Um almoço já programado para 13 de maio num restaurante chique de Santo André poderá consolidar novo formato institucional do setor imobiliário da região. A inoperância do Clube dos Construtores e Incorporadores (oficialmente Acigabc, a associação da categoria) e os casos de corrupção e de desrespeito à legislação envolvendo o empresário Milton Bigucci estão levando representantes do setor a articulações que podem desaguar na constituição de uma nova agremiação, algo como o Núcleo dos Construtores e Incorporadores.
O mandonismo no setor ditado por duas décadas de comando do Clube dos Construtores da Província poderá estar com os dias esgotados, após a fragilização dos últimos tempos. Embora o almoço seja tratado como ação de aproximação e de reivindicação do empresariado do setor junto à Administração petista de Santo André, não faltam informações que dão conta de que Milton Bigucci não terá participação de destaque. Será apenas um dos convidados. Não se acredita que o presidente da MBigucci deixará de participar do encontro com o Poder Público de Santo André. E tampouco que aceite passivamente a condição de simples convidado. Duvida-se, até, que o evento será mantido.
CapitalSocial vai confirmar nos próximos dias a origem do almoço. O empresário Fernando César, diretor do TV Imóveis, programa em canal fechado que comercializa espaços dedicados ao setor, estaria à frente da interlocução com o prefeito Carlos Grana e de vários secretários municipais. Um dos empresários previamente convidados ao almoço afirmou a CapitalSocial que Fernando César é mesmo o agente da categoria que pretende sensibilizar a Prefeitura de Santo André quanto na alterações na legislação de uso e ocupação do solo.
Já a possibilidade de o almoço consolidar-se como embrião de um rompimento formal com o Clube dos Construtores e Incorporadores chefiado por Milton Bigucci é enfaticamente defendida por outro empresário do setor, igualmente convidados ao encontro com a Administração Carlos Grana, mas que prefere manter o anonimato.
Rescaldos comprometedores
O desinteresse da massa de construtores e incorporadores pela agremiação chefiada por Milton Bigucci é lembrado como rescaldo natural do incômodo que qualquer sucessão provocaria, já que o dirigente da MBigucci não estaria disposto a afastar-se para valer do comando mesmo que disfarçado. A substituição de Milton Bigucci, reeleito para mais um mandato em eleição sem transparência pública e com número limitadíssimo de associados, não encanta os empresários do setor.
Haveria condicionantes que procurariam preservar os poderes do atual dirigente. Composições que gerariam apenas um disfarce de que houve de fato mudança na entidade estão fora das perspectivas de empresários preocupados com as atividades institucionais da categoria e também agora com as dores do refluxo da demanda. Há micos imobiliários espalhados por toda a região, mas o assunto é tratado com extremo cuidado e discrição. Não se pretende massificar uma realidade que poderia impactar ainda mais os preços já em fase de exaustão progressiva.
Há informações que dão conta de que Milton Bigucci já tem dados suficientes sobre o almoço de 13 de maio próximo e que, em função disso, pretenderia articular reação para não sofrer novos abalos na imagem. Bastariam as desconfortáveis contendas ministeriais e judiciais. Milton Bigucci tentaria contraofensiva junto ao prefeito Carlos Grana para desestimular o almoço de 13 de maio no contexto que se anuncia, ou seja, de debilitação escancarada da liderança setorial que sempre propagou.
Um dos eventuais aliados de Milton Bigucci na tentativa de desmobilizar aquele encontro é o secretário de Desenvolvimento Urbano de Santo André, Paulo Piagentini, amigo de muitas jornadas e que teria sido indicado pelo próprio Bigucci à gestão Grana para controlar o setor imobiliário local.
Tudo é considerado possível, mas não faltam recomendações ao prefeito Carlos Grana: a indicação de Paulo Piagentini por Milton Bigucci teria sido num momento em que as credenciais éticas do dirigente do Clube dos Construtores e Incorporadores não se tornaram tão combatidas. A participação da MBigucci nas fraudes da máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo, denunciadas recentemente, tanto no pagamento de ISS como de IPTU, tornou o presidente da companhia um parceiro indigesto. Como se não bastassem as irregularidades na região, denunciadas por CapitalSocial.
O prefeito Carlos Grana teria de escolher, ante pressões que pretenderiam o cancelamento do almoço, o caminho da renovação que se pretende no setor imobiliário ou manter laços com o presidente do Clube dos Construtores e Incorporadores cada vez mais isolado.
Já haveria indícios de que o prefeito de Santo André procura novas informações sobre a correlação de forças do mercado imobiliário na região. Ele não quer correr risco algum em agendar um almoço no qual o interlocutor de tantas jornadas será no máximo apenas mais um convidado. O que tem chegado a seus ouvidos são informações consolidadas de que o Clube dos Construtores e Incorporadores é uma miragem, porque praticamente não tem nem construtores nem incorporadores na lista de associados.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!