O São Bernardo fracassou quando mais precisava e parecia estar pronto para o sucesso planejado: na reta de chegada da Série A do Campeonato Paulista, a equipe da região ganhou apenas dois dos nove pontos disputados e com isso não só perdeu a vaga às quartas de final do Estadual como, principalmente, não alcançou o objetivo maior de classificar-se ao circuito nacional proporcionado pela Série D do Campeonato Brasileiro. A derrota de sábado à noite para o Bragantino no Interior por 2 a 1 foi o corolário de um descontrole emocional e tático que comprometeu a boa campanha nas rodadas iniciais. Ou seja: o São Bernardo caiu quando mais precisava do equilíbrio que o levou a fazer a melhor campanha desde que chegou à Série A do Paulista – na primeira foi rebaixado e na segunda se livrou de nova queda na última rodada.
São várias as explicações para o que se tornou fracasso do São Bernardo na competição, porque a dupla meta traçada pela diretoria não foi obtida. As limitações técnico-táticas de uma equipe previsível, que sempre fez do contragolpe em jogadas longas a melhor e quase única alternativa, têm maior peso. Numa competição de times que se vigiam o tempo todo para anular os principais pontos individuais e coletivos, o São Bernardo sucumbiu ante os contravenenos dos concorrentes. Tanto que depois de somar nove pontos nas três primeiras rodadas, somou apenas 11 nos 11 jogos seguintes.
Mesmo assim, e também considerando que o banco de reservas jamais esteve à altura dos titulares, como provou o jogo com o Bragantino em que a ausência de Bady abriu um buraco no meio de campo, o que mais faltou mesmo foram experiência e controle emocional.
Travessia fracassada
A travessia da ponte da classificação foi o empate de 5 a 5 ante o Rio Claro, no Estádio Primeiro de Maio, na noite de Quarta-Feira de Cinzas. O técnico Edson Boaro, que fez um bom trabalho à frente do grupo, dormiu no ponto quando a equipe vencia ao final do primeiro tempo por 3 a 1 e não reforçou a marcação com um volante ou um terceiro zagueiro para compensar a expulsão de Dudu. Resultado: em 14 minutos, o Rio Claro virou o jogo para 5 a 3 e só não venceu também porque seu técnico não soube trabalhar com a vantagem no placar e no número de jogadores.
O São Bernardo está sem qualquer possibilidade de classificação porque além de perder para o Bragantino foi prejudicado pela vitória do Ituano diante do São Paulo. O time do Interior tem cinco pontos de vantagem na classificação (25 a 20) e pode até perder em casa para o Penapolense que não será alcançado pelo São Bernardo, que se despede da competição domingo na região contra o Oeste. O Ituano pode ser o segundo time paulista a se classificar à Série D do Brasileiro. O primeiro é o Botafogo de Ribeirão Preto. O Audax ameaça a classificação do Ituano, mas precisa vencer os dois jogos que restam para tentar superar o adversário.
Já a vaga que o São Bernardo disputava em paralelo com a Ponte Preta para chegar às quartas de final da Série A do Paulista foi para a cucuia já em Bragança Paulista. O jogo começou quando já havia se encerrado o confronto dos campineiros no Pacaembu com o Palmeiras. A vitória palmeirense melhorava a situação do São Bernardo no Estadual, mas mesmo assim dependeria de um tropeço do adversário na rodada final.
A derrota do São Bernardo em Bragança Paulista seguiu praticamente o mesmo script de outros jogos. No primeiro tempo a equipe da região foi mais organizada ante um adversário também monotemático na forma de jogar, com três zagueiros, cinco meio-campistas, dois alas avançados e um atacante grandalhão entre os zagueiros. Uma fórmula que o técnico Marcelo Veiga só abandonou quando veio dirigir o São Caetano na Série B do Campeonato Brasileiro da última temporada.
Um gol de Gustavo no final do primeiro tempo, numa das raras infiltrações ofensivas centrais do Bragantino no primeiro tempo, tornou o São Bernardo mais abalado emocionalmente do que pareciam crer os três cartões amarelos em 30 minutos. Tanto que Dudu foi substituído aos 21 minutos porque o técnico Edson Boaro temeu que o volante repetisse a bobagem da expulsão com o Rio Claro. Daniel Pereira, ex-titular da função, entrou em campo.
Um gol de Yago de cabeça, após cobrança de escanteio, aos sete minutos do segundo tempo, liquidou de vez com qualquer possibilidade de reação do São Bernardo, que descontou apenas aos 40 minutos com Careca, o melhor do time, após rebote de escanteio. Antes, muito antes, aos oito minutos, Erick Flores, substituto de Edson, acabou expulso.
O menosprezo do técnico Marcelo Veiga ao São Bernardo, substituindo três jogadores nos últimos 15 minutos, quase custou caro porque o São Bernardo pressionou nos minutos finais. O empate não teria contribuído com nada e nem seria justo para um time desequilibrado também taticamente ao abrir as porteiras a uma goleada que o adversário, por incompetência e certo comodismo, deixou escapar. Seria um desastre que comprometeria a imagem do São Bernardo na competição: a ambição de chegar à Série D do Brasileiro e às quartas de final do Paulista acabou por ofuscar um resultado final bastante satisfatório para o time modesto que foi possível mandar aos jogos: em nenhum instante houve ameaça de rebaixamento.
O aprendizado desta temporada foi inovador para um time que antes só queria fugir da queda.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André