O empate de um a um em casa com o São Paulo não foi de todo ruim para o São Bernardo dentro de campo, apesar de dominar o adversário no segundo tempo com futebol feito de transpiração, muita transpiração, mas as perspectivas para o segundo semestre ficaram mais críticas também porque os demais resultados da rodada não colaboraram -- a Ponte Preta venceu o Linense e o Penapolense passou pela Portuguesa.
O time da região precisa chegar à Série D do Campeonato Brasileiro, mas está cada vez mais ameaçado no Grupo C e também no conjunto classificatório da Série A do Campeonato Paulista. Terceiro colocado no grupo liderado pelo Santos e que tem a Ponte Preta na segunda colocação, o São Bernardo também está atrás de Penapolense e Botafogo de Ribeirão Preto, que lideram os respectivos grupos e estariam habilitados às duas únicas vagas reservadas a paulistas na última divisão do calendário nacional.
As seis rodadas que faltam para o encerramento da fase classificatória da Série A do Campeonato Paulista serão dramáticas para o São Bernardo, agora em oitavo lugar na classificação geral. Não basta mais vencer jogos e torcer pelo fracasso da Ponte Preta. O Penapolense e o Botafogo de Ribeirão Preto estão em vantagem na classificação. O time de Penápolis tem 18 pontos ganhos e joga nesta próxima rodada justamente contra a Ponte Preta. Qualquer resultado, exceto o empate, será danoso ao São Bernardo, que enfrenta o Linense no Interior. Se o Penapolense vencer, dispara como líder do Grupo A e nas possibilidades de chegar à Série D. Se a Ponte Preta vencer, poderá impor vantagem de pontos sobre o São Bernardo, já que estão empatados com 15 e a equipe de Campinas só leva vantagem por conta do número de vitórias.
Se não bastassem a Ponte Preta, o Botafogo e o Penapolense como adversários do São Bernardo na temporada, também o Rio Claro deu para atrapalhar como segundo colocado do Grupo D, liderado pelo Palmeiras. Com 15 pontos, o Rio Claro empata em pontuação com o São Bernardo. A vantagem do São Bernardo é que o confronto direto será no Estádio Primeiro de Maio. A desvantagem é que o Rio Claro vai jogar em Campinas com a Ponte Preta. O melhor no caso para o São Bernardo é torcer pelo Bragantino como eventual segundo colocado do grupo liderado pelo Palmeiras. A equipe do interior está na Série B do Brasileiro e por isso não é concorrente à vaga à Série D.
A previsão do presidente Luiz Fernando Teixeira de que o agrupamento da fase classificatório no qual está o São Bernardo seria o mais forte do campeonato, merecendo a expressão Grupo da Morte, não se confirmou nas nove rodadas. Os times do Grupo C, do São Bernardo, somaram até agora em confrontos com equipes de outros grupos o total de 62 pontos. Menos que os 68 pontos do Grupo D, integrado pelo Palmeiras, e do Grupo B, onde está o Corinthians. O Grupo A, do São Paulo, somou menos pontos até agora: 55.
A Federação Paulista de Futebol também está salva de duras críticas. Nenhuma das equipes que ocupam a liderança em seus respectivos grupos somou menos pontos que segundos colocados de outros agrupamentos. O São Bernardo, como terceiro colocado, é a única equipe que estaria em segundo lugar caso constasse do grupo do líder Penapolense, porque soma 15 pontos contra 14 do São Paulo. Mas as perspectivas de pontuação do São Paulo são melhores que as do São Bernardo.
Limite para o empate
O empate com o São Paulo na noite de ontem no Estádio Primeiro de Maio comprovou a força coletiva do São Bernardo como sistema defensivo e também a redescoberta de uma ação ofensiva que fez sucesso no ano passado e que surpreendentemente foi deixada de lado nas primeiras rodadas deste ano: o atacante Gil, sempre à esquerda em jogadas de profundidade, é a melhor opção de ataque juntamente com os avanços do lateral Rafael Cruz. Fora isso, o São Bernardo é um time previsível, com bolas alongadas, muita marcação no meio de campo, defesa sólida e disposição incomum no combate.
Por tudo isso o São Bernardo merecia mais que o empate de 1 a 1 ante um São Paulo que mal equilibrou o jogo no primeiro tempo, quando um gol acidental, de chute comprido que desviou no volante Edson, abriu o placar. Mas o empate veio ainda no primeiro tempo justamente pela esquerda: Gil ganhou fácil na corrida do frágil marcador e cruzou para uma entrada da área completamente despovoada de zagueiros e volantes. Foi o suficiente para Marino finalizar com precisão.
Mesmo com o domínio do segundo tempo o São Bernardo explicitava dificuldade de superar um São Paulo frouxo na marcação e um balaio de gatos na composição defensiva. Faltou talento individual. Tudo dependia de Gil e do lateral Rafael Cruz, agora mais solto. O meio de campo não penetrou e mesmo Bady, para alguns o cérebro do time, pouco rendia. Bady não tem dinamismo típico dos armadores nem ambição individualista dos meia-atacantes.
As mudanças do técnico Edson Boaro no segundo tempo, para fortalecer o ataque, não deram resultado. O São Bernardo deixou a mensagem de que, mais uma vez, é um time a ser respeitado porque não desiste jamais da bola em jogo. Não à toa é o melhor sistema defensivo do campeonato, com apenas cinco gols sofridos em nove jogos. O problema é que só marcou oito, três num mesmo jogo. Sem ataque será muito difícil chegar à Série D.
Talvez o plano traçado para a Série A do Paulista tenha tido uma inconformidade: o time está praticamente livre do rebaixamento, depois de ameaçado até a última rodada no ano passado, mas tem limitações técnicas para construir acesso à Série D. O São Paulo fez de tudo para perder ontem à noite, mas o São Bernardo se esmerou em desperdiçar oportunidades criadas quase sempre sem arte, no estilo guerreiro de ser.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André