Um assunto tão candente como a falta de água que atinge vários pontos da Região Metropolitana de São Paulo, entre os muitos endereços do Estado de São Paulo, aguarda por uma sacada mais que óbvia do jornalismo regional, ao que parece entre pasmo e inerte diante de tamanha gravidade.
Se este jornalista não estiver enganado (e se estiver a responsabilidade é de terceiros), somente São Caetano sofre e continuará a sofrer as durezas do prélio da escassez de água. As demais cidades da região, abastecidas quase que integralmente pela Represa Billings, nadam literalmente de braçadas.
Leio num trecho perdido de matéria publicada hoje no Diário do Grande ABC que o sistema Billings conta com 90% da capacidade de armazenagem de água preservado e que, portanto, sustentaria a Província a salvo de racionamento.
Entenderia o leitor que este jornalista está enganado quando diz que esse tipo de notícia mereceria manchetíssima de primeira página com aprofundamento de informações sobre as engrenagens que movem o abastecimento regional? Contar com água sem sustos é algo que precisa ser comemorado, sem gastos excessivos do líquido, é claro, porque tem um significado especialíssimo em meio ao terrorismo noticioso de que vamos todos passar por racionamento de dimensões inquietantes.
Não me venham os responsáveis pelas inúmeras fontes de jornalismo da região dizer que alguma notícia nesse sentido já foi publicada porque não foi mesmo, principalmente com o destaque que exige a delicadeza da situação. Consumo todos os produtos, quer na versão impressa, quer na digital. Nada garantidamente me escapa à atenção, porque não sou profissional de meio expediente e tampouco de outros expedientes.
Sugestões de manchetíssimas
Ora, então já passou da hora de corrigirem o erro crasso de omissão de informação. Que tal as seguintes sugestões alternativas de manchetíssima de primeira página:
a) Billings garante água sem susto na região
b) Região não corre risco de ficar sem água
c) População da região tem água garantida
É claro que não poderia faltar o reparo de que, pedaço econômico e social à parte da Província, São Caetano também o é no abastecimento de água, por conta do Sistema Cantareira, que está em pandarecos. Ou seja: desta vez, São Caetano integra o clube dos pobres do chamado precioso líquido. Ou alguém duvida que, dada a situação que se desenhou e que assume cada vez contornos de emergencialidade, contar com água abundante nas torneiras é uma vantagem e tanto? Justamente em favor da Província, tão desprestigiada quando entra em campo o elemento humano, de empenho e dedicação às suas cores na construção planejada de dias melhores. A Billings é um presente quase divino.
Repito o alerta: se tudo isso que acabo de escrever sobre o privilégio de contar com uma represa mesmo degradada por invasores não corresponder à realidade dos fatos, terei embarcado num furo nágua por conta do Diário do Grande ABC.
Mas como não sou bobo nem nada e tenho à mão a disponibilidade de arquivos e também do Google, eis que confirmo a informação: grande parte da Província é mesmo suprida pela Represa Billings, assim como a região sul da Capital.
Isto posto, acentua-se o descuido informativo de relevância dos veículos de comunicação da região. Está na hora de puxarem à manchetíssima de primeira página a realidade que nos cerca. Estamos em pânico, tomados pela ideia de que o banho da manhã e o banho da noite irão para o espaço, que teremos de usar canequinhas e olhem lá, enquanto o que temos de fato é a garantia de que os chuveiros não vão nos abandonar em largo espaço do território regional.
É bem capaz de os jornais da região, por teimosia e por se sentirem pautados por um jornalista experiente que não faz parte de nenhuma patotinha, decidirem fechar os olhos à grandeza da proposta. Não duvido, não duvido, mas acho que entre eventual arrogância e o apelo natural ao atendimento do interesse público, certamente um e outro irão a campo para destrinchar completamente a situação.
Total de 1097 matérias | Página 1
21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!