Sociedade

Saul Klein dá a volta por cima e
retorna à disputa em São Caetano

DANIEL LIMA - 25/03/2021

Três meses depois de ser devastado moralmente por falsa denúncia de estupro contra mais de uma dezena de mulheres, o empresário Saul Klein está de volta, mesmo discretamente, ao jogo eleitoral em São Caetano. Às portas de ser considerado vítima de um ataque organizado por quadrilha de extorsionistas durante o período em que sofreu de depressão, Saul Klein pode virar peça importante no tabuleiro eleitoral de uma cidade que vai ter nova rodada definidora de quem ocupará o Paço Municipal até dezembro de 2024. Hoje a Prefeitura é comandada interinamente por Tite Campanella, eleito presidente do Legislativo.  

Dar a volta por cima não significa que Saul Klein voltará a ser candidato a vice-prefeito na chapa de Fabio Palacio, concorrente que chegou em segundo lugar na disputa de novembro. Palacio perdeu a eleição para o então prefeito José Auricchio Júnior. O resultado está condicionado a uma improvável legitimidade da candidatura de Auricchio, perdedor de processo de impugnação em duas instâncias eleitorais.  

A recuperação moral com consequentes efeitos eleitorais de Saul Klein está mais que desenhada pelo Judiciário e também pela Delegacia da Mulher da Polícia Civil de Barueri. Entretanto, o empresário não estaria mais disposto a concorrer ao cargo. Preferiria colocar-se à disposição de Fábio Palacio. 

Quem será o vice?  

Há a possibilidade de, no arranjo à companhia de Fabio Palacio na disputa eleitoral, emergir um nome que seria autêntica bomba. Articula-se uma chapa que praticamente fecharia o cerco à sensibilização do eleitorado. Saul Klein estaria participando da operação, depois de resistir a pedidos de que recompusesse a dobradinha com Fabio Palacio.  

Muitos assessores de Fabio Palacio entendem que a confirmação judicial e policial de que Saul Klein foi vítima de difamação e desmoralização que poderia ter origem em São Caetano contribuiria para o fortalecimento da candidatura de Fabio Palacio. Mas o próprio Saul Klein insiste na busca de uma alternativa para fazer companhia eleitoral a Palacio.  

O nome preferencial teria potencial de votos já projetado. Seria suficiente para, somado ao potencial de Palacio, ultrapassar largamente o eleitorado que optou por José Auricchio na disputa. 

Massacre midiático   

O enredo processual não deixa dúvida sobre a articuladíssima ação difamatória que contou com a ingenuidade da promotora criminal Gabriela Manssur. Autora de denúncia contra Saul Klein no final de dezembro do ano passado, Gabriela Manssur não tomou cuidados básicos para conhecer mais de perto quem criou a narrativa de que Saul Klein seria um estuprador.  

Ana Paula Fogo Banana, ex-namorada do ex-executivo e herdeiro da Casas Bahia, é a ponta de lança da operação de uma empresa de entretenimento sexual e de escritórios de advocacia associados à extorsão.  

Inconformada com o rompimento das relações com Saul Klein, Ana Banana transformou-se em metralhadora verbal ao ocupar redes sociais até que foi catapultada à interlocutora preferencial de Gabriela Manssur num inquérito ministerial levado a toque de caixa, sem provas e voltado ao estardalhaço da mídia de grande porte. O Fantástico fez de Saul Klein espécie de João de Deus de jovens mulheres que o encontravam tanto na mansão em Barueri como na casa de campo de Boituva.  

O plano parecia perfeito. Saul Klein teve o passaporte bloqueado pelo Judiciário que determinou distanciamento físico das denunciantes. Os desdobramentos do processo marcam a reviravolta de Saul Klein.  

Quadrilha no jogo  

O feitiço virou contra o feiticeiro. Saul Klein recuperou o passaporte, foi relaxada a ordem de distanciamento das supostas vítimas e, mais que isso, o juiz criminal da 2ª Vara de Barueri assinou uma decisão que, finalmente, introduziu na esfera judicial a quadrilha da qual Ana Banana faz parte, como um conglomerado de delinquentes a ser investigado.  

