Ana Paula Fogo faz jus ao sobrenome no Caso Saul Klein. Ninguém teve a curiosidade de resgatar os passos dessa mulher que convenceu o Ministério Público Estadual a produzir um assassinato social com inteira cooperação do programa Fantástico, da Rede Globo, não o fosse cometido anteriormente nas páginas da Folha de S. Paulo, da colunista Mônica Bergamo.
Ana Paulo botou fogo no paiol de credibilidade de Saul Klein, transformando-o em estuprador. Justamente Ana Paula Fogo que tanto o amou e, incorrespondida, decidiu partir para o tudo ou nada.
Outras mulheres ameaçaram fazê-lo antes, mas foram bem recompensadas pelo namorador que temia o que todo namorador teme quando a vida não se limita à convivência com mulheres. Não é comum um homem virar publicamente namorador num País cínico em moralidade, como em tantas outras coisas.
Mas como namorador é pouco para quem quer retaliação, era preciso incriminá-lo. Mesmo sem prova material alguma. E o MPE aceitou. E de alguma forma deu publicidade a um assunto com a chancela de segredo de Justiça.
Colecionadores de tudo
O que se pergunta é se há algo de errado em colecionar mulheres. Colecionar mulheres é, até prova em contrário, muito mais saudável que tantas outras coisas que alguns malucos colecionam. Há quem prefira criar baratas. Outros, borboletas. Alguns até fazem esforço inimaginável para colecionar sapos. Cada louco com sua mania. E condições financeiras, claro.
Os alpinistas que se matam montanhas acima e precipício abaixo são colecionadores de emoções radicais. Há gabinetes de prefeitos e vereadores Brasil afora em que os titulares colecionam mulheres auxiliares a qualquer horário do dia ou em supostos expedientes noturnos. Cada um caça a presa com as armas de que dispõe. Saul Klein é um colecionador daquilo que todo homem gosta de colecionar. É verdade que há homens que optam por outras modalidades. Mas isso é de cada um.
Outro dia apareceu um colecionador de ingressos de futebol. De jogos que viu e de jogos que não viu. Saul Klein coleciona mulheres que viu, ouviu, curtiu e consumiu. Torná-lo estuprador sem provas é um veneno destilado por quem não tinha nada a perder, porque tudo já perdera. No caso, o amor do namorador de Alphaville.
Ana Paula, que se autodenomina Banana, é uma das personagens centrais de uma história de estupro de mais de uma dezena de mulheres. Uma história terraplanista na área criminal porque falta o essencial – a materialidade das acusações.
Sabe-se que, como água na fervura da agressividade com que Ana Paula se lançou contra Saul Klein, existiria mais que uma dezena de mulheres que tornam o milionário fonte preferencial de amabilidade, carinho e atenção. Ex-namorada de Saul Klein, Ana Paula Fogo provavelmente viveu situação semelhante. Jamais reclamou de qualquer coisa que não fossem encontros consentidos. Com consumação ou não.
Dizer ao Ministério Público que é uma das estupradas e desfilar uma relação de outras supostas vítimas é estarrecedor. Por que o silêncio até então? Que Síndrome de Estocolmo é essa? Como pode tantas mulheres serem subjugadas por um namorador até que um dia, num estalo, reúnem-se em acusações? Um inquérito que, é sempre bom repetir, não se utiliza de qualquer comprovação material.
Mídia espetaculosa
Entretanto, quem disse que a mídia espetaculosa se importa com isso? Uma mídia que tanto condena fakes news das redes sociais age com açodamento. Utiliza-se de vieses que maltratam o jornalismo profissional. Vieses mais profissionais e por isso mesmo menos perceptíveis. Vou dedicar um ou mais capítulos ao tratamento da mídia profissional ao namorador de Alphaville.
Possivelmente a defesa do ex-executivo e herdeiro das Casas Bahia esteja mais que satisfeita com o inquérito do MP, apesar de todos os pesares que colocou o nome de Saul Klein na sarjeta do sensacionalismo irresponsável.
