Sociedade

Esporte é coisa
para executivos

ANDRE MARCEL DE LIMA - 05/01/2003

Uma das maiores autoridades internacionais em psicologia esportiva e empresarial, o consultor James Loehr não só endossa a constatação de Nuno Cobra como vai mais longe: treinamento esportivo não é privilégio de atletas profissionais, mas deve ser adotado por qualquer ser humano saudável interessado em transformar o aperfeiçoamento ou manutenção da resistência física e da força muscular em ignição infalível para ativar todas as capacidades humanas, intelectuais e profissionais. 

A constatação de que o bem-estar físico conquistado com exercícios regulares acaba por transbordar sobre todas as habilidades e aptidões humanas ganha ainda mais significado quando aplicada a profissionais permanentemente envolvidos em desgastantes processos de tomada de decisões. Especialmente para empresários e executivos, atividades esportivas ampliam a capacidade e a qualidade do trabalho, além de converter-se em providencial válvula de escape para as tensões do dia-a-dia sem as contra-indicações das drogas lícitas ou ilícitas. 

“O estresse não é o vilão da história; o problema é não saber recuperar-se dele” — destacou James Loehr em entrevista à HSM Management, uma das principais publicações brasileiras da área de gestão empresarial. Loehr sabe muito bem do que está falando. O presidente da LGE Performance Systems já trabalhou com vários atletas de primeira linha, como os tenistas André Agassi e Gabriela Sabatini, e treinou centenas de homens de negócios de empresas como Merril Lynch, L’Oreal e IBM através do método Corporate Athlete Training Program — Programa de Treinamento para o Atleta Corporativo. Também escreveu vários livros, entre os quais Stress for Sucess e Toughness Training for Life, cujas traduções livres são Estresse para o Sucesso e Treinamento Árduo para a Vida. 

O material veiculado pela HSM Management é tão rico que vale a pena reproduzir os principais trechos da entrevista. James Loehr explica que o treinamento esportivo proporciona resultados fantásticos para empresários e executivos porque a distância psicológica entre quadras e pistas de corrida das fábricas e escritórios é muito menor do que se pensa: 

“Um atleta se propõe a expor aos outros seus talentos e habilidades em um ambiente altamente competitivo e exigente. É isso, em suma, o que fazem os executivos. Tratam de aproveitar suas capacidades em um contexto dinâmico, suportam muita pressão e sofrem graves consequências se não vencem (...). O bom estado físico favorece o desempenho de uma pessoa em qualquer contexto e aumenta seu rendimento intelectual. Os campeões de xadrez atingem níveis superiores de competitividade quando melhoram seu estado físico. O exercício físico é uma poderosa ferramenta de recuperação mental (...)”.

Além de proporcionar saúde e bem-estar físico, a atividade esportiva é benéfica porque traz ou reforça qualidades vitais no mundo dos negócios, como o poder de concentração. “A capacidade de concentração é uma habilidade mental. Para aperfeiçoá-la, é essencial possuir bom estado físico (...)”.

Mais do que luxo para quem dispõe de tempo livre, atividade esportiva é necessidade básica para a qual se deve sempre reservar espaço na agenda. “A maioria das pessoas não está em condições de evitar o estresse, porém, pode incorporar rotinas de recuperação. É aí que se deve colocar o foco. As principais fontes de recuperação são alimentar-se, hidratar-se, movimentar-se. Mudar o assunto que ocupa a mente e o espírito (...). O bandido não é o estresse. O verdadeiro vilão é a recuperação insuficiente (...)”. 

A existência de profissionais desleixados com o próprio corpo, mas que acumulam bons resultados no front empresarial, representa exceção que confirma a regra. “É certo que há executivos bem-sucedidos que fumam e bebem muito ou que estão acima do peso. Contudo, são pessoas que não utilizam todo seu potencial ou que terminam pagando um preço que não deveriam pagar (...)”.


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