Esportes

Santo André corre pelo acesso e
São Caetano para não cair de novo

DANIEL LIMA - 24/02/2014

Consumida praticamente metade da corrida na Série B do Campeonato Paulista (já foram disputadas nove das 19 rodadas previstas) a projeção para o futebol da região é pouco satisfatória: o Santo André, sétimo colocado depois de vencer o Grêmio Osasco domingo por 2 a 1, segue com razoáveis possibilidades de voltar à Série A; já o São Caetano, derrotado em casa pelo Rio Branco por 2 a 1 e 16º colocado, joga nas próximas rodadas para evitar que no restante da competição aumente a inquietação com o rebaixamento.


 


O São Bento de Sorocaba ganhou do Grêmio Barueri fora de casa e assumiu a liderança que estava com o Red Bull de Campinas, que venceu o Velo de Rio Claro por 3 a 1. As duas equipes estão com 21 pontos. Capivariano e Guarani completam a lista do G-4 -- dos clubes que estariam na Série A do Paulista. O Capivariano tem 20 pontos, bem acima do Santo André, com 14, mas o Guarani com 15 estimula a expectativa de classificação de quem vem abaixo.


 


Catanduvense, Grêmio Barueri, Grêmio Osasco e São José são os quatro últimos colocados, que disputariam a Série C no ano que vem. O São Caetano está apenas um ponto acima do Catanduvense, que abre a relação dos ameaçados de degola.


 


Ganhar do Grêmio Osasco foi fundamental para o Santo André reencontrar a possibilidade de acesso. A estreia do técnico Vilson Tadei motivou o elenco e permitiu ao Santo André chegar a 14 pontos ganhos em nove jogos, o que lhe dá 51,9% de índice de aproveitamento, pouco abaixo do quarto colocado Guarani, que tem 15 pontos e 55,6%. Mesma situação de Batatais e Marília, que perdem um lugar no G-4 por critérios de desempate. Como joga em casa nesta quarta-feira, 15h, ante o União Barbarense 12o colocado com 11 pontos, o Santo André pode ingressar no G-4. Para tanto, depende de derrotas do Guarani (em casa contra o Itapirense), do Batatais (fora de casa com o Catanduvense) e do Marília (em casa contra o Grêmio Barueri). Talvez seja melhor esperar pelas próximas rodadas por eventual subida do Santo André na tabela de classificação.


 


Já a situação do São Caetano é de certo desespero. Três vitórias e seis derrotas depois de iniciar um campeonato em que pretendia marcar recuperação dos rebaixamentos do ano passado, no Campeonato Paulista e no Campeonato Brasileiro da Série B, o São Caetano não traduz nos resultados uma arrumação tática mais robusta. Por isso, a perspectiva de acesso à Série A do Paulista só se consumaria ante um quase milagre.


 


Nos 10 jogos que restam o São Caetano precisaria fazer campanha comparável a dos nove primeiros jogos do líder São Bento de Sorocaba ou do vice-líder Red Bull, que ganharam 21 pontos, ou 77,8% de aproveitamento. Se atingir esse objetivo, o São Caetano somaria 32 pontos na competição. Exatamente o mínimo determinado pela matemática que sustenta o Guarani de Campinas nessa posição, com 55,6% de aproveitamento. Mesmo assim, a meta é precária porque é possível que as próximas rodadas elevem o percentual ao quarto colocado. Nas rodadas anteriores a marca chegou a 35 pontos. Nesse caso, o São Caetano precisaria ganhar 26 pontos em 30 a disputar.


 


O que mais preocupa o São Caetano além da contratação de um treinador que substitua Nedo Xavier é evitar que ao final da rodada desta quarta-feira troque de posição com um ou mais times da zona de rebaixamento. Nada que não seja possível. O São Caetano vai enfrentar o surpreendente Capivariano, que está a apenas um ponto de São Bento e Red Bull. Dos quatro times que frequentam a zona de rebaixamento, três podem ultrapassar o São Caetano nesta rodada: o Catanduvense joga em casa com o Batatais, o Grêmio Barueri em Marília e o Grêmio Osasco em Mirassol. Somente o São José, lanterninha com cinco pontos, não reúne possibilidades matemáticas de trocar de posição com o São Caetano no confronto em casa com o Rio Branco.


