Esportes

Quem sabe não acontece uma
rodada perfeita neste sábado?

DANIEL LIMA - 28/03/2014

Quem sabe o futebol da região não comemore uma rodada perfeita neste sábado no Campeonato Paulista da Série B? Uma rodada perfeita que depende das próprias forças locais: uma vitória do Santo André em casa diante do São Bento de Sorocaba e uma vitória do São Caetano horas depois no Estádio Anacleto Campanella contra o Marília. Os dois resultados combinados dariam ao Santo André, finalmente, o esperado ingresso no G-4, o grupo de quem vai disputar a Série A no ano que vem, e abriria espaço à reação do São Caetano na luta para fugir do rebaixamento à Série C.


 


O Santo André joga a partir das 10h no Estádio Bruno Daniel para sustentar uma trajetória de fulminantes alegrias: quatro vitórias seguidas e invencibilidade nos últimos 11 jogos. Com o centroavante Nunes volta aos bons tempos de centroavante, ou seja, marcando gols e dando assistência aos companheiros como pivô incômodo entre os zagueiros adversários, o Santo André reencontrou o eixo perdido no ataque, que conta também com dois pontas abertos que sabem penetrar em diagonal para embaralhar a marcação adversária e abrir espaços para os laterais avançarem. Sem contar, é claro, a importância da liderança técnica do experiente Ramalho, prata da casa que está chegando muito próximo da aposentadoria com um futebol feito de inteligência no posicionamento.


 


O segredo do Santo André que tanto surpreende numa competição em que começou bem e depois caiu, dando a ideia de que se tratava do que se convencionou chamar de cavalo paraguaio, o segredo do Santo André é que não há segredo. Um futebol simples, convencional, sem grandes rompantes, tem dado bons frutos. Um 4-2-1-3 que não encanta, mas também não desencanta. Ganhar do São Bento num confronto de seis pontos é essencial neste sábado porque, no mínimo, praticamente eliminaria um dos seis atuais concorrentes às quatro vagas do acesso. Talvez apenas três vagas, porque o Capivariano já está com os dois pés na Série A do ano que vem. Talvez apenas duas vagas, porque o Red Bull desenha uma festa de acesso ao que parece inquestionável.


 


Troca de treinador


 


Já a situação do São Caetano é dramática. Com 15 pontos, nove a disputar, seis dos quais no Estádio Anacleto Campanella, não houve jeito de segurar o técnico Paulo Cezar Catanoce. Nem deveria haver. O substituto de Nedo Xavier dirigiu o São Caetano em sete jogos (uma vitória, três empates e três derrotas). Ganhou 28,50% dos pontos disputados. Menos que os 33,33% do antecessor. Pior que isso: com Nedo Xavier o São Caetano ganhava força coletiva, dava passos importantes à construção de um esquema tático, mas pecava na definição de algumas individualidades fora do posicionamento desejado. Catanoce entortou tudo, errou demais em escalações e deu com os burros nágua.


 


A escolha do sistema 3-5-2 talvez tenha sido o principal acerto tático de Paulo Cezar Catanoce. Mas o próprio treinador dinamitou a novidade. Nos jogos contra o São José e o Grêmio Osasco, quando o São Caetano somou apenas dois pontos, Catanoce desfez o 3-5-2 ao retirar o zagueiro Gabriel. Foi o suficiente para desmoronar o sistema defensivo.


 


O erro mais explícito do treinador que deixou o São Caetano para o auxiliar técnico Márcio Griggio foi insistir na escalação do segundo volante, o destro Esley, até então o jogador mais regular da equipe, à função de lateral-ala. Uma barbaridade que interditou o setor esquerdo do São Caetano.


 


Paulo Cezar Catanoce também caiu na armadilha de substituir Kleber, o principal jogador da equipe ao lado de Esley nas primeiras rodadas, por Danilo Bueno. A diferença entre eles é que Kleber é armador de verdade, que organiza o jogo, enquanto Danilo Bueno é mais um ponta-de-lança, com baixa letalidade em finalizações que não sejam de bola parada. Sem Kleber, o São Caetano de Catanoce começou a ser desmontado. A herança bendita de Nedo Xavier, um time técnico, com posse de bola, embora menos intenso na marcação do que recomendam os manuais de competitividade, virou um estorvo.


 


Mais mudanças


 


O técnico Márcio Griggio deverá corrigir, também, a debilidade do sistema ofensivo. Jogar com os centroavantes Marcelo Soares e Cássio sem ter um dos dois, em revezamento ou não, executando a função de centroavante, é contrassenso. Marcelo Soares e Cássio saem simultaneamente demais da grande área sem que algum meio-campista ou mesmo laterais penetrem para ocupar o espaço. A opção por um deles e a escalação de um meia-atacante mais habilidoso e veloz, como se mostrou Leandro Oliveira ao entrar em campo nos últimos 25 minutos do jogo com o Grêmio Osasco, são a melhor solução.


 


Certo mesmo é que quaisquer que sejam os resultados do São Caetano e do Santo André neste sábado de Série B, nada ainda se apresenta como desestímulo à perspectiva matemática de que, quando se enfrentarem na última rodada, duas semanas depois, em clássico programado para o Estádio Anacleto Campanella, o resultado poderá consagrar o acesso do Santo André ou a fuga definitiva do São Caetano do rebaixamento. Difícil projetar que o clássico tenha um final feliz para as duas equipes, mas não custa acreditar na possibilidade, por exemplo, de um empate resolver o dilema. Ou agravá-lo, quem sabe? Afinal, rivalidade é rivalidade.


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