Sociedade

Não mais que 30 mandachuvas dão
cartas na Província. Como mudar?

DANIEL LIMA - 14/04/2014

Sem exagero, não mais que 30 pessoas mandam e desmandam na Província do Grande ABC. E olhem que estou esticando a corda. Se adotasse quantificação mais seletiva, o número seria reduzido à metade. Mas fiquemos nos 30 mandachuvas que comandam a política, a economia, a institucionalidade, os meandros sociais. Esses elementos, em larga maioria, estão preocupados apenas com os próprios bolsos. A entidade cerebral que pretendemos ver reluzir, e contra a qual muitos desses 30 mandachuvas já estão de olhos arregalados, loucos para dinamitar, seria uma maneira de ampliar exponencialmente o universo de decisões, democratizando informações a camadas de formadores de opinião imobilizadas, quando não desnorteadas.


 


Não me lancei ainda a produzir a lista dos 30 mandachuvas da região, muitos dos quais diretamente responsáveis pela condição de Província que ostentamos. Se me dedicasse à tarefa, teria de traçar um breve perfil de cada um. Conheço todos eles de forma direta ou indireta. Eles estão sempre à espreita. Perseguem quem ousa não lhes dar trégua. Muitos se detestam, porque ocupam espaços muitas vezes conflitantes, não se suportam até, mas quando se trata de acomodar situações, cerram fileiras em torno de medidas nem sempre republicanas.  Não confio nem a pau nesses 30 mandachuvas, e tampouco nos estimados 200 mandachuvinhas que os cercam, que os servem, que os bajulam e que os protegem.


 


Duvido que se cada um dos leitores mais conhecedores da Província do Grande ABC resolver fazer uma lista com um número mesmo que inferior de mandachuvas que se enquadrariam no perfil de detentores de poderes na região, não existir uma grande margem de coincidências, que não são coincidências, quando confrontada com a relação que ainda não me dei ao trabalho de preparar.


 


Gente do mal


 


Está na cara quem são os protagonistas mesmo que dissimulados da cena de mandonismos da Província do Grande ABC. Gente do bem mesmo, gente que pensa em gente, gente que olha além do próprio umbigo para valer, esse tipo de gente é expressiva minoria nesse agrupamento.  Se levar a ferro e fogo o conceito de mandachuvas, que implica mais para a banda do pecado do que da virtude, não haveria mesmo gente do bem, porque os mandachuvas eliminam qualquer resquício de benevolência, de solidariedade, de cidadania, temerosos de reviravolta no placar.


 


Daí a importância de a entidade cerebral sair da mente de cada um de nós e virar realidade. Mesmo sem enfrentá-los diretamente, porque essa não é a melhor tática, quanto menos a melhor estratégia, as atividades da entidade cerebral poderiam impactá-los. Eles dependem decisivamente da passividade social, da falta de lideranças sérias, do engate de iniciativas que encontrem o futuro como ponto de honra.


 


Os mandachuvas da Província são como todos os mandachuvas de tantas outras geografias: eles temem o coletivismo organizado e dão de ombros, quando não sussurram sarcasmos, ao coletivismo disfarçado de organização mas que no fundo não quer outra coisa senão a valorização do passe de algumas individualidades sempre prontas à cooptação regiamente compensada. Eles, os mandachuvas, também praticam o jogo da falsa participação, da falsa comoção, porque inventam cases com o intuito de ludibriar os incautos. Criam fantasias em forma de marketing para sugerir solidariedade social.


 


Por que o caro leitor não faz uma experiência? Prepare sua listinha dos mandachuvas que têm poderes muitas vezes sobrenaturais, porque imunes a qualquer tipo de penalidade legal. Pensem bem. Analisem os acontecimentos dos últimos anos, vejam o que eles andam fazendo, verifiquem o que já fizeram e imaginem o que possam fazer. É tão fácil chegar a um número razoável deles. Algo como tirar doce da boca de criança.


 


Imagem de magnânimos


 


Os 30 mandachuvas da Província do Grande ABC manobram de tal maneira os escaninhos dos podres poderes públicos, porque boa parte deles é integrante dos podres poderes públicos, e se especializaram tanto em marketing pessoal, corporativo, social e político, que, muitos deles, passam a imagem de que são magnânimos e, portanto, merecedores de reverências, referências, comendas e outros badulaques.


 


Não faltam filantropos entre os mandachuvas, porque filantropia confere selos de seriedade e de respeitabilidade. Há marqueteiros especializados em assessorar mandachuvas para tornar algo pretensamente comovedor a imagem difusa, quando não tormentosa, de que desfrutam.


 


Mandachuvinhas nocivos


 


Por conta desses 30 mandachuvas a Província do Grande ABC está como todo o mundo sabe como está. Há décadas que eles, os 30 mandachuvas, estão aí na forma de atuar, de manipular, de doutrinar, de avacalhar. Eles são apenas replicantes de cópias que já se foram desta vida ou estão no banco de reservas provisório ou não, ditado principalmente por resultados eleitorais. Encontrar os originais mandachuvas só mesmo com rastreamento da história regional. Não vale a pena perder tempo. Que o tempo seja despendido em minimizar e quem sabe neutralizar tantos podres poderes que eles manipulam. Os mandachuvinhas possivelmente sejam piores que os mandachuvas, porque são os primeiros a lhes conferir atributos mais que ofensivos ao conjunto da sociedade, induzindo-a a acreditar que vorazes mercantilistas, quando não corruptos, podem ser anjos também.   


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