A peça ministerial é uma coleção de depoimentos comandados nos bastidores da Internet por Ana Paula Fogo. Ela organizou a rebeldia e inoculou nas depoentes o ovo da servente da recompensa milionária de indenizações possibilitariam. Quando sexo e dinheiro se encontram como ambição suprema, tudo pode acontecer.
Contrapés de cartas
Para entender o papel agressivo e desmedido de Ana Paula Fogo no Caso Saul Klein há várias veredas a superar. Uma, raiz de todo o resto, é o amor ao namorador Saul Klein. A história contada por Ana Paula Fogo ainda vai ser relatada nesta série de capítulos.
Neste terceiro da série, o que importa mesmo é uma documentação manuscrita pela própria Ana Paula. São três cartas entregues em setembro do ano passado na portaria do condomínio de AlphaVille. Ela não teve acesso à casa de Saul Klein.
Barrada do baile pela segurança condominial, Ana Paula entregou as cartas na portaria. São cartas de quem está muito apaixonada. Ou se diz muito apaixonada. É preciso relativizar. Ana Paula é capaz de manipular emoções. Afinal, se amava tanto o namorador de Alphaville, por que então um ano antes entrara na Justiça do Trabalho contra o namorador de Alphaville?
Enrascada denunciatória
As cartas de Ana Pala parecem o ponto central à vingança programada e executada. Na Justiça do Trabalho comportou-se com frieza e cálculo. Reivindica vínculo de trabalho por atuar como coordenadora das mulheres. Omitiu que atuava por uma agência de eventos selecionada para abastecer os prazeres de Saul Klein. Entenda-se como prazeres de Saul Klein, à luz de testemunhas que não estão na lista de Ana Paula Fogo, mulheres jovens que divertiam o milionário em finais de semana esticados, independentemente do calendário oficial de feriados. Se colecionadores de tantas coisas, muitas exóticas, quando não surreais, não se importam com o calendário gregoriano, por que Saul Klein teria que se incomodar?
Como revelei no capítulo anterior, Ana Paula Fogo era uma das coordenadoras indicadas pela agência de eventos cuja propriedade também feminina ainda vai entrar nesta série, porque o que há a cercar seus representantes vai muito além das relações profissionais entre demandante e ofertante da mercadoria que Saul Klein tanto aprecia – mulheres jovens para se divertir, com sexo ou sem sexo, desde que sejam alegres. Aliás, a própria Ana Paula Fogo faz essa afirmativa no áudio degravado no capítulo anterior.
Afrouxando o cinto
Talvez o Ministério Público Estadual, sob o comando temático da promotora criminal Gabriela Manssur, encontre dificuldades para responder à seguinte questão, nos desdobramentos do inquérito policial já instaurado: afinal, como pode uma depoente tão decisiva à construção de uma história de múltiplos estupros, seja em AlphaVille, seja em Boituva, na casa de campo de Saul Klein, aparecer num áudio afirmando exatamente o contrário? Um áudio em que o consentimento é evidente como enredo das noitadas de prazeres de todos os prazeres não apenas de prazeres carnais.
Não se pode esquecer que Ana Paula Fogo diz às meninas, durante uma espécie de preleção semelhante à de treinadores de futebol nos vestiários: ninguém era obrigada a fazer nada que não quisesse e que ficava à cargo dela e de Saul Klein a decisão de quem passaria aqueles dias festivos num dos endereços do namorador.
Contraposta à gravação das recomendações, Ana Paula e Gabriela Manssur terão alguma saída senão buscar uma alternativa que as retire da saia justa?
Vá lá que a promotora criminal, na ânsia de estabelecer regras práticas de convivência menos violadora entre homens e mulheres, tenha afrouxado o cinto de segurança de credulidade. Mas no caso de Ana Paula Fogo é praticamente impossível sair da enrascada em que se meteu. Ela simplesmente deu um tiro no pé. O passado em que representava uma empresa terceirizada em emoções femininas apareceu vivo, vivíssimo, na gravação.
