O chamado Observatório da Cidadania da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André morreu de morta matada, não de morte morrida como seria até natural numa sociedade prostrada como a nossa. A Administração Carlos Grana, incomodada com a possibilidade de atuar com transparência, empenhou-se com arte e liquidou com as pretensões das advogadas Heleni de Paiva e Solange Spertini, indicadas pela OAB para escarafunchar o que muitos chamam de caixa-preta do setor de obras da Prefeitura. Santo André não foge à regra da Província do Grande ABC: está tudo dominado pelo Poder Político que tem em seu entorno poderes poderosos de empresários preocupadíssimos com o próprio bolso e nem se lixam com o amanhã. São predadores, como se sabe.
Procurar por Solange Spertini e Heleni de Paiva não é tarefa ingrata. Essas advogadas integram os quadros da OAB e são vistas permanentemente em pontos obrigatórios de formadores de opinião de Santo André. Entretanto, nada que se refira ao Observatório da Cidadania da OAB de Santo André, especificamente sobre a Administração Carlos Grana, será revelado. Sabe-se que a tentativa de expor as vísceras de contas suspeitas fracassou por causa de algo que pode ser rotulado como ausência de institucionalidade. Ou seja: mesmo como representantes de uma instituição de nomeada nacional, caso da OAB, Heleni de Paiva e Solange Spertini não obtiveram senão desprezo, descaso, desatenção e muito mais ao tentarem meter-se gestão Carlos Grana adentro.
Como são raros os formadores de opinião da região que consideram sensato enfrentar os podres poderes constituídos, não se deveria mesmo esperar reação diferente das duas advogadas: elas se sentiram isoladas na própria estrutura da OAB e puxaram o freio de mão da cautela. Há limites que separam coragem de insanidade. A flexibilidade etimológica de “insanidade”, quando se invade o campo político, vai muito além do convencionalismo de guetos reservados aos malucos comprovados.
Sanguessugas ativos
A Ordem dos Advogados do Brasil, seção se Santo André comandada por Fábio Picarelli, é considerada a unidade mais atuante da região. Há uma infinidade de comissões temáticas em ação. Entretanto, a proposta de extrapolar fronteiras corporativas não é bem vista por gente que domina o centro do poder político e econômico na região. A ordem unida de deixar como está porque a vantagem está concentrada nos sanguessugas de plantão é repassada sistematicamente quando há alguma ameaça de se ferirem interesses cristalizados. Solange e Heleni sofreram um bocado com o ambiente de permissividades em Santo André, embora não se manifestem oficialmente.
Não foi por falta de aviso deste jornalista que eventual decepção com o novo retrocesso institucional na Província está consumado no caso do Observatório da Cidadania da OAB de Santo André. O jogo regional pelo prevalecimento dos grupos que giram principalmente no entorno dos paços municipais tem quesitos que deixam mafiosos italianos ruborizados de vergonha. Não seriam duas mulheres corajosas mas sem respaldo da maioria dos integrantes da própria OAB, mais preocupados com atividades profissionais, que alteraria o ritmo da chuva ácida de flacidez cidadã.
Transparência, jamais
Quem algum dia imaginou que o prefeito Carlos Grana e o secretário de Mobilidade Urbana, Paulinho Serra, mais diretamente envolvidos nas demandas por transparência da OAB de Santo André, viessem a público e se proclamassem prontos a enfrentar uma bateria de questionamentos desconhece a realidade do modus operandi dos políticos. Manter informações públicas a salvo do público é cláusula pétrea. Um encontro com dirigentes e associados da OAB, na sede da entidade, sediada defronte ao Paço Municipal, seria um gesto democrático da Administração Carlos Grana contra todo tipo de obscuridades. Quem disse que a sugestão encontraria respaldo?
O que prevalece na Província do Grande ABC, numa jogada típica de quem acredita que é possível chamar a sociedade desorganizada de sociedade imbecilizada, são factoides pró-moralidade que, no fundo, camuflam os jogos persuasivos de bastidores que alimentam teias de corrupção e de desvios. Geralmente os alvos dessas manifestações seletivas são instituições de prestígio marginal, como legisladores municipais. Há sempre um bode expiatório disponível, ou colocado em disponibilidade, para dar cobertura a suposta mobilização por transformações sociais que não só insistem em ser procrastinadas como, principalmente, oferecem o brilho de falsas soluções.
A ausência de informações oficiais sobre o Observatório da Cidadania da OAB de Santo André se explica pela contundência, veracidade e irrevogabilidade identificadas nos bastidores: a instituição não tem mecanismos de retaguarda social para suportar sequer uma batalha contra a gestão de Carlos Grana, assim como as demais unidades da OAB na região nem sequer cogitam ameaçar a tranquilidade dos gestores municipais locais. Está tudo absolutamente dominado pela associação de covardia, isolamento, desinteresse e oportunidades que se abrem individualmente como compensação a embates descartados.
Total de 1097 matérias | Página 1
21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!