Está dada a largada para um novo espaço de debates e formulação de ações regionais. O UniFórum ABC surge com a promessa de colocar o Ensino Superior no centro das articulações para recuperar o Grande ABC econômica e socialmente, pondo fim ao papel reduzido que a academia em geral tem desempenhado na história da região. Dez instituições assinam a carta de fundação do movimento — que decidiu não se formalizar como entidade jurídica a fim de estar aberto a outras instâncias do ensino básico e médio, da rede privada e pública, bem como a educadores e profissionais em geral que lidam com educação.
O UniFórum pode representar um velho ajuste de contas com o que o Grande ABC espera de sua academia, destacando-se aí a melhoria da qualidade de ensino e a participação mais direta nos destinos regionais. “Nossa missão é criar mecanismos que atualizem e aprimorem o ensino, a pesquisa e a extensão para formar profissionais competentes, mas também queremos ajudar os poderes públicos e a iniciativa privada nas questões relativas ao desenvolvimento regional” — anuncia Amália Fernandez Gomez, uma das coordenadoras da nova instância e assessora de relações institucionais da Universidade Metodista. “Temos boa expectativa em relação à colaboração das escolas, em especial às empresas. O setor petroquímico trabalha com pesquisa e desenvolvimento junto à UniFEI e à Engenharia Mauá e acredita que isso possa ser aprofundado entre outros setores e universidades” — comenta o novo diretor-geral da Agência Regional de Desenvolvimento Econômico, Jorge Rosa, executivo da Petroquímica União.
A criação de um espaço próprio para a articulação da universidade regional é vista pela Agência como um ganho de mão dupla: a academia cresce com a produção e irradiação de conhecimentos, enquanto o parque econômico se beneficia com mão-de-obra mais preparada para a realidade regional e com um ambiente para pesquisas e experimentos. “Muitas vezes temos de contratar levantamentos de fora e de organizações que sequer conhecem a região” — lamenta Jorge Rosa, que saúda a proposta do UniFórum de reduzir a fronteira entre a comunidade e os centros de conhecimento e inteligência. A Agência de Desenvolvimento teve papel central na criação do UniFórum. Desde meados de 2001 sete instituições de ensino superior integram a Agência e foi a partir dessa interlocução que decidiram criar instância própria para troca de experiências e formulação de iniciativas.
Ações atrasadas — “Nunca vi acontecimento como esse: as escolas reunidas para melhorar o ensino e colaborar com a região como um todo” — aprecia o veterano Sérgio Lazzarini, das Faculdades Iesa de Santo André. O educador assume que a desunião foi o breque de mão puxado que impediu a integração das universidades, que sempre se viram como adversárias e evitavam alianças até para assuntos corporativos como uma central de compras. O diretor do Iesa entende que o aumento no número de universidades foi o antídoto para o isolamento: “Quanto mais competitividade, mais as escolas aprimoram a infra-estrutura pedagógica” — diz.
Jaime Guedes, do Centro Universitário Uni-A, é entusiasta da aproximação representada pelo UniFórum porque também entende que o isolamento retardou intervenções que a academia poderia estar realizando no Grande ABC: “Somos exemplo de como a união rende frutos: a Uni-A acaba de formar a primeira turma de Tecnologia em Processos de Produção, um curso específico para as necessidades da Volkswagen do Brasil, que nos ajudou a formatar o programa das aulas” — cita, desejando que alianças se repitam entre escolas em favor de um novo perfil profissional na região. Posição semelhante manifestaram os diretores Laércio Batista, David Barros e Márcio Rillo, respectivamente do Imes São Caetano, Metodista de São Bernardo e UniFEI, todos quarentões no ensino na região, mas com trajetórias paralelas. O Imes se destaca sobretudo pela atuação do banco de dados do Inpes, a Umesp pelo atendimento comunitário e a FEI pelas pesquisas industriais. Interseccionar essas expertises é o grande desafio do UniFórum.
O UniFórum será itinerante. O grupo vai eleger a cada ano uma instituição para sediar os debates, iniciando pela Metodista. As atividades serão trabalhadas em comitês temáticos e três já estão instalados: Comitê Formação Acadêmica (que abre o calendário neste 24 de abril debatendo Formação Acadêmica e a Realidade de Mercado do Grande ABC), Comitê Projeto de Vida (que discute dia 22 de maio Conhecimento, Profissionalização e Realização Pessoal) e Comitê Universidade Cidadã (que em 26 de junho prepara painel sobre Universidade Para a Formação Cidadã). Também integram o UniFórum a Fundação Santo André, UniABC, Unip, Strong e Foco (Faculdade Octógno). O prefeito João Avamileno e a dirigente regional Leny Walendy, representando o secretário estadual de Educação Gabriel Chalita, estiveram no lançamento, no Sesc Santo André.
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