O escritório do advogado André Boiani (Azevedo & Piccelli) comemorou a decisão do Judiciário. A defesa de Saul Klein contemplou detalhadamente, com provas, toda a engenharia transgressora do entorno de Saul Klein durante o período em que esteve submetido à gravíssima depressão.  

O tempo que separa os trâmites burocráticos para a definição da data das eleições para valer em São Caetano e o encaminhamento ainda mais consistente da armadilha contra Saul Klein talvez se encaixe de forma perfeita num cenário completamente diferente do que se imaginava quando das denúncias. Saul Klein foi afastado da chapa de Fabio Palacio em decisão preventiva e corriqueira em casos semelhantes até a apuração dos fatos.  

Não haveria indicativos de que Saul Klein retornaria ao posto de candidato a vice-prefeito. Primeiro porque não pretende mesmo envolver-se diretamente na gestão de eventual mandato de Fabio Palacio. Preferiria atuar em determinadas secretarias que respondam por novas políticas de recuperação econômica de São Caetano.  

Segundo porque a denúncia do Ministério Público e o que chama de repercussão midiática irresponsável o colocaram em dificuldades nos negócios.  

Perdas acumuladas  

A gravidade das perdas emocionais e econômicas só estaria sendo mitigada por conta dos resultados cada vez mais favoráveis no Judiciário e na Polícia Civil. O inquérito policial convergiria para a mesma trilha do Judiciário: industrializou-se uma denúncia sem efetividade de provas e cada vez mais assentada na premissa de que a movimentação se deu sob o comando de uma quadrilha especializada em extorquir.  

Não existe otimismo exagerado quanto à redução dos danos de imagem sofridos por Saul Klein a partir de uma reportagem do portal UOL, do Grupo Folha de S. Paulo, seguido de publicação na coluna de Mônica Bergamo, que antecedeu a 14 minutos devastadores do Fantástico, da Rede Globo.  

As apurações do Judiciário e da Polícia Civil vão caracterizar um processo insidioso em que se associaram a sede de espetacularização da mídia e a ganância financeira de mulheres que, de acompanhantes de Saul Klein, chamado de namorador de Alphaville, se tornaram pobres estupradas.  

Sugar daddy   

Quem definiu com precisão a relação de Saul Klein com as mulheres é o advogado André Boiani: 

 O círculo íntimo de convivência do senhor Saul Klein sabe, há muitos anos, de seu profundo apreço pela companhia de mulheres jovens e atraentes, e do prazer que ele sente por habitualmente exercer o papel de sugar daddy de todas elas. É claro que ele não faz alarde quanto a isso a fim de evitar o julgamento moral da sociedade, mas ele é, sim, adepto dessa lícita prática. Aos 67 anos de idade, ele já foi casado e tem um filho. Separado há muitos anos, não pode ser alvo de qualquer tipo de reprovação pelo que faz ou deixa de fazer no exercício regular de sua liberdade sexual. Em termos simples, sugar daddy é o indivíduo rico que se satisfaz por suprir de maneira habitual e ostensiva as necessidades e os caprichos materiais de mulheres que se apresentam como sugar babies. O contrato inicial entre daddies e babies se dá das mais variadas formas: por apresentação de amigos, por indicação de outros participantes desse hábito social, por agenciamento e até mesmo por exposição de perfis em websites especialmente dedicados ao tema.   

Mais sugar daddy 

 A relação que se estabelece entre daddy e baby nem sempre envolve encontros sexuais, mas pode evoluir para isso se ambos concordarem, e claramente não se confunde com prostituição ou como a exploração sexual porque não consiste na troca de sexo por dinheiro ou na exigência de favores físicos mediante coação ou privação de liberdade. Na realidade, os envolvidos nesse tipo de relacionamento mantêm laços afetivos importantes, embora temperados pela fantasia de dependência recíproca que os move e qualificados pela liberdade que caracteriza a relação. Juntos eles frequentam eventos, compartilham experiências e, muitas vezes, mantêm relações sexuais.



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