Sociedade

O que fazer com fantasma de Bigucci
no almoço do mercado imobiliário?

DANIEL LIMA - 30/04/2014

Os representantes do mercado imobiliário que querem ver Milton Bigucci pelas costas mobilizam-se para comparecer em massa ao almoço com a cúpula da Administração Carlos Grana, programado para 13 de maio em restaurante chique. As informações convergem para um mesmo ponto: o que o mercado quer deixar de recado aos dirigentes da Prefeitura é que Milton Bigucci não tem legitimidade para representar a classe, envolvido que está em várias falcatruas.


 


Resta saber – e esse é um ponto crucial – até que ponto a Administração petista pretende ajudar a rifar Milton Bigucci, velho companheiro de guerra do secretário Paulo Piagentini, também representante do setor e titular da pasta de Habitação e Urbanismo de Carlos Grana. Estaria um administrador público, após escolher um empresário do setor imobiliário, isento de qualquer desconfiança sobre o nível ético a oferecer aos interessados ou a situação se assemelha à raposa que cuida das galinhas? Não seria melhor avocar a máxima da mulher de César?


 


Há informações robustas que dão conta de que a cada dia que passa mais construtores e incorporadores com interesse no uso e ocupação do solo de Santo André estão aderindo ao movimento do empresário Fernando Cesar, que também dirige um programa voltado ao setor num canal de TV da Internet. Fernando Cesar tem evitado comentar o assunto, mas não faltam representantes imobiliários receptivos ao que se delineia na sequência do almoço: o encaminhamento de uma proposta ainda informal à constituição de algo como Núcleo dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC. Tudo porque Milton Bigucci já teria dado tudo o que pouco deu à frente da chamada Acigabc.


 


Equilíbrio difícil


 


Certo, certo mesmo é que a situação da Administração Carlos Grana ficou delicada porque se chegou a considerar a possibilidade de oferecer respaldo a Milton Bigucci durante o evento, mas não faltaram recomendações em contrário. Apoiar mesmo que discretamente o presidente do Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC seria endossar escorregões patrocinados pelo empresário tanto na região como na Capital, envolvidíssimo com a máfia dos fiscais denunciada pela Controladoria Geral da Prefeitura de São Paulo e pelo Ministério Público.


 


Como dar um jeitinho de contemplar Milton Bigucci com um mimo de diplomacia e lantejoulas durante o almoço se a maioria dos convidados vai estar ali justamente porque o Clube dos Construtores e Incorporadores é de nulidade institucional de dar pena?


 


Essa ponderação foi colocada à mesa do prefeito Carlos Grana que não é bobo nem nada para meter a mão em cumbuca. O ambiente para o secretário Paulo Piagentini também ficou pouco confortável porque, amigo de Milton Bigucci, mantém proximidade com o empresário em alguns empreendimentos, inclusive em Santo André.


 


Sabe-se que a cúpula petista de Santo André ainda avalia o quadro. Não falta quem queira chutar o pau da barraca de Milton Bigucci, atirando-o às traças, porque não querem o menor risco de contaminação. Mas não falta também quem insista em destinar ao dirigente algo que não o coloque numa sinuca de bico.


 


A presença de Milton Bigucci no evento chegou a ser desaconselhada por amigos mais próximos do empresário, mas ainda não há confirmação de que poderia inventar alguma história para dar conotação diferente do que a que se apresenta. Se for ao almoço sentiria na pele o desprestígio e se não for parecerá que finalmente jogou a toalha da liderança frágil que exerce.


 


Apesar de orquestração para que o almoço com a cúpula petista de Santo André tenha significado exclusivamente econômico, a institucionalidade permeia os diálogos. E essa institucionalidade é clara: a necessidade de criar mesmo uma nova instância que contemple os valores das construtoras e incorporadoras da Província do Grande ABC já que caiu a ficha de que o Clube dos Construtores e Incorporadores de Milton Bigucci atende exclusivamente aos interesses de Milton Bigucci.


 


De resto, a indagação que resiste em todas as conversas entre os empresários do setor que já aderiram ao almoço é saber o que fazer com o fantasma de Milton Bigucci que estará ao vivo ou no vazio da ausência numa das cadeiras reservadas aos convidados. 


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