa competição em que a força prevalece, enquanto o Santo André confirma debilidades coletivas que o tornam pouco efetivo no Estádio Bruno Daniel.
A tábua de classificação da Série B Paulista virou um fantasma às equipes da região. Olhar os números geralmente expostos na parede de vestiários antes de cada jogo passou a ser um tormento. Afinal, São Bento de Sorocaba e Red Bull de Campinas lideram com 18 pontos ganhos, o Capivariano tem 17 e o Batatais 15. Não bastasse tudo isso, ainda há o Guarani com 14, o Marília com 14, o Monte Azul com 13, o Mirassol com 12 e o Velo com 11. O Santo André aparece em 10º lugar com os mesmos 11 pontos do Velo e, antes que apareça o São Caetano com nove, surge a Ferroviária com 10. Não era exatamente esse o projeto de Santo André e São Caetano antes da largada da competição.
As duas equipes que lideram o campeonato ganharam três pontos fora de casa e com isso tendem a aumentar as possibilidades de chegar entre os integrantes do G-4. O Red Bull venceu o Rio Branco em Americana por 3 a 2 e o São Bento superou o Velo por 2 a 0 em Rio Claro. O Capivariano manteve o terceiro lugar ao vencer o visitante Guaratinguetá por 1 a 0 e o Batatais sustentou o quarto lugar ganhando de 1 a 0 do Grêmio Barueri em Batatais. Completando a rodada, o São José venceu o Grêmio Osasco por 2 a 1, o Catanduvense fez 3 a 0 no Itapirense, e o Guarani superou a Ferroviária por 2 a 1. Seis dos 10 times mandantes ganharam os jogos, fortalecendo a vantagem de quem conta com o suporte da torcida.
Se o futebol da região pretende mesmo algo mais importante nas rodadas que faltam talvez não possa mais desperdiçar tempo. O São Caetano joga cm casa neste sábado às 19h com o Rio Branco de Americana e o Santo André desloca-se a Osasco para enfrentar o Grêmio. Dos integrantes do G-4, o Red Bull (contra o Velo) e o Batatais (contra o Capivariano) jogam em casa. O confronto direto entre Batatais e Capivariano é o único na rodada entre equipes que estão no topo da classificação. O surpreendente São Bento de Sorocaba enfrenta o Grêmio Barueri na Grande São Paulo.
Reforços ou nada
É muito pouco provável que o Santo André chegue ao G-4 sem contar com reforços. O time de Roberto Fonseca parece ter alcançado o limite. O zero a zero com o Mirassol ontem à tarde no Estádio Bruno Daniel induz a essa conclusão. Com laterais e meio-campistas inoperantes no suporte ofensivo, o centroavante Nunes ficou o tempo todo isolado. Uma e outra estocada nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, quando o Santo André foi melhor, poderiam indicar expectativa de sucesso, mas logo voltou a rotina de baixa ofensividade.
O Santo André joga um futebol moroso, sem aproximação constante entre os setores e sobrevive do talento do segundo volante Ramalho, o melhor do jogo, além dos dois zagueiros de área pragmáticos e um goleiro sempre atento. Diante de um Mirassol essencialmente destrutivo, não poderia acontecer algo diferente que a escassez de gols. Não fosse o adversário excessivamente preocupado em defender, o Santo André poderia até ter sido derrotado, porque foi dominado durante todo o segundo tempo, após um primeiro tempo equilibrado.
Encaixe tático
A preocupação do São Caetano com o restante da competição é encaixar o melhor sistema tático fora de casa. Perder os quatro jogos como visitante não é coincidência. O São Caetano repetiu na derrota de 2 a 1 ante o Monte Azul a mesma falha conceitual das derrotas diante do Itapirense e do Guarani: deu espaços demais ao adversário no meio de campo ao acreditar que poderia chegar à vitória. A única derrota fora sem relação com a postura tática foi diante do Red Bull, em Campinas, quando houve falha individual no gol que retirou o zero a zero do placar.
Abrir mão de contragolpes pode ser um erro fatal. Estatísticas do futebol fortalecem cada vez mais a concepção de que, principalmente fora de casa, nada melhor que tirar todos os insumos da necessidade de o adversário ir em busca da vitória, surpreendendo com empenho e engenho. Perder fora de casa com gols construídos em contra-ataques é o reverso da lógica.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André