O Azulhão, resultado do Azulão São Caetano enxertado pelo Ramalhão Santo André, deu sinais de que poderá disputar um bom Campeonato Brasileiro da Série C nesta temporada. Com quatro titulares e quase toda a comissão técnica egressa de um Santo André que quase subiu à Série A do Campeonato Paulista, o São Caetano venceu o Guarani de Campinas ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella por um a zero exibindo novo futebol. Está longe do ideal, o que é normal para início da competição, mas projeta perspectivas satisfatórias.
Há ainda muita arrumação tática pela frente, mas o São Caetano do técnico Vilson Tadei incorporou algumas virtudes do Santo André que o reforça: os quatro titulares aceleraram o processo de ajustes da equipe, a dinâmica principalmente sem bola foi entusiasmante e o foco centralizado na absorção de nuances táticas não deixou dúvidas de que há preparação mais densa nos treinamentos e nos vestiários.
Somente durante 15 minutos do jogo o São Caetano deixou de ter o controle tático. Foram os primeiros 15 minutos do segundo tempo, quando o Guarani, enxertado por vários jogadores e também pela comissão técnica do Capivariano, campeão da Série B Paulista, decidiu empreender uma blitz. O São Caetano ficou atordoado, não sabia o que fazer ante aquela avalanche de jogadores em seu campo de defesa a impedir que a saída de bola fosse fluente como no primeiro tempo.
Mas foram apenas aqueles 15 minutos que o São Caetano ficou à deriva. Seria impossível o adversário exercer por mais tempo aquela pressão. O Guarani foi para um tudo ou não por tempo limitado. Deu-se mal, porque cansou, o São Caetano reagiu, passou a valorizar mais a bola, invadiu o campo adversário e logo chegou ao gol de Danielzinho, aos 24 minutos.
O técnico Vilson Tadei foi a campo com um São Caetano praticamente espelhado no Santo André com o qual ganhou 72,72% dos pontos disputados ao ser contratado na nona rodada da Série B. O sistema 4-2-2-2 só não foi mais eficaz porque Danielzinho não executou uma jogada mortal, bem preparada por laterais e meio-campistas: ele parte em velocidade sem bola, lançada num ponto futuro, e pega a defesa toda desarmada. Danielzinho tentou várias vezes mas completou mal. O gol de cabeça, após cruzamento de Angelo, lateral que faz da linha de fundo seu mantra, o redimiu: o atacante soube se posicionar num vazio de uma defesa coalhada de zagueiros.
Aplicação tática
O 4-2-2-2 de Vilson Tadei tem dois laterais que apoiam (Ângelo e Renato Peixe, que vieram do Santo André), dois volantes que marcam forte (Esley e Ramalho, que também veio do Santo André), dois jogadores posicionados mais à frente (Melinho e Cacá, este também ex-Santo André) e os atacantes Giancarlo, de 1,95 metro, e Danielzinho. Esses números são apenas referenciais. Sem a bola o São Caetano de Vilson Tadei mostrou muita aplicação tática durante quase todo o tempo, com marcação em todos os setores.
Faltam alguns pontos sobre os quais Vilson Tadei vai se ocupar nos treinamentos: a bola não pode passar tão apressadamente entre os setores quando não se tratar de contragolpe convidativo. Durante larga margem do jogo o São Caetano exagerou na velocidade e passou a dispor de poucas opções ofensivas, porque o meio de campo e um dos laterais não encontravam tempo para posicionamento avançado. Densidade ofensiva é resultado de perfeito diapasão entre roubar a bola e organizar a contraofensiva.
Também fisicamente o São Caetano pode melhorar bastante, porque há alguns jogadores nitidamente abaixo do ideal. Como o meia Cacá, o melhor durante todo o primeiro tempo mas com baixo rendimento no segundo. Danielzinho também deixou de executar funções defensivas, de marcador, abandonando o lateral-esquerdo adversário, um bom apoiador. O centroavante Giancarlo é uma opção e tanto nas bolas altas. Com quase dois metros de altura, está longe dos brutamontes: tem mobilidade e uma vontade imensa de participar do jogo também sem bola.
O começo do São Caetano ante um adversário tradicional que lhe tem aplicado derrotas seguidas nos últimos anos não poderia ser melhor. Mesmo se admitindo que é preciso melhorar. O Azulhão é uma fórmula de possível sucesso a ser comemorado. A migração de um grupo de jogadores do mesmo tipo para reforçar um time que não se arrumava taticamente é uma boa alternativa para quem não pode perder tempo.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André