Com centenas de casos judiciais, tanto na esfera trabalhista como na Cível, a Construtora MBigucci, comandada pelo presidente do Clube dos Construtores do Grande ABC, Milton Bigucci, poderá passar por reação popular inédita no País. A articulação do que provisoriamente é chamada de Associação das Vítimas da MBigucci já está em fase de aquecimento e poderá ser formalizada, segundo um dos idealistas da proposta. O que se pretende é reduzir o que chamam de potencial ou indutivo tráfico de influência daquele conglomerado empresarial no Judiciário.
CapitalSocial decidiu revelar o plano após obter consentimento de um dos advogados envolvidos na proposta, com o qual este jornalista realizou uma entrevista nesta semana. Há, segundo o profissional do Direito, um claro e ainda não dimensionado descontentamento com o fluxo e também com as sentenças de ações trabalhistas e também de ações movidas por adquirentes de imóveis da MBigucci. A MBigucci, segundo investigação do Ministério Público do Consumidor de São Bernardo, é disparadamente a campeã em abusos contra a clientela.
O interesse em compartilhar a informação da mobilização que pretende dar formato legal à Associação das Vítimas da MBigucci, explicou o advogado com o qual tive encontro, decorre do que ele entende como conjugação de interesses à cidadania jurídica. O milionário Milton Bigucci é especialista em articulações para obter sentenças favoráveis do Judiciário. Este jornalista é uma das vítimas preferenciais de Milton Bigucci, visceralmente contrário à divulgação de qualquer análise, opinião, notícia ou assemelhados críticos. Mesmo que mais que evidências, fatos incontestáveis provem que, como empresário e como dirigente empresarial, não pode estar acima das leis e tampouco ganhou a chancela de imunidade a críticas.
Segundo o advogado com o qual almocei esta semana, os primeiros contatos com representantes de pessoas que tiveram relacionamento comercial e profissional com organizações do conglomerado MBigucci se mostraram extremamente positivos. Há projeção de que existam centenas de ações trabalhistas e de clientes da MBigucci em diversas instâncias judiciais.
Relações perigosas
Para a liderança do movimento, há fundamentadas suspeitas de que os relacionamentos do empresário Milton Bigucci com altos coturnos políticos, policiais, judiciais e sociais formam uma massa crítica que o favorece tanto na cronologia como no conteúdo das sentenças judiciais.
A notícia publicada esta semana nesta revista digital dando conta que Milton Bigucci tem aperfeiçoado e tornado escancarada a interlocução com representantes políticos, casos do governador Geraldo Alckmin e do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e também com expoentes do Judiciário, caso de Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, chamou a atenção do advogado. Segundo o profissional da Justiça, há um sentimento de indignação e inconformismo. Mais que isso: surgem, segundo ele, informações que colocam algumas ações judiciais da MBigucci em patamar de suspeição.
CapitalSocial sempre se colocou à disposição do empresário Milton Bigucci. Não faltaram tentativas de obter respostas, tanto em forma de “Entrevista Indesejada” quanto de “Entrevista Especial”. Há mais de duas décadas à frente do Clube dos Construtores, Milton Bigucci sempre respondeu com silêncio absoluto. E também com ações judiciais contra este jornalista. Envolvidíssima no escândalo da máfia dos fiscais paulistanos, revelada pelo prefeito Fernando Haddad nas áreas de ISS e de IPTU, a MBigucci coleciona irregularidades.
A fraude registrada durante o leilão de área pública em São Bernardo, arrematada pela MBigucci em parceria com as construtoras Even e Braido, ainda está sendo apurada pelo Ministério Público de São Bernardo, por determinação do Corregedor-Geral do MP no Estado de São Paulo. A denúncia deste jornalista está fartamente documentada.
Noticiário mobilizador
O advogado defensor da Associação das Vítimas da MBigucci afirma que passou a acompanhar atentamente o noticiário de CapitalSocial porque conta com informações de que há vasta legião de queixosos contra o conglomerado comandado por Milton Bigucci. A ideia de criar a entidade é uma maneira, segundo o advogado, de dar organicidade a um movimento que estaria latentemente vivo, à espera de coordenação. Ao usar a expressão “as peças estão aí para ser encaixadas”, o advogado acredita que a mobilização dos demandantes de ações trabalhistas e de adquirentes de imóveis da MBigucci será um caminho irreversível na medida em que outros profissionais do Direito somarem esforços para dar direcionamento coletivo às demandas legais.
Este jornalista não pratica o jogo da hipocrisia. Por isso se coloca à disposição dos inconformados, entre outras razões porque se sente igualmente atingido pelos poderes paralelos que Milton Bigucci não faz questão alguma de dissimular, entre outros motivos porque é uma espécie de exibicionista social que não separa vida pessoal de vida corporativa e de vida institucional. Exceto quando ataca jornalista na esfera judicial – e acaba levando juízes a erros crassos de avaliação – ao propositadamente misturar críticas ao dirigente de classe e ao empresário do mercado imobiliário com suposta perseguição pessoal.
Trata-se de bobagem sem substância real. A vida pessoal de Milton Bigucci não interessa a ninguém. Por isso custa crer que o Judiciário lhe dê guarida. Quem sabe a Associação das Vítimas da MBigucci, se de fato sair das planilhas de intenções, contribuirá grandemente para dimensionar até que ponto este jornalista não é um ponto fora da curva de decisões inexplicáveis, mas sim mais uma prova de que o poder econômico do dirigente empresarial, do milionário empresário e do chefe de família exageradamente bigbrodiano, é muito mais sensibilizador do que se imagina.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!