Esportes

Teixeira critica FPF mas esquece
que regulamento também ajudou

DANIEL LIMA - 18/03/2014

Nem sempre a esperteza do mundo da política transposta ao mundo esportivo se mantém a salvo de oxidação interpretativa. Aliás, geralmente a esperteza política não combina com o emocionalismo do futebol, principalmente. O presidente Luiz Fernando Teixeira ocupa uma página do Diário do Grande ABC de hoje para reclamar da Federação Paulista de Futebol. Na interpretação do dirigente, o São Bernardo foi prejudicado pelo regulamento da Série A. Trata-se de meia-verdade, que também pode ser considerada meia-mentira. Os mais radicais e bem informados diriam que se trata mesmo de mentira inteira.


 


Afirmou o dirigente do São Bernardo, candidato a deputado estadual, que a possibilidade de o time que preside terminar a fase classificatória em oitavo lugar comprovaria erro da FPF ao definir como participantes das quartas de final os dois primeiros colocados de cada um dos quatro grupos em que foram divididos os 20 participantes independente da classificação geral. Ou seja: se o São Bernardo encerrar participação entre os oito primeiros, moralmente seria o ocupante de uma das vagas da fase de mata-matas.


 


Aos leitores menos atentos, a irritação de Luiz Fernando Teixeira é procedente. Nada mais justo que os primeiros na classificação geral sejam guindados à etapa seguinte, não é verdade? Não é verdade, no caso do sistema de disputas da Série A desta temporada.


 


A divisão dos clubes em quatro grupos foi um ótimo negócio mas também um péssimo negócio para o São Bernardo. Ao reservarem a companhia de Ponte Preta, Santos e Portuguesa (além do Paulista de Jundiaí), impuseram-se ao São Bernardo dificuldade extrema de ficar entre os dois primeiros. À época da distribuição dos grupos, Santos, Portuguesa e Ponte Preta disputavam a Série A do Campeonato Brasileiro. São, no ranking da Confederação Brasileira de Futebol, o conjunto que mais pontos de efetividade somam em relação aos integrantes dos demais agrupamentos. Portanto, tudo a reclamar o presidente LFT.


 


Outro lado da moeda


 


O outro lado da moeda é astutamente escanteado pelo presidente do São Bernardo. E o outro lado da moeda é a outra parte do regulamento da FPF que diz, simplificando, que as equipes do mesmo grupo não se enfrentam na fase classificatória. Traduzindo: se internamente o São Bernardo se deu potencialmente mal ao conviver com Santos, Portuguesa e Ponte Preta, foi exatamente essa uma grande jogada, porque os adversários com os quais concorria a uma das duas vagas da Série D do Campeonato Brasileiro teriam de enfrentar o trio indigesto. Numa competição de tiro curto, de apenas 15 jogos na fase de classificação, faz diferença enorme tamanha distinção. A Série D do Brasileiro era a joia da coroa que interessava ao São Bernardo na competição. Disputar as quartas de final do Paulista seria a cereja do bolo.


 


Não é a primeira vez que escrevo sobre o assunto e provavelmente nem será a última, mas não me sinto redundante. A memória dos leitores é curta e todos os méritos diretivos do São Bernardo na temporada, os quais não podem ser desprezados, acabam contaminados pela esperteza de um presidente naturalmente frustrado com a impossibilidade de somar segundo semestre do ano como âncora esportivo-eleitoral. Um desastre porque a disputa esportiva coincidiria com a reta de chegada da campanha a deputado estadual.


 


Análise da equipe


 


Vou escrever para a edição de amanhã um texto sobre o desempenho do São Bernardo na Série A Paulista desta temporada. A equipe fez exatamente o que imaginava, após assistir aos três primeiros jogos (e todos os demais), logo após vencer o Corinthians. Naquele momento de euforia já se dava como favas contadas a classificação no grupo do Paulista e à Série D do Brasileiro. Explicarei que, mesmo com objetivos alcançados, em nada se alteraria a essência da equipe na competição. Em termos históricos, o São Bernardo deu passo imenso na consolidação de um projeto de fortalecimento. Em termos circunstanciais, provavelmente tenha superestimado o potencial dos jogadores, apropriados para distanciarem-se do rebaixamento mas pouco efetivos para suportar as durezas dos prélios finais e decisivos.


Leia mais matérias desta seção: Esportes

Total de 985 matérias | Página 1

05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André
26/07/2024 Futuro do Santo André entre o céu e o inferno
28/06/2024 Vinte anos depois, o que resta do Sansão regional?
11/03/2024 Santo André menos ruim que Santo André. Entenda
05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?
01/03/2024 Só um milagre salva o Santo André da queda
29/02/2024 Santo André pode cair no submundo do futebol
23/02/2024 Santo André vai mesmo para a Segunda Divisão?
22/02/2024 Qual é o valor da torcida invisível de nossos times?
13/02/2024 O que o Santo André precisa para fugir do rebaixamento?
19/12/2023 Ano que vem do Santo André começou em 2004
15/12/2023 Santo André reage com “Esta é minha camisa”
01/12/2023 São Caetano perde o eixo após saída de Saul Klein
24/11/2023 Como é pedagógico ouvir os treinadores de futebol!
20/11/2023 Futebol da região na elite paulista é falso brilhante
16/10/2023 Crônica ataca Leila Pereira e tropeça na própria armadilha
13/10/2023 Por que Leila Pereira incomoda tanto os marmanjos do futebol?
10/10/2023 São Bernardo supera Santo André também no futebol
10/08/2023 Santo André prestes a liquidar R$ 10 mi de herança do Saged