 


Domínio estéril


 


O São Caetano que perdeu em casa sábado à noite para o Rio Branco de Americana por 2 a 1 foi mais uma vez um time descuidado e por isso mesmo incapaz de sustentar uma verdade que submergiu aos resultados: o técnico Nedo Xavier estava organizando coletivamente um grupo que no ano passado, com outros jogadores, mal se ajeitava em campo. O domínio imposto ao Rio Branco não teve a correspondente letalidade ofensiva. Como em jogos anteriores, mas muito mais ante o Rio Branco, o São Caetano se excedeu em finalizações tortuosas. A mecânica de atacar pelas laterais para compensar o fortalecimento defensivo do meio de campo com três volantes voltou a dar o tom à equipe, mas os descuidos foram fatais. O Rio Branco fez 1 a 0 logo aos quatro minutos, após cobrança de falta e desvio do zagueiro Toninho de cabeça, livre de marcação, na pequena área.


 


A partir daí o São Caetano jogou fora a tranquilidade necessária para construir espaços. A pressa superou a inteligência, enquanto o adversário com novo treinador combatia bravamente. No minuto seguinte à decisão do técnico Nedo Xavier corrigir a escalação da equipe, substituindo o volante Leandro Carvalho, que atuava como terceiro zagueiro, por um atacante, o Rio Branco contragolpeou e em rebote do goleiro Luiz fez o segundo gol.  No restante do jogo o time de Americana só ameaçou o gol de Luiz uma única vez. O São Caetano chutou o tempo todo muito mal, até que aos 48 minutos do segundo tempo o meia Norton, que entrara 20 minutos antes, fez combinação rápida com o lateral Rafinha e o meia Caleb, uma jogada sempre mortal, e diminuiu o placar.


 


Apesar da situação difícil na competição, o técnico Nedo Xavier deixou um legado que o São Caetano não pode desperdiçar: o arranjo coletivo concebido nos treinamentos esbarrou nos erros individuais que comprometeram os resultados, mas não pode ser trocado pela mesmice de chutões que supostamente resolveriam a situação de quem quer se dar bem na Série B Paulista. Os líderes da competição não são equipes de gladiadores. A técnica sempre prevalecerá em qualquer arena, desde que sincronizada com a tática adequada e o empenho necessário.


 


O erro do técnico Nedo Xavier foi ter demorado a entender que, principalmente fora de casa, cuidados defensivos são os mais indicados à soma de pontos. E que em casa, diante de um Rio Branco modesto, escalar três volantes com pouco poder de aproximação permanente, só dificulta a criação ofensiva.  No segundo tempo, com Norton e Caleb, além da entrada do atacante Marcelo Soares, o São Caetano foi incisivamente ofensivo. Mas ai a direção dos chutes tornou-se uma calamidade. O São Caetano parece ter começado a desenvolver a síndrome do duplo rebaixamento no ano passado. Somente uma vitória fora da normalidade contextual, em Capivari, poderia atenuar as perdas e danos das primeiras nove rodadas. 


Leia mais matérias desta seção: Esportes

Total de 985 matérias | Página 1

05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André
26/07/2024 Futuro do Santo André entre o céu e o inferno
28/06/2024 Vinte anos depois, o que resta do Sansão regional?
11/03/2024 Santo André menos ruim que Santo André. Entenda
05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?
01/03/2024 Só um milagre salva o Santo André da queda
29/02/2024 Santo André pode cair no submundo do futebol
23/02/2024 Santo André vai mesmo para a Segunda Divisão?
22/02/2024 Qual é o valor da torcida invisível de nossos times?
13/02/2024 O que o Santo André precisa para fugir do rebaixamento?
19/12/2023 Ano que vem do Santo André começou em 2004
15/12/2023 Santo André reage com “Esta é minha camisa”
01/12/2023 São Caetano perde o eixo após saída de Saul Klein
24/11/2023 Como é pedagógico ouvir os treinadores de futebol!
20/11/2023 Futebol da região na elite paulista é falso brilhante
16/10/2023 Crônica ataca Leila Pereira e tropeça na própria armadilha
13/10/2023 Por que Leila Pereira incomoda tanto os marmanjos do futebol?
10/10/2023 São Bernardo supera Santo André também no futebol
10/08/2023 Santo André prestes a liquidar R$ 10 mi de herança do Saged