Imagine uma entrevista com o Maníaco do Parque sem que se colocasse uma frase sequer sobre seus desvios psiquiátricos.
É possível acreditar que o Bandido da Luz Vermelha, que virou filme, ganhasse a manchete de uma publicação qualquer em entrevista em que se falasse de tudo, inclusive de seus prazeres culinários, sem que se explicasse o próprio apelido?
Como supor que o presidente afastado do Corinthians, Alberto Dualib, conceda uma entrevista e não lhe sejam perguntadas questões relativas à MSI do russo Boris Berezovsky?
São tantas as situações que se apresentam compulsórias em qualquer tipo de reportagem ou de construção do perfil do entrevistado que acreditar que se possa subverter a ordem natural das coisas e simplesmente omitir informações soa estranho, para não dizer preocupante.
O que quero saber com a ingenuidade dos idiotas é por que o empresário Sérgio De Nadai (que alguns confundem equivocadamente com empreendedor, que é outra coisa) deu um salto na história de sucesso da empresa fabricante de marmitas para presídios, e sequer mencionou os contratos mais que vantajosos, privilegiadíssimos, com o governo do Estado, a partir de Luiz Antonio Fleury Filho.
Sim, Sérgio De Nadai repassou para a revista “Jardim”, numa entrevista sob a sugestiva âncora editorial de “Os donos do próprio nariz” (e haja nariz!!!), a trajetória da De Nadai criada pelo pai, Armando, e a mãe, Elza, e, estranhamente, omitiu a temporada longa e farta de relacionamento com o governo do Estado e com o sistema presidiário, essa caixa-preta que a Assembléia Legislativa insiste em não abrir.
Por que Sérgio De Nadai não fala sobre os presídios?
Só esconde informação quem tem medo da verdade, ou no caso de Sérgio De Nadai estamos todos enganados e os contratos que mantém com o setor público lhe são tão desvantajosos que não vale a pena mencioná-los?
Será que Sérgio De Nadai fica constrangido em citar mesmo que de passagem os contratos com o governo do Estado porque são negócios que comprometem o desempenho da De Nadai Marmitas?
Chego à conclusão, se de fato Sérgio De Nadai for vítima do governo do Estado, que, ao lançar o movimento “Cansei”, João Dória Júnior, seu amigo particular, promoveu um gesto de justa solidariedade por conta dos maus-tratos que o empresário recebe de um governo estadual que tanto adula.
E que, portanto, todos estávamos enganados quando imaginamos que se tratasse de desdobramento da queda do avião da TAM, cujo apressamento da mídia manipuladora colocou a bomba no colo do governo federal, responsável pelo caos aéreo, sem dúvida, mas não pela gulodice da companhia aérea.
De qualquer forma, seja por constrangimento por tanto privilégio ao longo dos anos ou por sentir-se discriminado com uma conta pública que compromete as finanças a ponto de sequer mencioná-la numa reportagem de cunho histórico, Sérgio De Nadai teve motivos de sobra para a omissão da raiz da frondosa árvore empresarial.
Possivelmente Sérgio De Nadai merece um título condecorativo de protetor dos prisioneiros do Estado de São Paulo porque lhes fornece comida em marmita à custa de muitos prejuízos financeiros.
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29/11/2024 TRÊS MULHERES CONTRA PAULINHO