O São Bernardo vai passar o sábado de Carnaval preso à arquibancada da expectativa na Série A do Campeonato Paulista. Depois de derrotado ontem à noite pelo Palmeiras por 2 a 0 no Pacaembu, só resta ao representante da região no principal campeonato estadual do País esperar que os adversários diretos se deem mal na disputa pela vaga às quartas-de-final e também à Série D do Campeonato Brasileiro. Ponte Preta, Botafogo, Ituano e Penapolense estão à frente do São Bernardo e podem alargar a diferença, enquanto o Audax se aproxima. As quatro últimas rodadas, a partir da próxima semana, definirão a sorte da equipe de Edson Boaro. A tabela é plenamente favorável, com três jogos em casa e um fora.
A vaga que o São Bernardo disputa diretamente com a Ponte Preta às quartas-de-final do Paulista parece a mais difícil de alcançar. As duas equipes ganharam 18 pontos até agora, mas o time de Campinas está em vantagem porque tem uma vitória a mais e um jogo a menos. Como joga neste sábado em casa com o vice-lanterna Oeste, poderá avançar três pontos e duas vitórias a mais na classificação.
Já a luta do São Bernardo pela Série D do Campeonato Brasileiro (os dois mais bem classificados na contagem geral do Paulista que não disputam nenhuma versão do calendário nacional estarão automaticamente entre os 20 concorrentes) reúne outros cinco competidores, três dos quais jogam no sábado de Carnaval e dois nesta sexta-feira à noite. O Botafogo tem 19 pontos e joga em casa com o Penapolense, que tem 18 pontos e também concorre à vaga. O que seria melhor para o São Bernardo? Possivelmente um empate, ou mesmo a vitória do time mandante, porque poderia reduzir as possibilidades do Penapolense. O outro jogo com interesse seletivo do São Bernardo reúne Rio Claro, com 15 pontos, e o lanterninha Paulista de Jundiaí. Uma vitória colocaria o Rio Claro no mesmo patamar de pontos do São Bernardo e alçaria o encontro das duas equipes, quarta-feira no Estádio Primeiro de Maio, à categoria dos decisivos. Nesta sexta-feira o Ituano, 18 pontos, jogam em casa com o Linense, enquanto o Audax, 16 pontos, joga em Sorocaba com o Atlético.
Cenários antagônicos
Desta forma, um sábado de Carnaval perfeito para um São Bernardo que não desfilará diretamente na passarela de pontos seria um tropeço da Ponte Preta diante do Oeste, um empate entre Botafogo e Penapolense, um tropeço, mesmo que empate, do Rio Claro em casa ante o Paulista, uma derrota ou empate do Audax e uma derrota ou empate do Ituano. Sábado de Carnaval com gosto de Quarta-Feira de Cinzas seria uma vitória da Ponte, uma vitória do Rio Claro, uma vitória de Botafogo ou do Penapolense no confronto direto, uma vitória do Audax e uma vitória do Ituano.
Derrota mais que normal
Perder de 2 a 0 para o Palmeiras no Pacaembu é mais que normal para o São Bernardo. Deixar que o resultado abale a autoestima na reta de chegada do campeonato seria exagero. O time de Edson Boaro não jogou além do que pode e se deu mal porque enfrentou um adversário organizado coletivamente e incisivo ao acelerar o jogo. Se desse mais importância ao placar, como o Santos normalmente dá, o Palmeiras teria feito pelo menos mais dois gols. Principalmente no segundo tempo, quando Edson Boaro abriu demais o sistema defensivo para potencializar o ataque e expôs as debilidades de uma equipe que não sabe atacar sem antes defender.
O Palmeiras marcou tão bem as principais jogadas do São Bernardo que não restou saída senão os chutes de longa distância, vários no primeiro tempo e alguns no segundo, sem efeito letal algum. Os deslocamentos do centroavante Careca às laterais para penetrações em diagonal de um dos volantes e do atacante Gil não tiveram efetividade. Como o São Bernardo não tem qualidade individual às jogadas de aproximação, optando sempre por bolas longas, não foi difícil constatar o emperramento ofensivo.
Banco comprometedor
As ausências do lateral Rafael Cruz e do volante Edson mostraram que o banco de reservas do São Bernardo é um convite ao desespero. William Favoni e Caíque mal tocaram na bola. Como Gil, isolado pela esquerda. Careca foi o mais ativo na frente e Marino na movimentação do meio de campo, obediente taticamente como poucos. Mas Bady, de novo, caiu na mesmice de baixa vibração e pouco dinamismo sem a bola nos pés, facilitando a marcação.
O Palmeiras fez um gol em cada tempo ao explorar as laterais desta vez mais abertas do que de costume porque a marcação do São Bernardo era frouxa. Sobretudo à esquerda. Não fosse a percepção de Marino, em permanente assessoria defensiva, a situação teria se comprometido ainda mais. Mesmo jogando com três volantes no primeiro tempo (Dudu, Marino e Favoni), o São Bernardo não preenchia os espaços da intermediária. Principalmente quando o Palmeiras acelerava o ritmo com Valdívia. Tudo se tornou ainda mais escancarado no segundo tempo, sem equivalente compensatório no ataque. Fosse o Palmeiras o Santos esfomeado, uma goleada seria inevitável.
O desafio do São Bernardo numa reta de chegada em que ganhar só tem ganhar como contraponto é encontrar o equilíbrio de rendimento entre sistema defensivo e sistema ofensivo. O jogo com o Palmeiras confirmou o diagnóstico que a equipe é de uma nota só – marcar, marcar e marcar o adversário o tempo todo e preparar o terreno para contragolpes em jogadas longas, tendo Bady como principal mas muitas vezes insensível condutor. Edson e Rafael Cruz precisam voltar. Uma reza para o bravo Marino não se contundir também vale a pena.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André