Sociedade

Tubarões da Petrobrás na região
querem ser peixinhos de delator

DANIEL LIMA - 10/09/2014

Há um bocado de gente na Província do Grande ABC preocupadíssima com desdobramentos de novo escândalo da cadeia de malfeitos na Petrobrás. O ex-executivo da estatal, Paulo Roberto Costa, está colocando fogo no paiol de irregularidades da maior empresa brasileira. Não devem faltar rescaldos locais.  O Polo Petroquímico de Capuava, com forte influência da estatal, acionista de peso da Braskem, é o centro de atenções na região. Historicamente aquelas empresas sempre deram uma mão aos políticos e candidatos a políticos da coalizão de partidos no comando federal. Não seria diferente em mais de uma década de PT.


 


Sei que sei porque tenho de saber que não faltam candidatos e assessores de candidatos, quando não gente graduada de prefeituras locais, que rezam para que sejam bastante seletivos os critérios de delação premiada de Paulo Roberto Costa, o homem de muitas malas físicas e virtuais da Petrobrás.


 


Entenda-se por seletividade a opção preferencial de Paulo Roberto Costa por nomes de ressonância nacional como elementos espúrios à saúde financeira da Petrobrás. Como o ministro Edison Lobão, Renan Calheiros e tantos outros que a revista Veja revelou na edição de final de semana.


 


Os peixinhos nacionais, alguns dos quais tubarões na Província do Grande ABC, agradeceriam eventual generosidade de Paulo Roberto Costa em poupá-los de complicações. Nada melhor que, nestas alturas do campeonato, passem a ser considerados pequenos times no campeonato de enriquecimento petrolífero. Os tubarões da Petrobrás na região não querem passar de peixinhos na escala nacional. Querem que Paulo Roberto Costa os considere apenas peças ornamentais.


 


As maiores inquietações com o que poderia vir de chumbo grosso da artilharia de vômitos reveladores de Paulo Roberto Costa se concentram em São Bernardo. Mais especificamente no coração e no entorno da Administração Luiz Marinho.  Não desqualifiquem o entorno de Luiz Marinho porque o entorno de Luiz Marinho, principalmente o entorno extraoficial que dá as cartas e joga de mão, é um entorno mais poderoso que o próprio secretariado, quando não que o próprio prefeito em determinadas situações.


 


Declarações desastrosas


 


Não sei se o prefeito Luiz Marinho vai levar adiante a ideia de que pode algum dia ser candidato vitorioso ao Palácio dos Bandeirantes, posto que tanto acalenta porque acredita que de poste sindical que virou prefeito pode contar com novo embalo do padrinho Lula da Silva e conquistar a plateia paulista que quer ver o PT pelas costas. Talvez Marinho tenha desistido do propósito ante a experiência do mais digerível médico Alexandre Padilha, que se arrasta nas pesquisas eleitorais.


 


Se, teimoso como é, Luiz Marinho mantiver esse sonho, precisa tomar algumas providências. Uma das quais é solicitar ao jornal Repórter Diário o sumiço de entrevista que concedeu ainda outro dia a pretexto do aniversário de São Bernardo. A medida é salutar. Ali o prefeito petista faz uma rápida, incisiva, desnorteante e comprometedora defesa da Petrobrás.


 


Para Marinho, tudo que se vinha divulgando sobre os assaltos aos cofres da estatal era algo como uma ação destruidora de arredias forças de oposição ao governo federal por conta das eleições. É provável que após as declarações de Paulo Roberto Costa ao juiz do Paraná, o mesmo Paulo Roberto Costa que dizem ter frequentado os arredores do Paço de São Bernardo com alguma frequência, é provável, dizia, que Luiz Marinho tenha mudado de ideia. A tática de atacar para defender se comprovou farsa argumentativa.


 


É claro que as andanças da turma ligada a Paulo Roberto Costa não tiveram exclusividade regional na São Bernardo do prefeito dos prefeitos da Província do Grande ABC. Não se deve subestimar o poder de sedução de outros territórios regionais.  Mas teria sido mesmo em São Bernardo que ações supostamente nada republicanas ganharam mais força e ritmo.


 


Pré-Sal especulativo


 


Foram inúmeras as ações de mobilização da gestão Marinho para trazer á região, mais especialmente a São Bernardo, tentáculos de abastecimento de serviços do Pré-Sal, criando-se uma nova alternativa de matriz econômica numa cidade que teme o dia em que secar a mina da indústria automotiva.


 


Certo é que o Pré-Sal desandou na região, embora tenha contribuído para forjar armadilhas imobiliárias. Como a do mico chamado Domo, ao lado do Paço Municipal. Vendeu-se aos incautos compradores e investidores a informação supostamente privilegiada de que a torre envidraçada que dá ao empreendimento ares de Primeiro Mundo comportaria uma sede regional da Petrobrás voltada à riqueza retirada do mar. Muita gente acreditou. Está evidentemente na Baixada Santista, em Santos, a torre de especialistas da estatal.


 


O monitoramento regional de petistas e aliados petistas sobre os depoimentos de Paulo Roberto Costa intensificou o uso de tecnologias de informação supostamente indevassáveis. Sem contar que à suspeita de que não há mais ferramental de comunicação imune à bisbilhotagem, os encontros pessoais em discretos endereços da Capital se tornaram mais frequentes.


 


Está instalado na região o terror da Petrobrás e das empreiteiras de obras que fazem a festa de políticos no financiamento eleitoral ardilosamente subestimado em valores. O grosso mesmo dos recursos passa pelo caixa dois e pelo caixa três, como provam as gordas movimentações bancárias do delator e familiares.


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