Regionalidade

Cuenca quer a
verba de emigrantes

DA REDAÇÃO - 05/07/2002

Cuenca, no Equador, quer fazer de um amargo limão talvez uma suculenta limonada. A grande massa de divisas mandada à cidade pela população em idade ativa que emigra atrás de oportunidade de emprego pode ser a base de lastro de um instituto local de financiamento. Calcula-se que entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões por ano são enviados sobretudo por homens às suas famílias, o que significou 50 vezes o orçamento local em 2000. Como a cidade vem obtendo êxito na cooperação entre representantes públicos e privados reunidos em ONGs e agências de desenvolvimento, a idéia é que a aliança se repita nesse fundo de custeio. "Não seria um banco, mas um instituto que centralizaria inclusive as linhas internacionais a fundo perdido" -- comentou Carmen Valarezo, chefe do Departamento de Planos, Programas e Projetos da Prefeitura de Cuenca. 

A cidade de 417 mil habitantes foi declarada patrimônio cultural da humanidade em 1999 pela ONU e é uma das localidades mais desenvolvidas do Equador. Muito dessa expansão veio do dinheiro reenviado por jovens e chefes de família que saíram sobretudo da zona rural, onde moram 40% da população, 80% da qual pobre. Na zona urbana a pobreza é menor, calculada em 32%, e os indicadores são bastante melhores que o do país, inclusive. O índice de moradias tem crescido 8% ao ano em Cuenca, contra apenas 1% na Capital, Quito, e queda de 3% no resto do Equador. Pelo menos 97% da população urbana de Cuenca têm cobertura de água potável, 92% têm saneamento básico e telecomunicações e 85% coleta de lixo, citou Carmem Valarezo. O problema é que a emigração desestruturou muitos lares, a ponto de 25% dos chefes de família serem mulheres e ainda haver 34% da população rural na linha de extrema pobreza. Também abalou profundamente a economia a dolarização promovida em 2000. A desvalorização do sucre equatoriano criou muita resistência entre investidores e obrigou a vários replanejamentos.


Potencializar economia -- A EDC (Estratégia de Desenvolvimento de Cidade) de Cuenca foi iniciada em setembro de 2000 sobretudo para potencializar as exportações de atividades econômicas tradicionais. Cuenca tem uma zona franca comercial. Suas principais forças econômicas estão na indústria cerâmica, de madeira, couro e linha branca. Também é forte no artesanato com jóias e bordados e as seis universidades conferem prestígio à localidade, por isso há interesse no desenvolvimento do turismo cultural e ecológico, expôs a executiva pública. Apesar de um parque com estimadas 200 médias empresas e 500 pequenas, a informalidade ainda é dominante. Calcula-se em 84%, sobretudo no comércio, onde há estimados 10 mil estabelecimentos.

Um dos pontos fortes do plano estratégico de Cuenca é a cogestão de participantes públicos e privados, embora a cidade não tenha conseguido envolver o que Carmen Valarezo chama de atores-chaves, como o governo do Estado e a União. Duas instâncias se sobressaíram nas articulações comunitárias -- a Acudir (Agencia Cuencana para el Desarrollo y la Integración Regional) e a Asociación de Parroquias Rurales de Cuenca -- e um Permament Workshop funcionou em período integral durante a estruturação dos trabalhos de campo. Durante todo o mês de outubro de 2000, interessados poderiam incluir e debater assuntos das 19h às 22h.

O custo da EDC de Cuenca é calculado até agora em US$ 48 milhões entre montagem de 14 planos e viabilização de algumas ações, entre as quais o programa participativo Melhore Seu Bairro. Esse programa exigiu US$ 15 milhões em melhorias urbanas. São sete câmaras de trabalho: turismo regional, apoio à microempresa, apoio a atividades comunitárias, cooperativas de serviços, promoção de exportação agrícola, proteção ao meio ambiente e moradia popular. Além do fundo de financiamento local, Carmem Valarezo citou que outra forma de aprofundar a relação público-privado é a transformação das cinco empresas municipais criadas nos últimos anos em empresas mistas. "Assim evitaremos a politização das iniciativas" -- justificou.


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