Uma vida complicada
Ainda não é hora para revelar detalhes sobre o vida pregressa e familiar de Ana Paula Fogo. Tudo tem seu tempo. O que se sabe é que a cada nova página que se abre, mais se caracteriza uma inciativa de vingança sem provas materiais.
Mais que isso: tudo indica que a ação acusatória da promotora criminal Gabriela Manssur foi um passo em falso no embalo na sede de enquadramento de homens violentos. As Justiceiras, como é chamado um projeto do MP sob a coordenação de Gabriel Manssur, foi a pólvora que incendiou a reputação de Saul Klein. Foi a gênese do assassinato social.
Embora a peça do Ministério Público conte com a proteção de segredo de Justiça, o que se sabe é que o lacre não só foi rompido em favor das primeiras revelações unilaterais da Folha de S. Paulo, seguindo-se o massacre do Fantástico, como vem ganhando novos vazamentos.
A liberdade de imprensa permite vasculhar casas supostamente protegidas pela legislação. Só não é aconselhável que vire um pedaço de trapo de acusações supostamente factíveis. O assassinato social de Saul Klein encaixa-se perfeitamente nesse modelo de definições baseadas em imprecisões e solapamento dos fatos por conta de vingança amorosa e um freio de arrumação nas relações mais agressivas entre homens e mulheres.
Acompanhe agora as cartas do próprio punho de Ana Paula Fogo a Saul Klein, entregues na portaria do condomínio de Alphaville em setembro do ano passado. Transcrição na íntegra, conservando a gramática.
De Banana para Zinho
Oi Zinho? Que saudade. Deixei uma carta na portaria e não sei se você leu. Estou deixando outra porque você sempre falou que a Vânia é a única fiel a você, agora também sei porque. Sinto sua falta! Não consigo superar. Não tem jogo, nem advogado, nada! Construímos essa história juntos a 12 anos, minha dedicação sempre foi movida por amor, você mais que ninguém sabe que dinheiro não me compra. Meu coração está sangrando! por isso deixe eu olhar nos seus olhos pela última vez e prometo que nunca mais me verá de novo. Eu conheço seus passos tanto quanto você conhece os meus, sou cria sua, isso não pode acabar assim. Nossa história é tão linda. Me dá uma chance? Nossa Sharon quer ser bailarina, você precisa ver ela dançando. Parabéns, suas netas são lindas. Sophia é sua cara. Você conseguiu ter uma família. Eu te amo, ninguém pode mudar.
De Banana para Zinho
Espero que esteja bem e saudável, aqui em casa ninguém adoeceu nessa pandemia, ainda bem, né? Estou passando aqui para lembrar que quando quiser você tem toda liberdade de falar comigo. Nós 2 podemos dar um fim em tudo e seguir nosso caminho. Chega de sermos manipulados e enganados. Ninguém entende eu e você, por isso eu falo eu e o Zinho nos entendemos. Não precisa ter medo de mim. Você me conhece como ninguém, você sabe quais são meus valores. O nosso amor sempre incomodou as pessoas e sempre vão fazer de tudo para nos separar. Não sei se está recebendo minhas cartas, mas não vou desistir até ter uma resposta sua. Saiba que mesmo de longe eu te protejo e sei que também faz o mesmo. Presta atenção. Não dê dinheiro em meu nome, nem para advogado. Me liga.
De Banana para Zinho
Em lágrimas me despeço de toda nossa história. Alexandre descobriu tudo e vai usar no tribunal. Me perdoa. Me perdoa os danos que causei na sua vida, me perdoa por estar sendo franca, me perdoa por te abandonar, mas será melhor assim. Ao menos você não terá dúvida nenhuma para se preocupar. Deixo o carro que possa ajudar, assim que tiver um endereço lhe aviso a fazer a transferência do carro. Sei que não acredita mais, mas eu te amo.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!